Escrito por: CUT Sergipe
O problema da fome no Estado de Sergipe ganhou repercussão na imprensa nas últimas semanas. Mas apesar das críticas e cobranças, o Governo do Estado segue sem tomar nenhuma atitude efetiva para resolver o problema.
Dados do IBGE, referentes à Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar apontam o estado de Sergipe com mais insegurança alimentar no cenário nacional. São mais de 50,6% dos domicílios que enfrentam o problema em algum nível, representando 1,206 milhão de pessoas, sendo seguido do Pará, Amazonas, Maranhão e Piauí.
Enquanto a insegurança alimentar leve atinge 32,1%, o que significa 766 mil pessoas; a insegurança alimentar moderada atinge 324 mil sergipanos, correspondendo a 13,2% da população. A insegurança alimentar grave é a realidade de 126 mil pessoas, o que representa 5,3% da população de Sergipe.
A pesquisa foi realizada através de uma parceria com o IBGE, Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome a partir de metodologia da EBIA (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar) e revelou o que as organizações sociais que lidam diariamente com a fome no estado de Sergipe já sabiam.
Assistente Social na Comunidade Bom Pastor que distribui sopa semanalmente para a população em situação de rua de Aracaju, Vânia Ramos testemunhou que a realidade da fome na capital de Sergipe é crescente.
“Percebo claramente a fome. Eu me assusto com o aumento do número de pessoas que buscam alimento, a cesta básica. Com certeza o investimento está sendo muito pouco. A insegurança alimentar foi deixada de lado. As pessoas pensam que o Restaurante Padre Pedro resolve tudo, mas nem todo mundo pode chegar lá. A situação é gravíssima. A questão do desemprego está muito alarmante. Então a população está sem saída”, avaliou Rosivânia Ramos.
Por Mais Ação do Governo e Solidariedade da População
Em 40 anos de trabalho com a população em situação de rua de Aracaju, com grupo de atuação no Coqueiral e distribuição de sopa semanalmente , no turno da noite, em diferentes regiões de Aracaju, Vânia Ramos revelou que o período mais assustador da fome em Sergipe foi durante a pandemia, no entanto a rede de solidariedade que havia, acabou se dispersando.
“Apesar do período difícil, havia uma mobilização maior. A solidariedade se dispersou, o nível de desemprego é muito grande, as pessoas estão desesperadas por um lugar pra ficar, e por uma alimentação. A fome e a insegurança alimentar só aumentam em Sergipe, e não vejo nenhuma ação política eficaz para resolver esse problema tão grave”, criticou Vânia Ramos.
Para a assistente social, o programa Prato do Povo, divulgado pelo Governo de Sergipe em 21 municípios sergipanos não resolve o principal problema que é Aracaju.
“O Governo sempre aponta que já existem programas e projetos, mas do que adianta um restaurante popular se você tem que pagar r$ 9 de passagem para chegar. Precisamos de uma solução capilarizada. A fome não está só no Centro de Aracaju. Também precisamos falar da péssima qualidade dos alimentos. As pessoas tem passando mal com a comida do Restaurante Padre Pedro, é uma falta de respeito e é um prejuízo. O Estado gasta dinheiro para resolver o problema, mas não resolve”, explicou Vânia Ramos.
A assistente social cobrou mais respeito com a dignidade humana. “Não está havendo uma política eficaz e humana. Recebemos diariamente muitos pedidos de comida de mães, crianças com fome, e com bebês... É doloroso ver a população passando por isso. O Governo precisa agir”, destacou Vânia Ramos.
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