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Atenção, trabalhadora doméstica: sindicato alerta contra abusos na pandemia

Publicado: 03 Agosto, 2020 - 16h12 | Última modificação: 03 Agosto, 2020 - 16h45

Escrito por: Iracema Corso

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Ao longo dos 4 meses de pandemia da Covid-19, as trabalhadoras domésticas têm enfrentado desemprego, adoecimento, assédio e até alguns casos de cárcere privado.

A vice-presidente do Sindoméstica/SE, Quitéria Santos, explicou que o desemprego de trabalhadoras domésticas está muito alto e, neste cenário, os patrões acabam impondo exigências ilegais sob a chantagem da demissão. A orientação do sindicato é que as trabalhadoras exijam o cumprimento da jornada e denunciem os casos de abuso ou qualquer tentativa de cárcere privado ao Sindoméstica/SE.

Em reportagem especial, o jornal O Globo relatou vários casos em todo o Brasil de trabalhadoras domésticas que ficaram presas nas residências de seus patrões por até 3 meses sem ver seus familiares. Acesse o link e confira a matéria completa do jornal O Globo.

Em Sergipe também houve caso de cárcere privado. A trabalhadora ficou mais de um mês sem poder voltar para a casa. “As pessoas justificam que tem filhos pequenos, mas ninguém pensa se a família da trabalhadora domestica tem filho pequeno, gente idosa, gente doente em casa... No geral, sabemos que em todo o Brasil a maioria dos casos não é denunciada porque as trabalhadoras aceitam os abusos até o seu limite para não ficar sem emprego”.

Segundo Quitéria, além do desemprego, as trabalhadoras também enfrentam redução de jornada com redução salarial. “Todo dia recebemos no sindicato acordos para reduzir jornada de trabalhão e reduzir o salário. Isso é o caos para as trabalhadoras domésticas, muitas sustentam suas famílias. Além disso, o trabalho não diminui com a redução da jornada. A trabalhadora vai 3 dias na casa dos patrões e faz o serviço doméstico da semana toda”, explicou a dirigente sindical.

As propostas do Governo federal de congelar e reduzir a remuneração dos servidores públicos só piora a situação da trabalhadora doméstica. “Muitos desistem de manter uma trabalhadora em casa porque tiveram redução salarial. Quando a situação aperta, eles cortam a trabalhadora doméstica. Ou seja, é uma medida que só pode piora a situação difícil que estamos enfrentando”, destacou.

Diante do cenário da Covid-19 que não para de crescer no Brasil, o movimento sindical de trabalhadoras domésticas luta pela devida higienização do transporte coletivo, além de medidas administrativas que garantam o distanciamento dentro do ônibus, limite de passageiros, exigência de uso da máscara para entrar nos ônibus e terminais, além da medição de temperatura.

“Em outros estados, a gente vê algumas medidas de cuidado sendo adotadas para proteger quem circula no transporte público. Mas aqui não vimos nada até agora. A trabalhadora que circula de ônibus precisa de teste pra Covid. Sem os exames e sem medidas de proteção, muitas vão adoecer e propagar o vírus sem saber”, revelou Quitéria.

O Sindoméstica/SE continua orientando as diaristas e trabalhadoras domésticas quanto ao uso de máscara no trabalho, a higienização das mãos e o distanciamento social. “Quando tem alguma pessoa contaminada na casa, é preciso que a diarista ou trabalhadora doméstica seja avisada. Ela precisa saber que está sob risco de se contaminar e ainda de levar o vírus para seus familiares em casa”, acrescentou.

Doações
Desde o início da pandemia, o Sindoméstica/SE vem arrecadando doações de alimentos não perecíveis, máscaras e doações em espécie. As trabalhadoras desempregadas que estão passando por privações em suas casas buscam o apoio do sindicato que, na medida de suas possibilidades, tem doado cestas básicas. 

Quem quiser e puder ajudar, a doação de mantimentos pode ser feita na sede do Sindicato das Domésticas, na Rua Propriá, 386, Centro (com agendamento pelo telefone 79-9994-9414). As doações em dinheiro podem ser feitas na Caixa Econômica, conta poupança: 902133-0, agência 059, operação 013, CNPJ: 32858623/0001-96, titular: Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Estado de Sergipe.