Escrito por: Adriana Delorenzo, Revista Fórum

As mulheres da Praça Tahrir

A Praça Tahrir, principal palco da ‘revolução’ do Egito, foi de novo ocupada por manifestantes nesta terça-feira, 22. Nada comparado à quantidade de gente dos 18 dias de protestos que derrubaram Mubarak, mas isso não significa dizer que havia...

A Praa Tahrir, principal palco da revoluo do Egito, foi de novo ocupada por manifestantes nesta tera-feira, 22. Nada comparado quantidade de gente dos 18 dias de protestos que derrubaram Mubarak, mas isso no significa dizer que havia pouca gente por l. E hoje, como em todos os outros dias, segundo os manifestantes, havia muitas mulheres na Praa.
A maioria delas usa hijab ou niqab. O primeiro um vu que cobre apenas a cabea e usado em diferentes cores, estampas e modelos. J com o segundo, s possvel ver os olhos da mulher. Poucas so as que no usam um dos dois. Mas com ou sem vu, as mulheres se revezam com os homens no grito das palavras de ordem e nos discursos.Mubarak caiu, mas no significa que o sistema mudou, por isso estamos aqui, diz Nour Kamel, publicitria de 23 anos. Hoje tambm estou aqui para apoiar o povo da Lbia.
O dia 25 de janeiro foi o primeiro protesto na vida de Nour, desde ento ela est participando das manifestaes. Ela contou que ficou sabendo do movimento pelo Facebook e decidiu ir. No primeiro dia que eu vim, minha famlia ficou muito preocupada, afirma.
Mas ela diz que, apesar dos confrontos com a polcia, quem estava na Praa era muito solidrio e colaborativo. As pessoas aprendiam e ensinavam umas com as outras, estavam lutando pelo que realmente queriam. Sobre a participao feminina, explica que no viu qualquer tipo agresso ou violncia sexual. Diz ainda que em todas as manifestaes esteve sozinha e que sempre foi tratada com respeito.
J a egpcia Marwa Mohamed , 27 anos, estava na Praa pela primeira vez hoje. Ela mora perto do local e viu todo o movimento pela janela da sua casa. Queremos democracia e liberdade, no s no Egito, mas na Lbia, Iraque, em todos os pases rabes, diz ela. Vi muitas pessoas morrerem da janela do meu apartamento, na frente dos meus olhos, chorei muito".
Os egpcios estimam que 300 pessoas tenham sido mortas devido represso policial. Na Praa Tahrir, muitos cartazes homenageiam esses ativistas. Quase todos jovens. E no s homens, tambm mulheres.
Mohamed, um senhor que estava na praa nesta tera-feira, contou que se engajou no movimento no dia 28. Quem veio primeiro foi minha filha, no dia 25 de janeiro. Ela viu no Facebook e veio. Ficava ligando o tempo todo para saber se ela estava bem. Tenho maior orgulho dela, diz ele.