Escrito por: Iracema Corso
O Bloco Siri na Lata denunciou o machismo em Sergipe no Dia Internacional da Mulher
No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a luta feminista tomou conta das ruas do Centro de Aracaju no ato ‘Pela vida das mulheres: contra a fome e todas as violências! Pelo fim da escala 6x1 e por justiça reprodutiva! Prisão para todos os golpistas’.
O ato do 8 de março foi construído por coletivos feministas, o movimento sindical e movimentos sociais que compõe o Fórum Estadual de Mulheres de Sergipe.
A luta em defesa da democracia e pela prisão de Bolsonaro e de todos que participaram da tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023 fez parte da pauta feminista neste ato do 8 de março. “Exigimos a prisão de todos que participaram, planejaram e financiaram a tentativa de golpe. A democracia é fundamental para a garantia de todos os direitos. É através da democracia que avançamos na luta por políticas públicas e contra a violência machista, por isso é tão importante defendê-la", afirmou a vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe), Caroline Santos.
Toda a classe trabalhadora participou do ato político e cultural do 8 de março que, neste ano foi a data que o bloco Siri na Lata da CUT/SE ocupou as ruas de Aracaju. Além da banda de frevo, teve percussão feminina e apresentação musical do Baque Mulher, uma manifestação artística que expressa a união, beleza e força da mulher na luta contra o machismo.
À frente da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT/SE, Adenilde Dantas reforçou que o patriarcado subjulga o valor do trabalho feminino impondo remuneração desigual para homens e mulheres que exercem a mesma função. “Precisamos superar esta cultura machista que gera impacto direto em toda a violência que é praticada contra as mulheres no estado de Sergipe”, declarou Adenilde.
Violência Machista
O cenário de violência machista no Estado de Sergipe é alarmante. No ano de 2023, a violência contra a mulher em Sergipe registrou 15.794 crimes de maus-tratos, violação de domicílio, sequestro e cárcere privado, estupro, lesão corporal, dano, ameaça, furto, importunação sexual, estupro de vulnerável, dano, ameaça, perseguição (stalking), entre outros tipos de violência contra a mulher. Em 2024, a violência contra a mulher em Sergipe aumentou para 16.516 casos em que foram aplicados a Lei Maria da Penha.
Neste contexto de violência machista no estado de Sergipe, no ano de 2023, o Comitê Estadual de Prevenção de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal registrou 194 partos em meninas com idades entre 10 e 14 anos, um fato preocupante que exige atenção e políticas públicas de proteção às meninas e adolescentes de Sergipe.
Além disso, o descumprimento de medidas protetivas de urgência saltou de 677 casos em 2023 para 950 casos em 2024. A ocorrência de medidas protetivas também aumentou de 5.311 casos em 2023 para 6.559 casos em 2024.
Fome, falta de creches, mortalidade infantil elevada
A insegurança alimentar está presente em 49,2% dos domicílios sergipanos (30,4% leve; 13,1% moderada; 5,6% grave). O indicativo de fome é superior à média nacional de 27% e superior ao índice de insegurança alimentar na Região Nordeste que é de 38,8%.
Em Sergipe, a taxa de mortalidade infantil também é acima da média nacional e regional o que aponta para a necessidade de cobertura da Atenção Primária à Saúde.
A população em situação de pobreza (e extrema pobreza) chega a representar 54,5% da população revelando um ciclo vicioso de miséria, desemprego, exploração das força de trabalho feminina e falta de perspectiva para gerações futuras.
Desta forma, o ato do 8 de março neste ano também lutou pelo fim da jornada de trabalho 6x1, pela universalização do direito a creches e à educação básica. Essas são pautas importantes para a mulher trabalhadora que cumpre uma jornada exaustiva de trabalho mal remunerado fora de casa e no ambiente doméstico. A escala 6x1 afeta principalmente as mulheres num cenário em que ainda não existe a divisão igualitária das tarefas domésticas e cuidados.
Com dados publicados na Mangue Jornalismo