Escrito por: Iracema Corso
Quitéria dos Santos e Maria Aparecida foram eleitas para o Conselho Fiscal da Fenatrad
O caso da babá Raiana Ribeiro, de 25 anos de idade, que pulou do apartamento de 3 andares, na cidade de Salvador, para fugir das agressões e cárcere privado praticados pela patroa Melina França chocou o Brasil na última semana de agosto. Após a divulgação nacional do ocorrido, seis outras trabalhadoras domésticas que já haviam sido agredidas pela mesma patroa tiveram coragem de denunciar.
O fato é um exemplo do crescimento da violência crescente contra as trabalhadoras domésticas nesta pandemia em todo o Brasil. Esta triste realidade nacional foi debatido no XII Congresso Nacional das Trabalhadoras Domésticas, nos dias 13, 14 e 15 de agosto, e que teve como tema central: Trabalhadoras Domésticas em Movimento – Luta e Resistência em Contexto de Pandemia e Trabalho Escravo.
Realizado no formato online, o Congresso reuniu os Sindicatos de Trabalhadoras Domésticas de todas as capitais brasileiras, e foi realizado pela Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) com o apoio da Central Única dos Trabalhadores.
As trabalhadoras de Sergipe eleitas para compor o Conselho da Fenatrad foram Quitéria dos Santos (titular), dirigente da CUT Sergipe, e Maria Aparecida Marques dos Santos (suplente), presidenta do Sindomestico/SE.
Maria Aparecida falou sobre o aprendizado durante o Congresso e sobre o preparo da presidenta da Fenatrad Luiza Batista. “O Congresso falou da nossa realidade, do nosso dia-a-dia. Como atender a trabalhadora, como falar com ela, como preparar elas para enfrentarem o assédio e a violência, que nesta pandemia ficou muito pior. O vídeo desta trabalhadora sentada, apanhando, que fraturou o pé e arriscou a vida para fugir da violência, mostra o tamanho da violência que a trabalhadora está enfrentando”.
Fome
Além da violência, dos casos de cárcere privado, Quitéria Santos contou que uma média de 45 trabalhadoras domésticas desempregadas têm procurado o sindicato toda semana em busca de ajuda. “Não é só o desemprego que enfrentamos. A alimentação está muito cara no Brasil, o preço do gás e do alimento está muito alto. Os patrões querem pagar um valor muito inferior para a diarista, então não está fácil sobreviver”, afirmou Quitéria.
A dirigente sindical agradeceu as doações que o sindicato tem recebido da Cáritas, do Instituto RAHAMYM e vários sindicatos que têm doado cestas de alimento para as trabalhadoras domésticas desempregadas. Quitéria disponibiliza o número de telefone (79) 9941-9414 para quem quiser fazer doações para a categoria.
“Vamos fortalecer a luta pela autonomia para as trabalhadoras domésticas, em defesa dos direitos conquistados, contra a violência e cárcere privado. Divulgamos para todas as trabalhadoras a importância de não se calar diante da repressão e da injustiça, além de buscar as autoridades competentes quando houver a necessidade”, orientou Quitéria.