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Feminicídio em Sergipe é discutido por Coletivo de Mulheres da CUT no Agosto Lilás

Publicado: 30 Agosto, 2024 - 15h20 | Última modificação: 30 Agosto, 2024 - 15h43

Escrito por: Iracema Corso

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As palavras doces de acolhimento da professora Vera Núbia do Departamento de Serviço Social da UFS fortaleceram os laços de união entre as mulheres que participaram da palestra "A violência contra as mulheres em Sergipe", na tarde da quinta-feira, dia 29, na sede do SINDISAN. 
 
A atividade de formação, reflexão e esclarecimento foi promovida pelo Coletivo de Mulheres da CUT/Sergipe cumprindo o objetivo do Agosto Lilás, mês da Campanha de Combate à Violência Contra a Mulher.
 
A professora Vera Núbia explicou que a luta contra o feminicídio precisa de reforço urgentemente porque tivemos quatro anos de retrocesso nas políticas públicas para mulheres no governo federal anterior. O que se apresentou como Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos contribuiu para a derruição da política de assistência às mulheres violentadas e isso se reflete em números indicando um aumento da violência contra as mulheres em todo o Brasil, não somente pelas características de uma sociedade onde o patriarcalismo ainda se evidencia.
 
“A criança Damares que foi vítima de violência sexual se transformou na ministra da Mulher que, na nossa percepção, contribuiu para a fragilidade da política de atendimento à mulher e comprometeu, inclusive, o financiamento até do Disque 180 que atende vítimas de violência sexual e física; ou seja, foi uma ministra da Mulher que trabalhou contra as lutas das mulheres no Brasil. Precisamos fortalecer e melhorar a política de acolhimento da mulher e das crianças violentadas”, explicou a professora Vera Núbia.
 
Feminicídio em Números
Em todo o Brasil, foram registradas 8.997 tentativas de homicídio de mulheres em 2023; destas, menos de 3 mil foram registradas como feminicídio, o que sugere questionamentos sobre a forma como é feito o registro da violência.
 
“Os delegados, delegadas e toda a equipe que registra os casos de violência e atende as mulheres precisam estar muito bem preparadas e sensíveis à violência, mas não se pode pensar somente na perspectiva da segurança pública. Não pode haver descuido, não pode faltar financiamento, precisamos efetivar a prevenção da violência contra a mulher porque o que os dados nos mostram é que as mulheres continuam morrendo. A política de proteção não está protegendo e isso precisa mudar”, destacou Vera Núbia.
 
A professora também ressaltou que 80% das mulheres vítimas do feminicídio são mulheres negras, o que revela a necessidade gritante de políticas públicas efetivas para prevenir, atender e acolher as mulheres negras que são agredidas e assassinadas na esmagadora maioria dos casos.
 
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública alertam a triste realidade no estado de Sergipe, onde 69,1% dos feminicídios aconteceram dentro da própria residência, o que indica que o lar é o local mais perigoso para as mulheres de Sergipe. Além disso, 15,1% dos feminicídios aconteceram em via pública e 7,9% em outros locais.
 
De 2017 a 2022, foram registrados, respectivamente 6, 16, 21, 14, 20 e 19 feminicídios em Sergipe.Do total de feminicídios em 2022, 50% foram por arma branca, 26,5% por arma de fogo, 11,3% outro, 10,6% por agressão e 1,7% por objeto contundente.
 
“É preciso que a sociedade entenda que quando lutamos pelo bem viver é um pedido de socorro, nós estamos morrendo, estamos sendo assassinadas e precisamos resolver este problema. Só na semana passada, destaco que foram divulgados 3 feminicídios em que as mulheres assassinadas estavam com medidas protetivas, mas não adiantou de nada ir na delegacia para o registro e o pedido de medida protetiva. Esta política precisa de reforço para melhorar”, registrou Vera.
 
Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SE, Adenilde Dantas, também pesquisadora da luta feminista, ressaltou que o assédio moral no ambiente de trabalho e a violência psicológica contra a mulher também precisam ter ferramentas de combate pois propiciam um ambiente de permissividade da violência contra a mulher perpetuando este ciclo.

A palestra estava prevista no calendário de atividades do Coletivo de Mulheres da CUT e, na ocasião, também foram entregues os certificados do III Encontro da Marcha Mundial de Mulheres que aconteceu de 6 a 9 de julho em Natal.