Escrito por: Iracema Corso
Em frente à sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), a Rua Permínio de Souza lotou com famílias dos movimentos sociais, do movimento sindical de Sergipe e população em geral que participaram na noite da quarta-feira, dia 17 de abril, do lançamento do livro ‘Contra o Sionismo, Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista’, escrito pelo jornalista Breno Altman, organizador do site e canal Opera Mundi.
Desde o início do conflito entre Israel e Hamas em outubro de 2023, Breno Altman, que é judeu, vem denunciando o massacre contra o povo palestino em Gaza.
Em Sergipe, Altman reforçou a importância de que o mundo inteiro perceba as origens do problema e defenda o povo palestino dos ataques que vem sofrendo há mais de 70 anos. “O que acontece na Palestina hoje não é uma guerra religiosa, não é uma guerra entre povos, mas um conflito entre um povo colonizado e o estado colonial”.
Há 100 anos, quando a perseguição contra os judeus na Europa era um problema grave que durava muitos séculos, foi o jornalista judeu, Teodor Heltser, nascido na Alemanha, que criou as bases do Sionismo, a partir da publicação do livro O Estado Judeu.
Em sua palestra, Altman explicou que o Sionismo idealizou a criação de um Estado Racial Judaico para combater o antissemitismo através da instituição de uma etnocracia, ao invés de uma democracia, comum nos estados nacionais.
Contra o Sionismo
Altman falou que os judeus tiveram um papel revolucionário fundamental através do século 19 e 20. “Portanto o Sionismo, além de ser uma resposta nazista e colonial ao antissemitismo, também era uma resposta contra revolucionária, apoiada pela burguesia europeia para derrotar a influência crescente do marxismo entre judeus, e para diminuir a influência do judaísmo revolucionário na luta socialista”, acrescentou.
Breno Altman afirmou que a única solução para a criação do estado de Israel com supremacia racial judaica em um território com a população majoritariamente palestina só seria possível através da colonização, expulsão, extermínio e submissão do povo palestino.
“Assim o consenso ideológico do Sionismo é composto por duas características: a construção de um estado judaico étnico, um estado de supremacia racial judaica; e o direito de colonizar a Palestina para construir este estado de supremacia racial”, explicou Altman.
O autor do livro ‘Contra o Sionismo, Retrato de uma Doutrina Colonial e Racista’ ressaltou que o texto religioso, base do judaísmo chegou a ser alterado para fazer sentido o discurso de construção do Estado de Israel no território da Palestina. Pois o texto original afirmava que só após a chegada do Messias é que poderia haver o retorno do povo judaico à Palestina e a reconstrução do Estado de Israel. Como o texto religioso original era um obstáculo para o Sionismo, então ele foi alterado.
“Ser contra os nazistas não é ser contra os alemães. Portanto não podemos confundir o Sionismo com os judeus. Antissemitismo é outra coisa, é racismo, uma das mais odiosas formas de racismo que encontrou o seu esplendor no Holocausto quando Hittler matou 6 milhões de judeus. Portanto temos que separar essas duas coisas. Os sionistas tentam misturar e confundir, por isso essa distinção é muito importante de ser feita”, alertou Breno Altman.
Palestina Viva
A noite de lançamento do livro foi envolvida pela apresentação musical do grupo Palestina Viva. A Comunidade Palestina que vive em Sergipe participou do evento. O Sheikh Ahmad Bilal denunciou mais de 3.600 prisões administrativas de palestinos que acontecem sem nenhuma justificativa, sem prazo para terminar e sem o direito de defesa jurídica.
“São prisões que parecem sequestros relâmpagos, eles entram na casa das famílias palestinas, levam o filho adolescente sem justificativa nenhuma, e a família fica sem saber quando vai voltar a ver o seu filho, por que ele foi preso e nem tem direito a um advogado. É desta forma que o povo palestino vem sendo tratado. Isso é só um pouco do que sofremos desde a fundação deste estado ilegal que se chama Israel, e que no dia 14 de maio completa 76 anos de dominação, colonização israelense, racista e opressora”, declarou o Sheikh Ahmad Bilal.
O professor Geraldo Campos, do Departamento de Relações Internacionais (DRI/UFS), falou sobre as ações do movimento sindical e dos movimentos sociais de Sergipe em defesa da paz na Palestina.
“O movimento sindical e os movimentos sociais de Sergipe conseguiram mostrar com sua luta e atividades políticas que aqui o Sionismo não vai se enraizar. Nós não vamos normalizar o genocídio, não vamos normalizar o apartheid, não vamos normalizar o extermínio do povo palestino”, declarou o professo Geraldo Campos.
Atos de Rua e Palestras em Sergipe
Desde a intensificação mais recente do conflito Palestina/Israel, a CUT Sergipe tem se articulado junto a várias organizações sindicais e do movimento social para promover Seminários e debates rumo ao esclarecimento sobre o problema em todos os seus aspectos.
"Não podemos nos silenciar diante de tanta dor e sofrimento que o povo palestino vem enfrentando. O silêncio seria uma forma de sermos coniventes com a destruição de um povo. O jornalista Breno Altman fez um trabalho excelente de pesquisa, análise, crítica que nos ajudou a compreender o conflito que está acontecendo. É preciso compreender a realidade para poder transformá-la", declarou Roberto Silva, presidente da CUT Sergipe.
Em Sergipe, além do Seminário com o professor Murilo Meyi, já aconteceram palestras com os professores Ahmed Zogbi do CEAI/UFS e Geraldo Campos, professor do Departamento de Relações Internacionais (DRI/UFS) em outubro de 2023 e palestra do Professor Nildo Ouriques (IELA/UFSC) e do Sheikh Ahmad Bilal (Representante da Comunidade Palestina que vive em Sergipe) em novembro de 2023.
Além do lançamento do livro de Breno Altman “Contra o Sionismo, Retrato de uma doutrina colonial e racista” na última quarta, 17/4, Sergipe também construiu atos de rua pelo cessar fogo e pela paz na Palestina nos dias 3 de novembro (2023) e 8 de novembro (2023).