Escrito por: Iracema Corso

Ato da saúde conquista reunião com secretária e fortalece luta por valorização

Pela valorização dos profissionais de saúde, o movimento sindical e social amanheceu na porta da Secretaria de Estado da Saúde, em Aracaju, na manhã desta terça-feira, dia 1º de setembro, para reivindicar valorização salarial, melhoria das condições de trabalho e mais proteção contra a Covid-19, diante da abertura das atividades econômicas.

Já são 5 meses de enfrentamento à Covid 19 e os trabalhadores da saúde de Sergipe cobram, entre outros direitos, o adicional de 40% de insalubridade que até agora não estão recebendo.

Com ampla cobertura dos meios de comunicação de Sergipe e boa participação dos sindicatos de trabalhadores da saúde, lideranças sindicais avaliaram que o protesto foi vitorioso pelo acúmulo de força política e porque a secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, pela primeira vez, recebeu a comissão de trabalhadores.

Além do diálogo travado com a secretária de Saúde junto à superintendente executiva da SES, Adriana Menezes e o coordenador de RH da SES, Gabriel Santana, já ficou marcada a próxima reunião para o dia 22 de setembro, que vai contar com a presença de um representante de cada entidade sindical.

A reunião avançou com a exposição da seguinte pauta de reivindicação da categoria: o pagamento de 40% de insalubridade para todos os trabalhadores da saúde que estão na linha de frente, na assistência e combate à Covid-19; a mudança da base de cálculo da insalubridade de salário mínimo para salário base; a retomada da discussão sobre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Fundação Hospitalar de Saúde e a garantia dos direitos resguardados no PER (Plano de Empregos e Remunerações); a retomada da mesa permanente de negociação do SUS estadual, que foi desmontada em 2014.

O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, alertou que os trabalhadores da saúde tem uma pauta emergencial. “Foi positiva essa disposição da secretária de receber representações dos trabalhadores e já marcar uma agenda para dar resposta à pauta emergencial. Os trabalhadores da saúde que tiveram suspensos os direitos à licença, férias, folgas, exatamente para tratar da população, merecem o reconhecimento do governo com a garantia desta pauta emergencial, além da retomada da mesa de negociação efetivando direitos assegurados pela legislação que ainda não estão sendo cumpridos de fato pelo governo”, observou o presidente da CUT.

Sobre a questão do adicional de 40%, a secretária de Saúde observou que o MPT já ingressou na Justiça em favor dos trabalhadores da saúde para que todos os servidores, inclusive quem atua no administrativo, receba o adicional de insalubridade devido à exposição pela Covid-19.

O dirigente do SINDASSE (Assistentes Sociais), Anselmo Menezes, assim como o presidente da CUT/SE e a dirigente do SINDINUTRISE (Nutricionista e Tecnicos em Nutrição), Mychelyne Guerreiro, observaram que a judicialização pelo MPT não impede que o Estado faça um acordo com os sindicatos em favor dos trabalhadores. “Acreditamos que a decisão na Justiça será favorável aos trabalhadores. Mas nada disso impede que o Estado resolva de antemão ao invés de esperar a Justiça resolver, já que este é um direito dos trabalhadores da saúde”, explicou Anselmo Menezes.

Antes e durante a reunião de dirigentes sindicais com a secretária de Estado da Saúde e sua equipe de trabalho, o protesto contra a desvalorização dos trabalhadores da saúde se estendeu pela manhã de sol intenso, com direito a show de forró.

Os manifestantes também fincaram cruzes pretas em frente à Secretaria Estadual de Saúde cobrando medidas de proteção contra a Covid-19, diante da abertura das atividades econômicas em Sergipe.

SUS GIGANTE
No ato, o fisioterapeuta Alysson Paulino, presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas, criticou a falácia de que são os servidores públicos da saúde que estão levando o estado à falência. “A gente não vai aceitar que nos chamem de privilegiados nem corporativistas. Não somos nós”, avisou.

O fisioterapeuta afirmou que os trabalhadores não aceitam ficar 10 anos sem recomposição salarial. “Os trabalhadores se esforçaram, entregaram suas vidas e mesmo assim não conseguiram evitar este número absurdo de mortos e contaminados por Covid-19. A população se sensibilizou com os mortos da Itália, e hoje faz pouco caso com 120 mil mortos do Brasil. Mesmo que as pessoas não se protejam, estamos fazendo nossa parte. Chegamos em casa com a saúde mental esgotada todos os dias. Essas pessoas não vão desrespeitar a gente. Vamos continuar fazendo a nossa parte, mas não vamos aceitar sermos desmoralizados. Insalubridade de 40% já e recomposição salarial já!”, discursou Alysson Paulino.

O psicólogo Edmundo Teles e dirigente do SINPSI (Psicólogos) afirmou que: “é uma honra estar nesta luta com as demais categorias na busca da merecida valorização profissional dos trabalhadores da saúde. A gente não quer gratificação, a gente não quer favor, a gente quer o que é nosso por direito”.

Antônio Joaquim, coordenador geral do SINDIPREV/SE (Trabalhadores Previdenciários), destacou a importância do SUS no combate à pandemia.

“O nosso SUS mostrou nesta pandemia que é um gigante. Se não fosse o SUS, o Brasil já tinha se ajoelhado há muito tempo ao Coronavírus. Seguimos até hoje sem ministro da Saúde porque o presidente da república ignora, menospreza, e diz nas ruas para a população agredir os profissionais da saúde. Não assume a sua responsabilidade pelos 120 mil mortos de Covid no Brasil”, criticou o dirigente do SINDIPREV/SE.

“Estes profissionais que estão na linha de frente, com a insalubridade rebaixada, se não fossem eles, o Brasil estaria hoje com um número muito maior de mortos. Quem está lutando como um gigante contra a Covid são esses profissionais da saúde. O governo insiste em não abrir um canal de diálogo com esses trabalhadores. Só existe população saudável se nós cuidarmos da saúde e isso implica em cuidar dos profissionais da saúde”, frisou Antônio Joaquim.

Dirigente do SINDINUTRISE, Mychelyne Guerreiro acrescentou: "O grande desafio da atual conjuntura é compreender que não basta enxergar os trabalhadores da saúde como heróis, e sim garantir valorização salarial, melhores condições de trabalho, respeito, apoio e dignidade. O governo estadual precisa encontrar subsídios para valorizar esses trabalhadores que tanto se dedicam pela saúde da população".