18 de agosto: Indicativo de Greve Nacional dos Correios em defesa de direitos
Mais uma vez, Governo Bolsonaro ‘se aproveita’ da pandemia para destruir direitos trabalhistas. Sindicatos se mobilizam para deflagrar Greve dos Correios
Publicado: 04 Agosto, 2020 - 16h51 | Última modificação: 04 Agosto, 2020 - 17h10
Escrito por: Iracema Corso
Em plena pandemia da Covid-19 – na qual trabalhadores dos Correios de todo o Brasil estão nas ruas trabalhando, adoecendo, contaminando familiares, muitos já perderam até a própria vida, o presidente da empresa dos Correios, o general Floriano Peixoto decidiu derrubar 70 cláusulas do Acordo Coletivo dos trabalhadores que só venceria em 2021. A reação do movimento sindical nacional foi imediata na construção de uma greve nacional que está prevista para ser deflagrada no dia 18 de agosto.
Hoje à noite, terça-feira (4/8), a partir das 19h, o SINTECT/SE (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Sergipe) chama todos os filiados para assembleia geral com o objetivo de decidir e discutir sobre a greve nacional do dia 18 de agosto. Em todo o País, sindicatos de trabalhadores dos Correios estão dialogando com sua base para a construção de uma grande greve nacional.
Secretário geral do SINTECT/SE e diretor de Cultura da CUT/SE, Jean Marcel avalia que ano de pandemia internacional não é o momento de derrubar acordo coletivo e iniciar nova negociação. “Estamos indo pra luta por pura intransigência da empresa dos Correios em conluio com o STF. Em tempos de pandemia não é hora de se negociar retirada de direitos dos trabalhadores, pois os Correios realizam um serviço essencial”, criticou.
O dirigente sindical Jean Marcel explicou que no ano passado o movimento foi ao dissídio na negociação do acordo coletivo e conquistou junto ao TST uma Sentença Normativa com vigência de 24 meses, ou seja, até 2021. A empresa dos Correios recorreu ao STF e com uma canetada do ministro Toffoly o Supremo derrubou as conquistas dos trabalhadores: aumentou o plano de saúde e mudou a vigência do acordo coletivo para 31 de julho de 2020. Por isso, desde o mês passado o movimento sindical tenta negociar.
“A empresa dos Correios está intransigente. Colocou na mesa uma proposta apenas de retirada de direitos. Quer acabar com 70 cláusulas do nosso acordo coletivo. Eles não querem negociar”, resumiu Jean Marcel.
LUCRO NA PANDEMIA
Segundo Jean Marcel, a empresa dos Correios vem obtendo um crescimento econômico de mais de 25% em plena pandemia, devido ao isolamento social. “Por isso não faz sentido o ministro Toffoly derrubar o acordo coletivo dos trabalhadores sob a justificativa de que representa um volume alto de dinheiro para a empresa. Os Correios estão lucrando na pandemia, conquistaram superávit financeiro à custa de trabalhadores contaminados e mortos por Covid-19. A empresa nem sequer age com transparência para divulgar quantos trabalhadores dos Correios já foram mortos por Covid em todo o Brasil. E agora querem cortar parte da nossa remuneração e direitos”.
Floriano Peixoto, presidente dos Correios, afirmou que os trabalhadores da empresa ‘têm muitos benefícios acima de lei’. Sobre esta declaração, o dirigente do SINTECT/SE respondeu: “não somos uma classe de privilegiados porque recebemos tíquete de alimentação. A gente não recebe auxílio paletó, nem auxílio gravata, nem passagem de avião, nem apartamento funcional... Nosso salário é rebaixado, na média de R$ 2mil, muito pouco para o serviço essencial que realizamos, ainda mais sob os riscos que enfrentamos”.
Para o Jean Marcel as palavras de Peixoto combinam com uma campanha difamatória contra os Correios cujo objetivo é facilitar a privatização. “Tem muita falácia e inverdades circulando sobre o nosso trabalho, sabemos que querem fomentar a privatização, sucatear a empresa. É preciso demitir muita gente para piorar o serviço e facilitar a venda da empresa. Este é o plano do ministro Paulo Guedes que não tem nenhum compromisso com o Brasil, o compromisso dele é apenas com os empresários”, criticou.
O sindicalista explicou que em várias negociações melhorias no salário foram trocadas por uma proposta de tíquete de alimentação, pelo Plano de Saúde, por adicional de incentivo à cultura. “Negociamos para que os trabalhadores, mesmo com remuneração rebaixada tivessem garantido alimentação, saúde e cultura. Agora querem nos tirar tudo que conquistamos e desmerecer nosso esforço diário de trabalho com campanhas de difamação. Não aceitaremos”, afirmou Jean Marcel.