Eleições 2018 - a crise também é ambiental
Publicado: 27 Julho, 2018 - 11h25
Após mais de dois anos de golpe, a corrida eleitoral no Brasil se inicia em condições longe de serem normais. Não é possível falar em eleições sem exigirmos a garantia de que as mesmas aconteçam de forma livre, democrática e com participação de todos os candidatos.
As eleições de 2018 ocorrem num contexto de crise que evidencia cada vez mais as contradições do atual modelo de desenvolvimento presente no Brasil. Discutir o futuro do país na atual conjuntura pode parecer ilusório ou distante, mas é agora o momento de apontar quais caminhos devemos seguir. Para sairmos da crise precisamos de um modelo justo e sustentável que combata a pobreza e a desigualdade agudizada pelo golpe e as políticas de austeridade.
A transversalidade da pauta ambiental não pode ser mais ignorada nos planos de governo. A transição para uma economia de baixo carbono é urgente e a sua efetividade depende de uma política construída com ampla participação da sociedade em questões-chave como a matriz energética, a gestão de nossas águas, a infraestrutura de transporte, e as diretrizes para produção industrial e de alimentos.
O agronegócio vem influenciando a regulamentação ambiental para produzir mais commodities que não alimentam a população, mas que envenenam e fazem adoecer aqueles que as produzem e quem as consome. A gestão das cidades prioriza o transporte individual em detrimento do transporte coletivo para beneficiar setores econômicos. A privatização de serviços públicos como de água e saneamento é seguida do aumento de tarifas, da piora de qualidade e da precarização dos trabalhadores. Estes são apenas alguns reflexos de um sistema que tende à falência e produz exclusão. As consequências desse modelo insustentável são cada vez mais evidentes no nosso cotidiano, indiferentemente do local seja este no campo, na floresta ou na cidade.
A crise em relação aos preços dos combustíveis levantou um alerta ainda que tardio sobre um desses eixos - a insustentabilidade do atual modelo de transporte liderado por combustíveis fósseis - mas também colocou no centro do debate que só a gestão pública da Petrobras, com participação popular, consegue estruturar e orientar uma política com vistas a uma sociedade do futuro, liderando o investimento num modelo de transição para economia de baixo carbono, com tecnologia nacional, gerando empregos e garantindo benefícios para a população com o uso dos recursos para saúde e educação.
Nessa configuração também é decisivo que o Estado deixe de ser conivente com as transnacionais e empresas que violam direitos humanos e as garantias à saúde e ao meio ambiente, tendo como justificativa a movimentação da economia do país. Esta tem sido uma característica presente nesse setor como se mostrou no maior crime socioambiental do história do país, ocorrido em Mariana, cujas famílias e atingidos ainda não tiveram reparação, mesmo depois de dois anos do acontecimento.
Hoje é o dia mundial do meio ambiente. Dia de refletir sobre o futuro e debater como vamos desenvolver uma economia de baixo carbono e sustentável. As atividades econômicas, que hoje são poluidoras, precisam ser transformadas integrando trabalhadores e trabalhadoras desses setores, comunidades e também com aqueles que já constroem alternativas através da agroecologia, da luta pela remunicipalização de serviços públicos e propõem uma democracia energética.