Escrito por: Iracema Corso

Bolsonaro propõe privatização dos Correios e ameaça desempregar 90 mil trabalhadores

Em Sergipe, são 700 trabalhadores dos Correios. Eles denunciam sucateamento e precarização do trabalho ao máximo para facilitar privatização

Famílias de 90 mil trabalhadores dos Correios de todo o Brasil acordaram na manhã desta quinta-feira, dia 25 de fevereiro, com a notícia de que o Governo Bolsonaro entregou no Congresso o Projeto de Lei para privatizar a empresa pública dos Correios. Ou seja: mais desemprego em todo o Brasil, além do risco da população brasileira ficar sem a cobertura dos Correios em todo o território nacional.

Hoje, a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FENTECT) publicou uma nota, diante de mais este ataque de Bolsonaro que em plena pandemia, crise social, econômica e sanitária, só pensa em privatizar e destruir as maiores empresas públicas brasileiras.

Na nota publicada, a Fentect destaca que há 358 anos os Correios prestam serviço ao povo brasileiro, é considerada pela UPU como a melhor empresa do mundo, além de oferecer preços justos e acessíveis à população.

Segundo a Fentect: “os Correios são responsáveis pela entrega de material e livro didáticos em todas as escolas da rede pública do Brasil. É a logística dos Correios que transporta as urnas eletrônicas de Norte ao Sul do país para que os brasileiros possam exercer o direito ao voto garantindo a cidadania. Também é a única empresa que consegue entregar as provas do Enem em todas as regiões em duas horas fazendo a maior e mais rápida operação logística do mundo em tão pouco tempo em um país com dimensões continentais como o Brasil”.

Contaminados e Mortos por Covid-19

O secretário geral do sindicato dos trabalhadores dos Correios em Sergipe, Jean Marcel Reimon, denunciou diversos ataques que os trabalhadores e a entidade sindical vêm sofrendo desde o início da pandemia, o que já sinalizava o interesse de Bolsonaro de privatizar os Correios.

“Os trabalhadores dos Correios estão sendo alvo de constantes ataques por parte do governo federal, que quer privatizar a empresa. Os funcionários dos Correios não pararam durante a pandemia, muitos se contaminaram e levaram o vírus para dentro de suas casas, mesmo assim o governo federal não incluiu a categoria como prioritária no acesso à vacina”, afirmou Jean Marcel.

Trabalhadores dos Correios continuaram trabalhando durante a pandemia, período em que a demanda de trabalho aumentou bastante devido às encomendas. Desta forma, muitos trabalhadores adoeceram com a Covid e a empresa deixou de divulgar o número de trabalhadores contaminados e mortos por Covid, mas o sindicato registrou que pelo menos 200 trabalhadores vieram a óbito por Covid.

Correios: sucateada para ser vendida
Em Sergipe, existem aproximadamente 700 trabalhadores dos Correios. Segundo os dirigentes sindicais do SINTECT/SE, filiado à CUT, o governo Bolsonaro já vinha mostrando o interesse de privatizar a empresa pública dos Correios com o único objetivo de beneficiar grupos internacionais do mercado financeiro.

O secretário de eventos do SINTECT/SE, Marcio Bispo Maia, argumenta que “está cada vez mais difícil trabalhar nos Correios, já são 10 anos sem concurso público e em plena pandemia a empresa anuncia um plano de demissão, sem previsão de repor essas vagas. Todos os setores estão abarrotados de cartas e encomendas e os trabalhadores têm sido pressionados pela chefia para entregar centenas de objetos por dia, mesmo que seja humanamente impossível”.

O dirigente Edvanio Gomes que tem participado das carreatas pelo fora bolsonaro complementa: “Nós, trabalhadores dos Correios, estamos vendo nosso salário diminuir, o governo retirou varias cláusulas do nosso acordo coletivo que impactam a vida financeira do trabalhador. Isso sem falar no absurdo que estão os preços, hoje você não consegue comprar 1kg de carne e a gasolina está um absurdo”.

O dirigente Diego Ramos, que é carteiro em Cristinápolis, completa: “no interior, o trabalho é ainda pior. O carteiro tem que dar conta da carga da cidade toda sozinho, antigamente trabalhavam aqui 2 carteiros e 2 atendentes, hoje a empresa retirou 1 atendente e 1 carteiro e a carga só vem aumentando. Tem cidades no interior que o carteiro trabalha 2 vezes por semana, o resto do tempo a agência fica fechada, porque o funcionário foi deslocado para prestar serviço em outra cidade. Isso, além de prejudicar os clientes, estressa muito os trabalhadores”.

Presidente da Central Única dos Trabalhadores, Roberto Silva, afirmou que todos os estados brasileiros serão prejudicados e precisam reagir contra a privatização dos Correios. “Enquanto o Brasil sucumbe de Covid, sem perspectivas de vacina para todos, o governo genocida de Bolsonaro faz de tudo para desmontar o País, vender as empresas públicas, a Eletrobrás, a Petrobras e agora os Correios. Vamos resistir, não vamos aceitar, vai ter luta”, afirmou o presidente da CUT Sergipe.

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