Jornalistas de Sergipe se unem em defesa de Cristian Góes
Coletivo Carolina Maria de Jesus de Pesquisa em Jornalismo e Cultura arrecada doações para pagar a multa sentenciada pelo Judiciário de Sergipe
Publicado: 13 Setembro, 2018 - 13h20 | Última modificação: 13 Setembro, 2018 - 13h55
Escrito por: CUT/SE
Num ato em defesa da liberdade de expressão e do fortalecimento da democracia, o Coletivo Carolina Maria de Jesus de Pesquisa em Jornalismo e Cultura, formado por jornalistas de Sergipe, lançou nesta semana uma campanha de apoio e solidariedade ao jornalista Cristian Góes, acusado pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE), Edson Ulisses, e condenado em 2013, pelo mesmo tribunal, por conta da publicação do texto fictício "Eu, o coronel em mim".
Agora, após cumprir pena criminal por 8 meses, prestando serviços num posto de saúde da capital sergipana, o jornalista está sendo obrigado a pagar indenização de R$ 54.221,97 ao desembargador. Serão acrescidos ainda a esse valor os honorários advocatícios, fazendo com que a conta chegue à casa dos R$ 66.000,00.
O coletivo está arrecadando contribuições pela internet e divulgando um texto explicativo sobre o que aconteceu. “Todas e todos sabemos que esse é um valor altíssimo para a grande maioria das trabalhadoras e trabalhadores. Por isso, decidimos somar esforços para coletivamente colaborar com a arrecadação, que pode ser de qualquer valor. Entendemos também que se engajar nessa causa, contribuindo financeiramente e divulgando o caso, para além de apoiar o jornalista, é acima de tudo um ato em defesa da liberdade de expressão e do fortalecimento da democracia”.
Acesse o link e colabore com esta luta: https://www.kickante.com.br/campanhas/escrever-nao-crime
DETALHES SOBRE O CASO - Em 29 de maio de 2012, o jornalista Cristian Góes publicou em um portal de notícias de Sergipe o texto ficcional intitulado “Eu, o coronel em mim”, uma crônica sobre o exercício de poder que poderia se adequar a qualquer contexto, época, local e personagens.
Entretanto, sob a interpretação dúbia e fundada de subjetividade, o Desembargador e atual Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, Edson Ulisses, e o Ministério Público Estadual de Sergipe (MPE) moveram dois processos - um criminal e outro cível - contra o jornalista, alegando que o personagem “jagunço das leis” se traduziria na figura do Desembargador.
Em julho de 2013, em um julgamento extremamente ágil, o Judiciário sergipano já condenava o jornalista a mais de sete meses de prisão.
A partir da defesa integral da liberdade de expressão, o caso começou a ganhar uma repercussão nacional e internacional, inclusive com uma denúncia formalizada na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), em outubro de 2013.
No entanto, mesmo com toda pressão exercida em torno do caso, em mais uma posição refratária do Poder Judiciário brasileiro, o recurso impetrado no Supremo Tribunal Federal com o pedido de revisão da condenação em solo sergipano foi negado, no dia 15 de agosto, sem sequer ter o seu mérito julgado.