Escrito por: Iracema Corso
Sindicatos conversam com população no Centro de Aracaju durante o protesto ‘Unidos em Defesa da Aposentadoria’
Com protesto sindical no Centro de Aracaju, assim foi o Dia Nacional do Aposentado em Sergipe, marcado por manifestações em vários estados brasileiros na última quinta-feira, dia 24 de janeiro. A Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), junto ao SINTESE (Professores), SINDIPREV/SE (Previdenciários), SINDIJOR (Jornalistas), SINDIMINA (Mineiros), CSP/Com Lutas e SINDASSE (Assistentes Sociais), explicaram à população o que é capitalização da Previdência - o projeto que o governo Bolsonaro quer implantar no Brasil. A deputada estadual Ana Lula (PT) também participou do protesto, assim como o vereador Isac Silveira (PCdoB).
Dirigente da Executiva Nacional da CUT, a professora Ângela Melo apontou que a defesa da previdência não é uma preocupação só de quem precisa se aposentar. “O governo chama de ‘reforma’, mas a idéia é acabar com a previdência no Brasil como ela é hoje: um tripé da seguridade social. Para fazer isso, é preciso mudar a Constituição. O modelo que o governo de Bolsonaro quer implementar, próximo do chileno, gera grandes preocupações. Porque se acabarmos com a contribuição solidária da previdência e passarmos pra um regime de capitalização individual, muitos serão prejudicados. Hoje, o trabalhador contribui com uma parcela, o empregador contribui e o governo também contribui. É isso que custeia a seguridade social, sem ela, o beneficio de prestação continuada tende a acabar, assim como a merenda escolar. Então essa perda vai afetar a população brasileira inteira, não é só um problema de quem vai se aposentar”.
Joaquim Ferreira, Coordenador Geral do SINDIPREV/SE, tocou o ato de forma didática, explicando que os trabalhadores não são o problema da Previdência. “Derrotamos a Reforma da Previdência de Temer e temos que derrotar a Reforma da Previdência no Governo Bolsonaro. A previdência é superavitária, ela dá lucro. Até no jogo de futebol que você vai, existe a contribuição previdenciária. No show que você assiste, existe contribuição previdenciária. Se você vai jogar na Mega Sena, parte do dinheiro também vai para a contribuição previdenciária, mas ninguém divulga isso. O que o governo insiste em dizer é que a previdência é deficitária, que sua aposentadoria vai quebrar a União, mas na verdade o que quebra a União é que o governo não cobra a dívida pública, quer manter o enriquecimento dos banqueiros, sem falar nos desvios da corrupção, nas aposentadorias gordas dos Poderes Judiciário, Executivo e dos militares que serão mantidas. Para manter tudo isso, o governo quer retirar a aposentadoria do trabalhador. Por isso vamos resistir, não vamos deixar que isso aconteça”.
Presidente da CUT/SE, Rubens Marques, o professor Dudu concedeu entrevista e afirmou a importância do Dia do Aposentado como um dia de esclarecimento junto à população. “A Previdência está sendo vendida como se fosse a ‘Panacéia’, o remédio para todos os males, então aproveitamos a data para homenagear os aposentados e convidar os aposentados e trabalhadores a resistir. Vamos ter que fazer muita pressão junto aos deputados e senadores para que essa reforma não seja aprovada. O coerente é que aqui não fosse implementado um modelo que foi um fracasso no Chile. Mas o Brasil vive o seu pior momento depois do golpe de 64. Isso depende dos deputados e senadores que vão votar. No ano passado eles recuaram, então precisamos nos unir para defender a previdência brasileira”.
Regime de Capitalização da Previdência
Para começo de conversa, no Regime de Capitalização da Previdência o empregador não contribui para o fundo de aposentadoria do trabalhador. A administradora do fundo de pensão (AFP) investe a contribuição feita pelo trabalhador que, quando se aposentar vai receber uma pensão mensal vitalícia. Como citou a reportagem do site Brasil de Fato, trabalhadores chilenos que recebiam em média U$$ 1000 passaram a receber depois da aposentadoria uma pensão mensal de U$$ 200, ou seja, apenas 20% do seu salário antes de se aposentar. O resultado desse modelo é que hoje 44% dos aposentados do Chile estão abaixo da linha de pobreza.