Coletivo de Mulheres da CUT/SE apoia luta de catadoras de mangaba no Santa Maria
O que está em jogo é a sobrevivência das famílias e a continuidade do extrativismo da mangaba que é parte da cultura de Sergipe
Publicado: 07 Dezembro, 2020 - 16h43 | Última modificação: 07 Dezembro, 2020 - 17h36
Escrito por: Iracema Corso
A Associação das Catadoras e Catadores de Mangaba Padre Luís Lemper organizou no último sábado, dia 5 de dezembro, um Café da Manhã Partilhado com as Comunidades de Extrativismo da Mangaba em Santa Maria.
O Coletivo de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe) participou da atividade representado pela secretária da Mulher da CUT/SE, Cláudia Oliveira e a dirigente da CUT Brasil, a vereadora de Aracaju eleita, Ângela Melo. Juntas, as dirigentes sindicais manifestaram o apoio à luta das catadoras de mangaba pela preservação da atividade extrativista que sustenta várias famílias em 11 regiões de Aracaju.
A senhora Aliene, extrativista da área 1 (Guma), no bairro Santa Maria, nasceu na área de mangaba, assim como seus 11 irmãos. Entre as várias famílias que vivem da mangaba na região há tempos imemoriais, ela resgata a história da sua mãe, avó de 38 netos e bisavó de 38 bisnetos.
“Todos vivem do extrativismo da mangaba e ajudam. Alguns trabalham fora para completar a renda, mas não sabemos de verdade nem quando nossa família veio para cá. O meu irmão mais velho, nascido aqui, tem 60 anos. O meu avô trouxe a minha mãe ainda pequena, assim como meu pai também foi trazido bem pequeno”, registrou a extrativista Aliene.
Segundo Aliene, quando o avô chegou na região, já moravam outras pessoas. “Antigamente a gente podia morar nessas áreas de mangaba. Os moradores faziam a roça de macaxeira, da batata e ajudavam no cultivo e preservação da mangaba. Depois fomos proibidos de morar, mas podemos preservar e cuidar da área”, resgatou.
A catadora de mangaba Aliene fez um apelo aos governantes para que não destruam o extrativismo da mangaba em Sergipe. “Eu peço aos governantes do nosso estado, ao prefeito e ao governo que possam manter o extrativismo. É uma área que já existe há muitos anos. Já são mais de 60 anos, então é só manter a preservação das áreas de mangaba que sustentam nossas famílias”.
De acordo com a secretária da Mulher da CUT Sergipe, Cláudia Oliveira, esta é uma luta que tem o apoio da central sindical.
“Esta é uma região muito bonita, realmente é um crime permitir a retirada dessas árvores. A região é muito linda e este espaço é um patrimônio do povo de Sergipe. Estas famílias que sobrevivem do extrativismo da mangaba têm uma história linda que faz parte da nossa cultura e isso não pode ser destruído pelo capitalismo. Por isso vamos sim lutar pela preservação desta região de mangaba”, destacou a sindicalista Cláudia.
Com o objetivo de fortalecer a luta e buscar apoios em defesa do extrativismo da mangaba, no dia 9 de janeiro, será realizado mais um encontro de Catadoras e Catadores de Mangaba, em local a ser definido.