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Em defesa do serviço público, sindicatos fazem panfletagem e diálogo com população

Publicado: 01 Novembro, 2025 - 13h43 | Última modificação: 03 Novembro, 2025 - 10h28

Escrito por: Iracema Corso

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A denúncia da destruição da saúde pública em Aracaju e em Sergipe foi a tarefa de luta cumprida pela panfletagem realizada no Calçadão da João Pessoa, em Aracaju, na terça, dia 28 de outubro, pela Frente Ampla Contra as Organizações Sociais e em Defesa do Serviço Público que reúne sindicatos do serviço público, centrais sindicais e movimentos sociais.

A data do protesto coincidiu com o Dia do Servidor e da Servidora Pública. O coordenador geral do SINDASSE, Ygor Machado, alertou que a privatização começou com a saúde, mas tende a se espalhar pela assistência social, educação e demais áreas do serviço público.

“Dada a destruição do serviço público, o dia de hoje, infelizmente, não é um dia para se celebrar nem comemorar, mas com certeza é um dia de luta e resistência em defesa do serviço público de qualidade para a população. O que a gente vem sofrendo é o desmonte e a perda de qualidade no atendimento dos serviços para a população. E é por isso que estamos aqui, para que a população tenha direito a um atendimento de qualidade, gerido e financiado pelos entes públicos e não por organizações privadas que recebam dinheiro público”, discursou Ygor Machado, coordenador geral do SINDASSE (Assistente Sociais).

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SE), Roberto Silva, que integra a Frente Ampla Contra as Organizações Sociais e em Defesa do Serviço Público, alertou que é muito grave a entrega da gestão da saúde pública na mão de empresas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.

“Denunciamos para a população de Sergipe a gravidade da privatização da saúde realizada pelo governador Fábio Mitidieri e pela prefeita de Aracaju Emília Corrêia. Eles estão entregando a gestão da saúde de Sergipe e de Aracaju para essas empresas privadas que tem sede em peixaria, em borracharia, que são empresas investigadas pela Polícia Federal e não são confiáveis para gerir os recursos da saúde do Estado de Sergipe nem do município de Aracaju”, criticou Roberto Silva.

A professora Sandra Beiju, vice-presidenta do SINDIPEMA, explicou porque a entrega da gestão da saúde. “Por que nós somos contra as organizações sociais? Porque estamos falando de empresas que pertencem a grupos econômicos. Então eu pergunto: qual é o grande grupo econômico, qual é o grande empresário que vise a melhoria da qualidade de vida da população? Nenhum, não existe. Empresário e grupos econômicos visam o lucro”, explicou Sandra Beiju (SINDIPEMA).

Médicos, professores, assistentes sociais, nutricionistas, fonoaudiólogos, odontólogos, fisioterapeutas, agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, auxiliares e técnicos de enfermagem, trabalhadores dos conselhos de classe, entre outras categorias de trabalhadores, também denunciaram durante a panfletagem a destruição do serviço público através da Reforma Administrativa que tramita no Congresso Nacional.

“Para a Reforma Administrativa nós também dizemos não! São medidas políticas que acabam com direitos dos servidores públicos e destroem o serviço público prejudicando toda a população. Por isso essa luta é de todos nós, de todos os parlamentares, de toda a sociedade”, declarou Mychelyne Guerreiro (SINDINUTRISE).

Por falar em valorização dos servidores públicos, Helton Monteiro, presidente do SINDIMED, contou que médicos de Sergipe estão com salários de setembro e agosto atrasados e sem perspectivas de quando vão receber o pagamento.

“Nós fizemos um concurso público. Não tivemos indicação política de ninguém para ocupar o cargo que nós estamos hoje. O servidor público deveria ser tratado com respeito. É aquele que nos momentos difíceis, como na pandemia, estavam à disposição para atender à sociedade. E quantos desses servidores chegaram a perder a sua vida atendendo a população durante a pandemia. Após 5 anos, nós gostaríamos de ser valorizados. Aquelas palmas que haviam na pandemia, nas janelas, gostaríamos de receber hoje. Mas sabe o que o governador Fábio Mitidieri e a prefeita Emília estão fazendo? Não respeitam os profissionais da saúde, atrasam salários e ameaçam a continuidade da prestação do serviço público com demissões”, explicou Helton Monteiro (SINDIMED).

Entenda o Caos da Saúde

Em julho de 2025, 1.149 profissionais de saúde da Fundação Hospitalar de Saúde foram surpreendidos com cartas de demissão para que outras pessoas do processo seletivo simplificado pudessem assumir.

O intuito posterior do Governo do Estado era entregar as UPAs e Hospitais para as Organizações Sociais. Porém, existe um acordo judicial firmado entre o Governo do Estado, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho determinando que estes vínculos da FHS só podem ser substituídos por profissionais da saúde aprovados em concurso público. Assim, no dia 3 de julho foi expedida uma liminar suspendendo todas as demissões até a convocação dos aprovados em concurso público.

Ignorando a decisão judicial, novamente em 1º de outubro, o Governo de Sergipe tentou demitir 37 profissionais da saúde das UPAs de Boquim, Neópolis, Tobias Barreto, além de profissionais da saúde do HUSE e da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, sem convocar os aprovados em concurso, pois as Organizações Sociais já estão gerindo essas UPAs.

O caso foi levado ao MPF e assim, em 17 de outubro, foi proferida uma nova decisão, inclusive estipulando uma multa diária de R$1.000, caso o Governo descumprisse a decisão judicial e insistisse em demitir essas pessoas. Até a data de hoje, o Governo não atendeu a decisão judicial efetivando a reintegração dos profissionais da saúde demitidos.