Ato cobra verdade e punição nos 60 anos da Ditadura Militar no Brasil
Publicado: 02 Abril, 2024 - 15h57 | Última modificação: 02 Abril, 2024 - 16h28
Escrito por: CUT Sergipe
Protesto de Desagravo pelos 60 anos do golpe ditatorial que instituiu a Ditadura Militar levou reflexão e debate para as ruas do Centro de Aracaju na manhã da segunda-feira, dia 1º de abril. As lembranças deste passado sombrio da história do Brasil são importantes para que essa história não seja falseada nem esquecida, pois é assim que os golpes se repetem.
A representação da tortura do pau de arara – muito comum nos porões da Ditadura Militar – foi levada para a manifestação com o objetivo de trazer a verdade à tona. Também foram exibidas fotos do estudante assassinado pela Ditadura Militar Edson Luiz; imagens de Carlos Marighela e do jornalista torturado e assassinado pela Ditadura Militar, Vladimir Herzog, então presidente da TV Cultura.
Preso político por três vezes, sobrevivente das torturas e do horror da Ditadura Militar no Brasil, Marcélio Bonfim participou do protesto e contou que a Operação Cajueiro, no 28 BC, em Sergipe, no ano de 1973, foi a prisão mais violenta que sofreu.
“Entre os 26 presos, apenas 13 estamos vivos. O companheiro Goisinho ficou cego. Das outras vezes que fui preso, entrei pela porta da frente na prisão. Na Operação Cajueiro fomos encapuzados e entramos pelos fundos do 28 BC para que ninguém soubesse que estávamos ali. Toda essa história precisa ser contada, nossos torturadores estão soltos e ocupando cargos públicos em Sergipe. A população sergipana precisa saber das torturas covardes praticadas por quem lutava em defesa da democracia”, afirmou Marcélio Bonfim.
Depois dos crimes praticados, criminosos e cúmplices querem apagar a história, mas as famílias cobram e querem saber a verdade pelos 1000 mortos e desaparecidos da Ditadura Militar de 1964.
“O governo de Sergipe precisa imprimir o relatório da Comissão da Verdade porque a história da Ditadura Militar não pode continuar enterrada. O papel do Comitê Justiça e Verdade é fazer a exumação da história e da memória para que as novas gerações tomem conhecimento dos companheiros que foram assassinados, dos companheiros que morreram, todo este horror precisa ser conhecido pela sociedade brasileira”, reforçou Marcélio Bonfim.
Desculpa fajuta de combater a corrupção
Sem conhecer a história, o povo brasileiro corre sério risco de cair novamente na mesma armadilha. Assim, com essa mesma farsa de combate à corrupção, no ano de 2016, a presidenta Dilma, ex-presa política, torturada na Ditadura Militar e que lutou pela democracia brasileira, foi retirada da presidência do Brasil sem ter praticado nenhum crime, foi vítima de campanha difamatória, machista, conservadora para dar sustentação ao golpe.
No ato, o dirigente da CUT/Sergipe, o professor Dudu lembrou que o golpe da ditadura militar usou o argumento do combate à corrupção, no entanto, a Ditadura Militar foi corrupta e aumentou a desigualdade no Brasil tornando os pobres mais pobres e aumentando a concentração de riqueza nas mãos de poucos. “A Ditadura foi militar, mas ela foi planejada por empresários, banqueiros, as montadoras de carro neste país...”, declarou Dudu.
O advogado Durval, do Levante Popular da Juventude, afirmou durante o protesto que os Estados Unidos impulsionaram o golpe e os generais que aderiram receberam fazendas e malotes cheios de dólares. “Os militares deram um golpe em 1964 no Brasil porque eram uns vendidos para os Estados Unidos. Não existia uma tentativa de insurreição neste país”, declarou Dudu do Levante.
8 de Janeiro de 2023
O presidente da CUT Sergipe, Roberto Silva ressaltou que assim como os crimes da ditadura de 1964 no Brasil precisam ser punidos, a tentativa fracassada de golpe contra a democracia no dia 8 de janeiro de 2023 não pode ficar impune.
Roberto Silva lembrou que no dia 8 de janeiro o que aconteceu no Brasil foi um ataque à democracia através da invasão e depredação da sede das instituições democráticas. Um ataque orquestrado por golpistas que não aceitaram o resultado das urnas e que não respeitam a vontade da maioria do povo brasileiro.
“A CUT participa deste ato para pedir punição contra os golpistas de 1964 e contra os golpistas de 2023. Não podemos aceitar que fique impune nenhum criminoso ou criminosa que atentou contra as liberdades democráticas no Brasil. A Ditadura de 1964 serviu aos interesses do capital estrangeiro e atacou de morte as brasileiras e brasileiros. Essa história precisa ser contada. A reconquista da democracia custou vidas. É preciso defender a democracia.
Forças Armadas Fora do Governo
A vice-presidenta da CUT Sergipe, Caroline Santos, lembrou que o governo Bolsonaro foi marcado pela presença de militares e o resultado para a população foi o pior possível com mais de 600 mil mortos da Covid; o Brasil de volta para o mapa da fome; a venda da Eletrobrás atentando contra a soberania nacional e destruindo o patrimônio brasileiro; sem falar dos leilões da Petrobrás, a destruição do serviço público, da saúde, educação e assistência social.
“O papel das Forças Armadas é fazer a defesa do País. Não é estar em Governo, em Ministério, na Receita Federal, não é estar no Ministério da Saúde, não é estar no Ministério da Cultura, não é pra tá nas escolas! Esse não é o papel das Forças Armadas. Por isso defendemos a democracia. Sempre defendemos a democracia. E é preciso de punição para quem tentou dar um golpe na democracia”, declarou Caroline Santos.
O ato contou com a presença de trabalhadoras/es organizadas/os no SINTESE, SINDISCOSE, SINDISAN, SINDIJOR, SINDOMESTICO, CUT, ADUFS, CTB, Sindiserve Poço Verde, SINDIFISCO, MOTU, Levante Popular da Juventude, Comunidade Bom Pastor, Mangue Jornalismo, Consulta Popular, Mandato da vereadora Sônia Meire e deputada estadual Linda Brasil.
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