Consciência negra e racismo em debate no Brasil
Publicado: 21 Novembro, 2020 - 11h06 | Última modificação: 21 Novembro, 2020 - 12h44
Escrito por: Iracema Corso
No mês da Consciência Negra, excelentes debates foram promovidos pelo movimento sindical. No dia 18 de novembro, última quarta-feira, dirigentes da CUT/SE abordaram os temas: 'Consciência Negra e de classe'; na mesma data, o debate online 'Vidas Negras Importam na Formação do Nordeste' foi tema central do Webinário da Escola Nordeste de Formação da Central Única dos Trabalhadores.
Na tarde do 20 de novembro, a CUT Brasil reuniu artistas, pensadores, políticos para refletir sobre o tema ‘O racismo estrutural, a democracia racial e o papel dos sujeitos brancos’. Acesse o link e confira tudo que rolou.
CONSCIÊNCIA NEGRA E DE CLASSE
Todo o preconceito, baixa remuneração, situações diversas de assédio contra a trabalhadora do lar foram discutidos na live do Sintese, na última quarta-feira, com as informações trazidas pela vice-presidenta do SINDOMESTICO/SE, Quitéria Santos, no debate com a secretária de Igualdade Racial da CUT/SE, a professora Arlete Silva, sobre ‘Consciência Negra e de classe’.
Segundo Quitéria Santos, a opressão contra a mulher negra aqui é tão grande que as conquistas obtidas nos governos Dilma e Lula para as trabalhadoras domésticas levaram a elite brasileira a uma revolta capaz de derrubar a presidenta Dilma no golpe de 2016.
“Costuma se falar aqui no Brasil que trabalhadora doméstica ‘é como da família’, mas a verdade é que não é. Se é da família, por que tem que comer na cozinha, longe das outras pessoas da casa? Se fosse da família, quando a pessoa morresse deixava herança. Por isso não somos da família e nem queremos ser. Queremos o respeito e os direitos que toda trabalhadora merece”, afirmou Quitéria Santos.
A dirigente sindical Quitéria destacou: “o principal desafio do sindicato, neste momento, é deixar claro que os direitos conquistados para as trabalhadoras domésticas foram uma vitória. Assim, nenhuma trabalhadora deve aceitar quando o patrão ou a patroa disser: só posso pagar ‘tanto’. Não dá para aceitar menos do que nossos direitos que lutamos muito para conquistar”, reforçou.
Em sua abordagem, Arlete Silva reforçou a necessidade de uma democracia racial e o combate ao racismo no Brasil. “Muitas pessoas dizem ‘eu não sou racista’, mas apesar desse discurso, não concordam com a política de cotas e com a necessidade de uma reparação histórica para o povo negro. Quem não é empático às causas do movimento negro e não quer ver o negro com diploma, poder econômico e reconhecimento social, não pode dizer que não é racista”, explicou Arlete Silva. Acesse o link e acompanhe o debate completo.
VIDAS NEGRAS NA FORMAÇÃO DO NORDESTE
Com uma abordagem múltipla no esforço de dar conta do Nordeste, o Webinário ‘Vidas Negras importam na Formação do Nordeste’ permitiu um debate muito rico reunindo a experiência de lideranças sindicais da CUT e do movimento negro nos nove estados nordestinos.
A secretária de Combate ao Racismo da CUT Sergipe, Arlete Silva, também participou do webinário e compartilhou a experiência da CUT/SE junto às trabalhadoras e trabalhadores informais das associações de pescadoras, aquicultores, catadoras de mangaba e artesãs. Assista ao webinário através do link.
PARA MUDAR O BRASIL
O presidente da CUT/SE, Roberto Silva reforçou a necessidade dos debates da conscientização da sociedade na luta para vencer o racismo brasileiro que atinge com tamanha violência crianças, mulheres e homens negros.
No dia 18 de novembro, a primeira vereadora negra eleita para a Câmara Municipal de Joinville (SC), a professora aposentada Ana Lúcia Martins (PT), está sendo ameaçada de morte por grupos da ultradireita. Em Porto Alegre, poucas horas antes do Dia da Consciência Negra, João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte por seguranças contratados pela rede de supermercados Carrefour. O assassinato racista que chocou o País gerou uma onda de protestos contra o Carrefour em vários Estados brasileiros.