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Câmara de Vereadores de Porto da Folha aprova PL que prevê salário abaixo do mínimo

Maioria formada pelo presidente da Câmara de Vereadores de Porto da Folha aprova PL que cria cargos com realização de concurso com salário abaixo do mínimo nacional

Publicado: 11 Janeiro, 2024 - 14h12 | Última modificação: 11 Janeiro, 2024 - 14h19

Escrito por: Bruno Balbino (FETAM)

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As trabalhadoras e trabalhadores municipais de Porto da Folha ocuparam a Câmara de Vereadores do município nesta terça-feira, 09, em uma mobilização organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipai de Porto da Folha (SIMPOF), com a Presença da Federação dos Servidores Públicos Municipais do Estado de Sergipe (FETAM/SE) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), para protestar contra o Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo, aprovado pela Câmara de vereadores do município, em que propõe a criação de Cargos com a realização de concurso público, com a remuneração inicial abaixo do salário mínimo vigente no país, que a partir do início de janeiro passou a ser R$ 1.412,00.

O direito ao salário mínimo é garantido pela Constituição Federal de 1988, no artigo 7º, inciso - IV 01, e deve ser fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família.

O PL, que fere a regra constitucional, foi aprovado por 6 votos favoráveis e 5 contra, tendo como voto de minerva do presidente da casa legislativa, Eduardo Marcel Pereira de Lima (PSD) - mais conhecido como Marcell da LL, e contou com os votos favoráveis dos vereadores: André Vieira, Evelberks Laurentino (Etinho da Lagoa da Volta), Flávia Luana ,Valdemar Alves (Demar) e Edelzio Machado dos Santos (Nininho de Jorge). O parlamento tem a função de fiscalizar e legislar, ou seja, criar leis e estudá-las para que não atentem contra as regras constitucionais vigentes, por isso a existência da comissão de constituição e justiça, responsável por dar o parecer para que as propostas que cheguem ao legislativo possam ir a apreciação e votação no plenário.

Para o presidente do SIMPOF, José Antônio Santos, o poder executivo de Porto da Folha está se negando a garantir o direito constitucional, e, com a tutela dada pelo poder legislativo, que deveria estar atento à legalidade da proposta, tendo em vista a inconstitucionalidade nela contida. Uma atitude que precariza e cria incertezas para o futuro do serviço público de Porto da Folha e desvaloriza o funcionalismo público municipal.

"A Câmara de vereadores de Porto da Folha cometeu um ato grotesco aprovando o projeto encaminhado pelo prefeito do município, Miguel de Dr. Marcos, prevendo o pagamento do salário base de R$ 1.002,59. O gestor não reajustou os salários dos servidores que estão na ativa e ainda propôs pagar esse salário abaixo do mínimo nacional vigente no país, para quem vier ser aprovado futuramente, caso haja de fato o certame. Não tenham dúvidas que vamos buscar na justiça a anulação desse projeto", pontuou José Antônio.

"Expresso aqui o nosso repúdio a atitude dos vereadores que votaram a favor desse projeto que precariza o serviço público em nosso município, ao mesmo tempo em que gostaria de agradecer aos parlamentares que compreenderam a nossa luta e ficaram do lado das trabalhadoras e trabalhadores, votando contrários a proposta do executivo: Saininho de Manoel de Rosinha, Cuite, João de Joaquim, DD da Academia e a Vereadora Marlene do Sindicato. Agradeço também a FETAM/SE que esteve ao nosso lado, dando suporte e orientações para a nossa luta, assim como, aos companheiros e companheiras de outros sindicatos, que se deslocaram de suas cidades para apoiar a nossa luta", completou Antônio.

"A aprovação dessa lei demonstra o total desrespeito da gestão com os atuais e com os futuros servidores, e, também, com os cidadãos, pois traz a total precarização do serviço público. O legislativo municipal, através dos vereadores da situação, que são aqueles que deveriam zelar e obedecer as leis, notadamente a constituição federal, fiscalizar e coibir as más ações do executivo, desrespeitam e desvalorizam o servidor", expressou Vanessa Ferreira, presidente da FETAM/SE.

O legislativo portofolhense, num verdadeiro show de horrores, capitaneado pelo presidente da câmara, descumpre, inclusive, o regimento interno, numa total demonstração de inabilidade do seu seu papel constitucional. Por fim, parabenizo o SIMPOF, os servidores presentes e os vereadores de oposição, que tentaram, por todos os argumentos legais, cumprir o regimento e defender o servidor", concluiu Ferreira.

Estiveram acompanhando a sessão a presidente da FETAM/SE e diretora da CUT/SE, Vanessa Ferreira; a diretora da FETAM/SE e do SINDACSEI, Carla Daniela; o diretor a FETAM/SE e presidente do Sintegra, Rinaldo Santana; o diretor do Sindiserve Glória, Gilmar Santos; o presidente do SindiAmparo, Fábio Santos; a presidente do Sindicato dos Servidores de São Francisco, Maria Perpétua; e o diretor do Sindserv Poço Verde e diretor da CUT/SE, João Fonseca.

Cerceamento da ação legislativa

Durante a sessão, os vereadores da oposição pediram vistas do projeto e argumentaram a inconstitucionalidade contida no PL, porém o presidente da Câmara de Vereadores, Marcel da LL, de forma truculenta e ditatorial, não colocou os pedidos para apreciação dos demais parlamentares e atropelou o regimento interno da casa legislativa portofolhense, numa tentativa de garantir de forma célere a aprovação da proposta encaminhada pelo prefeito Miguel de Dr. Marcos.

Com isso, os vereadores da oposição, assim como, diversos populares e lideranças de Porto da Folha já anunciaram que vão entrar com ação judicial, devido às ilegalidades contidas no PL e na condução do processo legislativo para que a pauta fosse logo a votação.

Foto: SIMPOF