CUT/SE no encontro sobre Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais e Remotos
Publicado: 12 Abril, 2024 - 08h43 | Última modificação: 12 Abril, 2024 - 13h21
Escrito por: Iracema Corso
A Presidenta da Associação de Mulheres e Homens Pescadores Nossa Senhora Aparecida (Serrão/Ilha das Flores), Zilda Sousa, representou a Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) no Encontro com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais e Remotos.
A reunião foi organizada pelo Grupo da Terra, composto pela Articulação Popular São Francisco Vivo e mais 18 organizações. O objetivo do encontro foi firmar o diálogo, construir uma agenda comum do Ministério da Saúde e dos movimentos sociais do Campo, Floresta e das Águas. A reunião do Grupo da Terra aconteceu em Brasília, no dia 22 de março e contou com a presença de 18 organizações dos movimentos sociais.
Entre os assuntos debatidos, foram apresentados projetos referentes à Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA).
A pescadora Zilda da comunidade do Serrão, no município de Ilha das Flores, levou até a ministra de Saúde, a angústia de mulheres em condições de vulnerabilidade social que vivem na beira do Rio São Francisco.
“Muitas sofrem abuso pelos seus companheiros, exclusão social, são atingidas pela violência e estão isoladas dentro de suas próprias comunidades, com dificuldade de acesso até uma unidade de atendimento. Seja uma comunidade de povos indígenas, ciganos, quilombolas, pescadoras artesanais, não é fácil ter acesso às informações e aos serviços. Nós também precisamos da atenção básica do SUS. Todo o nosso povo precisa ser incluído, principalmente quem é mais vulnerável”, destacou Zilda Sousa.
Outro tema que a pescadora Zilda tratou durante a reunião foi sobre a violência doméstica. “A mulher agredida, que apanhou do marido, chega machucada, com vergonha, triste num atendimento de saúde e não tem o amparo psicológico, o encaminhamento correto para um serviço de assistência. Se ela só faz um curativo e volta pra casa, o marido vai voltar a bater nela, até que um dia acontece o feminicídio”, apontou Zilda.
Segundo Zilda Sousa, a reunião foi muito boa porque muitas mulheres quilombolas, extrativistas, trabalhadoras rurais, das águas, das florestas, da pesca artesanal, ciganas, todas falaram sobre a realidade da mulher no Brasil, nas mais diferentes localidades.
A pescadora falou sobre a saúde integral da população e sobre o dano causado por pressão psicológica, racismo, machismo, entre outros.
“Muitas vezes não é só o apanhar, mas o empurrar, ou a violência verbal que atinge milhares de mulheres. A gente quer uma atenção maior do SUS para este problema. As comunidades tradicionais sofrem muitos ataques de racismo, preconceito e nem sempre sabem fazer a denúncia de algo que não pode ficar barato. São agressões que adoecem a nossa população. Tem gente que fica doente da cabeça de tanto ser ofendida verbalmente”, declarou Zilda.
Em julho está prevista a nova reunião. E até lá serão criados espaços de participação e escuta dos movimentos sociais a respeito da nova estrutura de atenção à saúde para os territórios que está sendo criada a partir de uma construção interministerial envolvendo os ministérios da Educação, Mulheres, Cultura, Igualdade Racial, Pesca, Desenvolvimento Social e Secretaria-Geral da Presidência da República.
Com informações do Ministério da Saúde