Escrito por: Iracema Corso

Cultura, debate feminista e prêmios em homenagem à mulher agricultora de Lagarto

Para fortalecer a luta feminista junto às mulheres agricultoras de Lagarto, na manhã da segunda-feira, dia 13 de março, o SINTRAF Lagarto, filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT Sergipe), preparou uma programação especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher com apresentação cultural do Reisado da ASFLAG (Associação Folclórica de Lagarto), palestras sobre a temática da mulher e sorteio de brindes especiais.

A delegada da DAGV de Lagarto, Vanessa Feitosa, falou que a violência contra a mulher cresce a cada ano e atinge todas as faixas etárias. A delegada explicou como acontece a violência física, a patrimonial, a violência moral (xingamentos, inventar mentiras sobre a mulher para atingir a imagem dela), a violência sexual e a violência psicológica.

“É preciso saber identificar as formas de violência para denunciar e combater. Esse assunto precisa ser debatido, porque se nós, mulheres, ficarmos caladas, o agressor fica mais forte. É o silêncio que protege o agressor e garante a impunidade. A mulher que não consegue vir até a delegacia especializada, pode discar 190, a Polícia Militar vai agir em caso de violência doméstica”, alertou a delegada Vanessa Feitosa.



Marcha das Margaridas 2023

Neste ano, a luta da mulher agricultora contra a violência machista tem uma agenda especial que está sendo construída em todo o Brasil é a Marcha das Margaridas, que acontece no mês de agosto em Brasília. Para falar sobre o assunto, o SINTRAF Lagarto convidou Cleide Mathias, dirigente da FETASE.

Maria Margarida Alves foi presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Lagoa Grande, na Paraíba, por 12 anos. Dedicou sua vida à luta pelo direito à terra, pelos direitos da mulher agricultora e pela educação no campo. A luta de Margarida fez avançar a conquista por direitos no campo. Isso incomodou latifundiários da região que contrataram um jagunço para assassinar Margarida na porta de sua casa.

Para mostrar que a luta de Margarida Alves continua viva no coração das agricultoras de todo o Brasil, o movimento feminista de trabalhadoras do campo criou a Marcha das Margaridas. A cada 4 anos, as trabalhadoras rurais de todo o País ocupam Brasília e entregam ao presidente uma Carta apontando suas necessidades e o que a Presidência da República deve fazer para prestar apoio à mulher agricultora.

“Queremos levar 1.100 pessoas de Sergipe. Nós, mulheres, somos luta, somos resistência e vamos conseguir. Nos últimos 4 anos, tivemos uma perda muito grande de direitos. A gente precisa se unir nesta marcha, temos um Brasil para reconstruir”, afirmou Cleide.

Secretária Geral do SINTRAF Lagarto, Verônica Souza Santos Oliveira contou sua experiência pessoal de luta na Marcha das Margaridas desde 2011.

“Sou titular da minha terra, do assentamento Cajazeira, no povoado Pururuca. Sei que para eu conseguir a minha terra, muitas mulheres lutaram, foram a Brasília, saíram de suas casas em luta. E a gente sabe, tem agricultora que até para participar de uma reunião do sindicato, ela não tem direito porque o marido não deixa. Ela que sair de fininho, tem que dar um jeitinho de sair para participar. Então quando a gente faz este chamado para vocês é pra dizer que venham mesmo e participem. Lutar é preciso”.

Verônica explicou que foi a partir da luta que conquistou a titularidade da terra, teve o direito de cultivar, de tirar o Pronaf e de conseguir acesso à Energia Rural.

“Olhe que maravilha! A nossa única forma de conseguir o que a gente quer é pegando na mão uma da outra e dizendo: ‘vamos, vamos para a luta’. Temos que nos ajudar. Não fiquem pensando que o sindicato vai fazer tudo. O sindicato está aqui para defender o trabalhador, sindicato é isso, mas a gente precisa que vocês participem. Então vamos todas juntas para a Marcha das Margaridas por nenhum direito a menos e para dizer que queremos políticas públicas para o nosso município porque sem políticas públicas a gente não consegue ficar no campo", afirmou Verônica.

A senhora Suely do povoado Jenipapo participou do Encontro e gostou demais. "Foi tudo lindo, um momento muito importante e proveitoso. O sindicato acertou por falar como combater a violência contra a mulher; nos ensinar como podemos nos proteger; estimular para que todas nós possamos auxiliar a amiga, a colega que esteja passando por este momento; a atividade cultural foi ótima; o convite para a Marcha das Margaridas foi empolgante”, declarou.

Além da atividade cultural e das palestras, o SINTRAF Lagarto fez um Sorteio de Prêmios para as agricultoras presentes.

Acesse o link e leia também o artigo de Ana Paula, Secretária da Mulher do SINTRAF Lagarto: Conciliar a lavoura com as atividades domésticas