Escrito por: Sintese

Duas escolas estaduais estão ocupadas em Sergipe

A Escola Estadual Felisbelo Freire, em Itaporanga D”Ajuda e Colégio Estadual Dr. Carlos Firpo, Barra dos Coqueiros são as duas primeiras escolas ocupadas em Sergipe

 

A Escola Estadual Felisbelo Freire, em Itaporanga D”Ajuda e Colégio Estadual Dr. Carlos Firpo, na Barra dos Coqueiros são as duas primeiras escolas ocupadas em Sergipe. Seguindo o exemplo dos estudantes de outros estados, os sergipanos protestam contra a MP 746 que institui a reforma no Ensino Médio. Outros pontos da pauta das ocupações sergipanas são: a regularização do transporte escolar, segurança e falta de estrutura das escolas.

A escola situada em Itaporanga foi a primeira a ser ocupada pelos estudantes e foi a consequência de uma ação conjunta dos estudantes do Ensino Médio e universitários. “Lutamos pela melhoria do transporte escolar que sofreu reduções na frota e opera em condições precárias de estrutura e segurança. A reforma do ensino médio propõe um ensino integral que limita os turnos disponíveis (se hoje o colégio Felisbelo Freire funciona nos 3 turnos, com a MP provavelmente só será possível uma turma em dois turnos, ou seja, diminui as vagas em um terço) e limita as matérias estudadas na escola. Ao mesmo tempo, a PEC 241 congela os gastos com educação e impossibilita não só o aumento do salário dos professores mas também as verbas pra melhorar a estrutura das escolas e abrir novas. Com este cenário, o que vemos para o futuro de Itaporanga são jovens sem os ônibus para as escolas do município, as universidades e ensino técnico. Escolas com menos vagas, menos verbas e menos estrutura”, dizem os estudantes na página Itaporanga por mais Educação;

Também usando uma página no facebook (Ocupe o Firpo) que os estudantes da Barra dos Coqueiros também explicitaram os motivos pelos quais ocuparam a escola.

“Nesta segunda feira, 24, nós alunos do Colégio Estadual Doutor Carlos Firpo, ocupamos a nossa escola pra denunciar o descaso e a falta de respeito que nos deparamos diariamente. A mais de vinte anos a nossa escola não passa por uma reforma, somos expostos a marginalidade, nossa segurança sendo colocada em risco, sofremos um abandono, e com esse governo ilegítimo e golpista vemos nossos direitos sendo comercializados, a mais de uma semana estamos debatendo o pacote de maldades do governo temerário (PEC 241, MP 746 que pauta a reformulação do ensino médio e o projeto de escola sem partido), e acreditamos que a saída para todo esse retrocesso é a nossa luta, a educação publica não é mercadoria, não aceitaremos que ela seja comercializadas, não compactuamos com esse projeto de governo neoliberal que retira diretos da classe trabalhadora, não aceitaremos nenhum direito a menos, nosso nome é estudante, mas, podem nos chamar de resistência!”.

Irregularidades no serviço de transporte

Em 2016 tem sido constante a interrupção no serviço de transporte escolar. Cidades como Itabaiana e Lagarto (só para citar duas das maiores cidades sergipanas) os estudantes perderam mais de 30 dias de aula por falta de transporte. Foi preciso uma ação do Ministério Público para que a Secretaria de Estado da Educação regularizasse parte dos pagamentos para que o serviço fosse reativado.

Nas ultimas semanas o problema voltou a acontecer, em vários municípios o serviço de transporte escolar custeado pela Secretaria de Estado da Educação, foi interrompido deixando centenas de estudantes impedidos de ir à escola.

Estrutura física precária

A estrutura física das escolas também é alvo das reivindicações dos estudantes. Boa parte das escolas que oferecem Ensino Médio não tem estrutura adequada. O caso mais emblemático é da Escola Estadual 27 de Maio em Porto da Folha, que por conta da estrutura física precária, da falta de professores em diversos componentes curriculares, alimentação e transporte escolar insuficientes obteve a pior média no Enem.

A deputada estadual Ana Lúcia, presidenta da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa visitou a escola em Itaporanga D’Ajuda e se colocou a disposição para contribuir na resolução do impasse entre os estudantes e a prefeitura.

Para a direção SINTESE a ação da juventude em denunciar o que está acontecendo nas escolas é salutar para a formação dos futuros cidadãos. “A juventude está atenta para as drásticas alterações que estão por vir caso essa MP seja efetivada. Essas mudanças que trarão grande prejuízo para a sua formação enquanto ser humano crítico e construtor de um futuro”, aponta Leila Moraes, diretora do Departamento de Assuntos da Base Estadual do SINTESE.

Em relação às questões de transporte e estrutura das escolas ela lembrou que há muito tempo o sindicato tem feito denúncias e neste momento os estudantes também percebem o quanto são prejudicados por esse descaso do governo.

 

"Escola Toma Partido",

Na sexta-feira, 28, às 19h, o Festival Sergipe Audiovisual irá exibir, no Centro Cultural de Aracaju, o filme "Escola Toma Partido", do diretor Carlos Pronzato. O filme cobre as ocupações de escolas ao redor do país e mostra como os estudantes estão tomando a defesa pela educação no Brasil.