Escrito por: Iracema Corso
Protesto em frente ao STF é interrompido pela segurança que fere o direito constitucional de livre manifestação, garantido a todo cidadão brasileiro
Agricultora de Poço Redondo, Sergipe, e militante nacional do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Rafaela Alves iniciou na tarde desta terça-feira, dia 31 de julho, greve de fome junto a mais seis militantes sociais – o frei franciscano Sérgio Görgen, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Jaime Amorim (Pernambuco), Zonália Santos (Rondônia) e Vilmar Pacífico (Paraná); e Luiz Gonzaga Silva, o Gegê (Paraíba), da Central de Movimentos Populares. Os seis manifestantes só sairão da Greve de Fome quando o ex-presidente Lula estiver em liberdade.
A Greve de Fome foi deflagrada durante ato público realizado na porta do STF. “O massacre, a injustiça, a destruição da Constituição é executada por gente que tem nome e sobrenome. São os donos da Rede Globo e estão nos tribunais em Curitiba e Porto Alegre, são responsáveis, portanto, estes também pelo que acontecer com qualquer companheiro ou companheira grevista que a partir de hoje entram nesta greve de fome”, foram as palavras de Rafaela Alves que leu um trecho do manifesto denunciando o sofrimento dos brasileiros desde o golpe contra a democracia.
Em entrevista à TV 247, o Frei Sérgio destacou que não é possível aceitar passivamente à destruição do Brasil desde o golpe contra a democracia. “A Constituição não é deles, é do povo. A Greve de Fome é um instrumento legítimo de luta para chamar a atenção dos seis ministros e também dos que provocaram esta prisão política, o juiz Moro, a família Marinho, são essas pessoas que serão responsabilizadas pelo que acontecer conosco. Não somos suicidas, esta greve de fome é uma decisão política e social. Nenhum partido político me faria passar por fome por dias e dias seguidos. O que me leva a entrar nesta greve de fome é o sofrimento do povo. Se eles forem indiferentes à nossa greve de fome eles estarão sendo indiferentes aos desempregados, indígenas, às crianças que estão morrendo de fome, à mortalidade infantil que voltou no país, às epidemias que voltaram... Eles podem nos provocar problemas de saúde gravíssimos, mas eles tem que saber que estão provocando problemas de saúde muito mais graves à imensa maioria do povo brasileiro”.
MANIFESTAÇÃO INTERROMPIDA
A manifestação foi interrompida pela guarda do STF que chegou a empurrar os manifestantes das escadas do Tribunal, obrigando todos a saírem do local, agindo de forma truculenta e ferindo o direito constitucional à livre manifestação.
A reação da guarda não intimidou os manifestantes, que seguem em Greve de Fome e todos os dias ocuparão as portas do STF para denunciar os retrocessos sociais no Brasil, o sofrimento dos brasileiros e a atuação do Poder Judiciário no caso, exigindo a liberdade do ex-presidente Lula, mantido preso político desde 7 de abril, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Leia a íntegra do manifesto:
Nós, militantes dos movimentos populares do campo e da cidade, ingressamos conscientemente na “Greve de Fome por Justiça no STF”, iniciada no dia 31 de Julho de 2018 em Brasília, por tempo indeterminado.
Nossa opção por esse gesto extremo de luta decorre da situação extrema na qual se encontra nossa Nação, com a fome e as epidemias retornando e o desemprego desgraçando a vida de nosso povo.
O que motiva nossa decisão é a dor e o sofrimento dos brasileiros e brasileiras.
Nossa determinação nasce também pelo fato de que o Poder Judiciário viola a Constituição e impede o povo de escolher pelo voto, soberanamente, o seu Presidente e o futuro do país.
Com informações da CUT Brasil