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30º Grito dos Excluídos e Excluídas luta contra a desigualdade e por justiça social

Novamente o governador Fábio Mitidieri fugiu do protesto dos movimentos sociais e do movimento sindical de Sergipe

Publicado: 09 Setembro, 2024 - 11h24 | Última modificação: 09 Setembro, 2024 - 11h43

Escrito por: Iracema Corso

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Com 30 anos de luta popular, o Grito dos Excluídos e das Excluídas levou a luta por justiça social no Brasil para o desfile de 7 de setembro em todas as capitais brasileiras.

De forma antidemocrática e avessa à manifestação popular, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, novamente fugiu da manifestação do 30º Grito dos Excluídos e das Excluídas que reuniu protestos do movimento sindical e dos movimentos sociais do estado de Sergipe.

Houve tensão na entrada do Grito dos Excluídos no desfile do 7 de setembro devido ao atraso na apresentação das escolas. Com união dos movimentos sociais e movimento sindical, a resistência foi vencida e o Grito adentrou com força total na Avenida Barão de Maruim.

A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Caroline Rejane Santos, ressaltou que o dia 7 de setembro não pode ser apenas uma comemoração da independência e criticou o poder do capital financeiro comandando a miséria nacional, promovendo mais desigualdade social e atrapalhando a geração de emprego e renda no Brasil.

Neste ano, o mote do 30º Grito dos Excluídos e das Excluídas é “Todas as vidas importam, mas quem se importa?”. “Questionamos os governantes da esfera estadual, municipal e federal: quais ações estão sendo tomadas para que a desigualdade no nosso País diminua? Lutamos para que as mudanças climáticas e a questão do meio ambiente sejam levadas a sério porque nós só temos um planeta para viver e a gente precisa cuidar da “casa em que a gente mora”, destacou a vice-presidenta da CUT/SE.

Caroline Rejane alertou que a ganância capitalista é tão destrutiva que está acabando com o planeta, por isso é preciso de ação efetiva no Brasil e no mundo para intervir neste cenário de mudanças climáticas.

O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, acrescentou que o dia 7 de setembro é dia de lutar para que a população em situação de rua tenha direitos e políticas públicas; por reforma agrária, por moradia popular, por condições de trabalho, pelo direito à água. “De forma brutal, a população de Sergipe foi violentada no seu direito à água porque o governo Fábio Mitidieri acaba de entregar a água do povo sergipano para a iniciativa privada, o que vai prejudicar o povo de Sergipe num bem essencial, pois água é vida e não pode ser tratada como mercadoria”, afirmou Roberto Silva.

Religiões contra a exclusão social

Em Sergipe, o ponto de partida do 30º Grito dos Excluídos foi a Catedral Metropolitana de Aracaju onde foi construído o ato inter-religioso reunindo lideranças religiosas da Igreja Católica, de Religiões de Matriz Africana e da Igreja Protestante.

“Falar sobre o social é algo que perpassa todo o nosso povo, todas as religiões, todo o movimento sindical e os movimentos sociais. Todos somos convidados a participar deste momento e deste movimento”, declarou Irenir Jesus, coordenadora do Grito dos Excluídos e das Excluídas.

Durante o ato inter-religioso, todos repetiram juntos: “Vida em primeiro lugar frente a um sistema que exclui, degrada e mata. Redes de vida e solidariedade vencem as forças da morte. Refaz nossa vida, senhor, para que produzamos mais frutos. Perdão, senhor, quando fiquei na passividade diante de situações injustas. Quando o cansaço nos dominou deixando de semear o amor solidário”.

O pastor Alisson da Igreja Batista falou que: “há muitas vidas ainda para serem libertas como escreveu São Marcos, é ele que fez os surdos ouvirem, os mudos falarem, os cegos enxergarem; neste sentido, ainda estamos aqui. Enquanto houverem vidas oprimidas, aqueles e aquelas que todos os dias tombam, os que sofrem por racismos, as lgtbfobias, aqueles sem trabalho, quando o trabalho é visto como uma mera liberalidade, mas há muitas vidas que dizem que o trabalho é um direito de todas as pessoas”.

O Babalorixá Rafael criticou o preconceito e a perseguição que ainda existe contra as pessoas que cultuam religiões de matriz africana. “Sofremos intolerância, muitas Casas de Axé são perseguidas. O povo do Candomblé tem direitos. O povo de Candomblé vive. Temos direito a sermos tratados como todos os demais. Temos muito o que fazer ainda pelo nosso povo negro. Então temos que lutar, botar a cara na mídia. Não seremos mais excluídos”.

Após o ato inter-religioso, o som do Descidão dos Quilombolas reuniu a população em caminhada pelas ruas do Centro de Aracaju levando arte cultura afro-brasileira, beleza e força para a caminhada do 30º Grito dos Excluídos e das Excluídas no estado de Sergipe.