Casa Arco Íris é a nova sede do Dialogay Sergipe
Publicado: 03 Dezembro, 2025 - 16h50 | Última modificação: 03 Dezembro, 2025 - 17h46
Escrito por: Iracema Corso
A inauguração da Casa Arco Íris, sede do Dialogay Sergipe, no dia 1º de dezembro, foi uma tarde marcada por homenagens especiais, apresentações culturais, discursos em prol da diversidade e pelo direito da população LGBTQIAPN a viver sem violência e sem sofrer com preconceito e discriminação.
A apresentação da Banda Marcial do Corpo de Bombeiros deu o início à atividade solene que contou com a presença da vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SE), Carol Rejane.
“É com orgulho que temos o Dialogay Sergipe filiado à CUT. Queremos reforçar que a população LGBTQIAPN+ faz parte da classe trabalhadora e por isso também fazem parte desta luta contra a exploração capitalista de trabalhadores. O capitalismo prospera em um ambiente de LGBTfobia, de racismo, de machismo. Por isso esses espaços, como a sede do Dialogay e a CUT-SE são espaços de resistência e de luta contra às opressões. E as opressões são extremas para lésbicas, gays e transsexuais. Por isso a gente quer que esses espaços se espalhem e se proliferem, pois sabemos que é na luta coletiva e organizada que a gente chega à vitória”, declarou Carol Rejane (CUT-SE).
Wellington Andrade, vice-presidente do Dialogay ressaltou que a nova sede irá fortalecer a luta em Sergipe.
“São mais de 40 anos de luta pela causa LGBTQIAPN+. Eu passei por várias violências e estou vivo para lutar por todos, todas e todes. No passado nos chamavam de aidéticos, hoje isso dá processo judicial. Precisamos continuar evoluindo nas conquistas. Fomos conversar com o dono do Pré-Caju para sairmos com o nosso Bloco Arco Íris, que já tivemos em edições anteriores, ele negou e me mandou procurar o Ministério Público. Não iremos desistir das nossas lutas, queremos visibilidade e respeito para a população LGBTQIAPN+ de Sergipe”, discursou Wellington Andrade.
Diretor da CUT e presidente da Dialogay, o professor Paulo Lira ressaltou a homenagem à presidenta do Conselho Municipal de Participação e Promoção da Igualdade Racial (COMPPIR) de Aracaju, Elisângela Santos. Presentes na atividade, também foram homenageadas a vereadora Sônia Meire, a deputada estadual Linda Brasil, ambas do Psol, a jornalista da CUT-SE, Iracema Corso, a delegada Meire Mansuet do Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV), entre vários outros presentes que apoiam a causa LGBTQIAPN+.
“Lutamos aqui pelos direitos humanos e sociais da comunidade LGBTQIAPN+ e convidamos hoje para este dia a presidenta do Conselho Municipal de Participação e Promoção da Igualdade Racial (COMPPIR) de Aracaju, Elisângela Santos, pois acreditamos que assim como houve a coalizão Arco Íris nos Estados Unidos com o Partido Nacional dos Panteras Negras, o caminho que devemos seguir é a convergência das lutas do movimento negro junto ao movimento LGBTQIAPN+”, defendeu Paulo Lira.
“Foi o movimento LGBT de Sergipe que conquistou a extensão do atendimento da delegacia por 24h, nos fins de semana também, com equipe de policiais, investigadores, escrivães para atender aos grupos vulneráveis. Agradeço o carinho e podem contar comigo”, declarou a delegada Meire Mansuet.
Nos 21 Dias de Ativismo e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, o Coletivo de Mulheres da CUT-SE entrevistou a deputada estadual Linda Brasil (Psol) e ela afirmou que a expectativa de vida da mulher trans é de 35 anos de idade. Acesse o link e assista o vídeo.
Após os pronunciamentos e homenagens, a festa continuou com a programação cultural na sede do Dialogay, com a apresentação do Grupo Cultural do SINTESE, o show musical com a transformista Marcita Wimblendon e o show com Thaís Voices.
Combate às violências contra comunidade LGBTQIAPN+
Presente na Inauguração da nova sede do Dialogay, o professor Luiz Mott, antropólogo, historiador e um dos principais ativistas LGBTQIAPN+ do Brasil, fundador do Grupo Gay da Bahia e co-fundador do grupo Dialogay, falou sobre a importância da conquista desta sede para a luta da população LGBTQIAPN + por respeito e vida sem violência. “A inauguração dessa nova sede vem continuar uma luta do movimento militante pelo direito à cidadania. O que o movimento LGBT luta não é por privilégios. Queremos direitos iguais, nem menos, nem mais”, afirmou.
Antes da inauguração da sede do Dialogay, no mesmo dia, o professor Luiz Mott recebeu o título de cidadão sergipano na Assembleia Legislativa de Sergipe.
“Fico muito feliz enquanto cidadão sergipano. Eu ressalto neste dia 1º de dezembro, Dia Mundial da Aids, o trabalho de Almir Santana, responsável por salvar milhares de vidas em Aracaju com a distribuição de camisinhas. Eu já publiquei 4 livros sobre a história de Sergipe. E espero que, com essa casa de acolhimento e luta LGBT, Sergipe saia do mapa de mortes violentas”, declarou.
Luiz Mott destacou, entre direitos conquistados nos últimos 45 anos desde que fundou o Grupo Gay na Bahia, o casamento igualitário e as operações genitais para mulheres transsexuais. Mas o professor lamentou que apesar das conquistas o Brasil continua sendo o campeão mundial de mortes violentas de LGBTs, onde a cada 16 horas um gay, lésbica, travesti ou homossexual é barbaramente assassinado, vítima de intolerância e do preconceito.
“Precisamos de um Ministério porque uma Secretaria não está dando conta do combate à violência. Lembramos que essa violência começa dentro de casa. Há casos de jovens gays que o próprio pai matou porque não suportou conviver com uma filha lésbica, ou com um filho afeminado”, observou o professor Luiz Mott.







