Escrito por: Iracema Corso

Luta unificada constrói o 29º Grito dos Excluídos com sede por justiça social

A força da luta unificada que reuniu a Central Única dos Trabalhadores, o movimento sindical, o MST, MTST, os movimentos sociais, a Pastoral do Povo de Rua, a Pastoral Carcerária, a Cáritas, o Conal (Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese), o movimento religioso católico e a Paróquia São Pedro Pescador, ocupou a Avenida Barão de Maruim, em Aracaju, no 29° Grito dos Excluídos, durante o desfile do 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil.

A sede por justiça, por paz social, a fome por direitos, por valorização dos trabalhadores, por moradia, emprego, dignidade, inserção social, cultura, terra para plantar, educaçao, saúde pública e a luta contra as privatizações se fez ouvir pelos representantes do Poder Público presente.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Roberto Silva, afirmou que o Grito dos excluídos e excluídas foi muito forte.

“Sentimos a vontade da esquerda sergipana em gritar por políticas de educação, saúde, habitação, reforma agrária, contra privatização, por valorização dos trabalhadores e defesa da população em situação de rua. Nosso desafio é construir o pós-grito com foco na defesa de políticas públicas de inclusão social para população em situação de rua. Estamos todos e todas de parabéns pela construção deste grande ato", declarou o presidente da CUT Sergipe.

O 29º Grito dos Excluídos levou pelas ruas do Centro de Aracaju até o desfile de 7 de setembro, o clamor pela paz social, por saúde pública, pela vida sem fome, pelo direito à terra para famílias camponesas, pelo direito à moradia para todos, por valorização aos trabalhadores, a luta contra as privatizações em Sergipe e no Brasil e pelo direito a ter direitos.

Ato Religioso

Na Catedral de Aracaju, o Ato Religioso foi conduzido pelo Conal, pela Cáritas e pela Paróquia São Pedro Pescador. "Deus te abençoe, Deus te dê a paz. A paz que só o amor é que nos traz", cantou o vigário José Soares da Paróquia São Pedro Pescador na abertura do protesto.

Entre as falas dos manifestantes, Magal da Pastoral e banda cantaram: “nenhuma família sem casa, nenhum(a) camponês(a) sem terra, nenhum trabalhador (ra) sem direitos, esse é o Grito dos Excluídos”, entre outras canções ao longo da caminhada até a Avenida Barão de Maruim.

Vários sindicatos levaram suas pautas de luta para a avenida, a exemplo das trabalhadoras domésticas de Sergipe, excluídas do direito de ter seus direitos assegurados.

"Somos excluídas do trabalho formal de carteira assinada, excluídas do direito à moradia, à educação, à saúde, das políticas públicas em geral, do direito à creche. Nem todas as trabalhadoras domésticas podem estar aqui. Muitas estão trabalhando. O Sindicato está aqui presente nesta luta representando todas as trabalhadoras domésticas de Sergipe que estão excluídas", afirmou Quitéria Santos, dirigente da CUT e do Sindomestico.

Graças à mobilização da Pastoral do Povo de Rua e outras organizações, houve uma participação inédita da população em situações de rua de Aracaju. “Ninguém gostaria de se humilhar nas ruas pedindo esmola. Buscamos que seja feita justiça, a Constituição Federal nos dá garantias. E estas mulheres e crianças que estão aqui merecem moradia e emprego. Tem que se respeitar este povo que está invibilizado”, afirmou Rosivania Ramos Barbalho, assistente social voluntária em Sergipe do Movimento Nacional da População em Situações de Rua.

Contra Privatizações e Por Valorização dos Servidores

A luta contra as privatizações, marcou presença forte no protesto. Contra a privatização da água e do saneamento, os dirigentes do SINDISAN dialogaram frente a frente com o Governo de Sergipe.

A luta pela reestatização da Eletrobrás é um debate muito sério que tem sido marcado por mentiras divulgadas em larga escala nas redes sociais para confundir a população a respeito deste assunto tão grave.

“Passamos por um momento crucial em todo o Brasil por duas causas: a primeira é a aposentadoria especial, pois hoje os trabalhadores eletricistas que trabalham nas empresas de energia elétrica do País estão com esta aposentadoria a partir dos 60 anos de idade, e um trabalhador que sobe em escada, sobe em torre não tem condição de ficar subindo a partir dos 60 anos de idade. A outra luta é pela reestatização da Eletrobrás, pois a soberania do País foi vendida. Eles venderam e já começaram os apagões em várias cidades. Isso é resultado da privatização do setor elétrico, então precisamos urgentemente reestatizar a Eletrobrás”, declarou Gilton dos Santos, dirigente do SINERGIA.

Moradia, emprego e dignidade

Na luta pelo direito à moradia a Dona Maria do MTST chegou a passar mal, pelo excesso de sol na caminhada e pela emoção nas suas palavras ao criticar a perversidade do governador Fábio Mitidieri por não ter assinado o convênio com o Governo Lula para garantir residências do Programa Minha Casa, Minha Vida para moradores da Ocupação Beatriz Nascimento.

Muitas crianças e muitas mães se fizeram presentes no Grito dos Excluídos 2023. A luta por emprego para as mães foi a principal reivindicação escolhida para Iraci Mendonça, trabalhadora rural, mãe e militante do Movimento Sem Terra (MST) do acampamento Emília Maria, em São Cristóvão, que abriga 250 famílias logo após o povoado Camboatá na luta por terra para produzir.

“Somos excluídas no mercado de trabalho que não tem oportunidade para as mães. Para quem já tem mais de 30 ou mais de 40 anos, não existe emprego no mercado. E nem tão pouco para as mais novas, que geralmente com filhos pequenos, não tem com quem deixar porque não existe creche. Existe muita exclusão e as nossas jovens e jovens não conseguem arrumar emprego. No acampamento onde vivemos, não chegam recursos financeiros, não temos energia, nem acesso a água, então enfrentamos uma situação de muita exclusão”, denunciou Iraci Mendonça (MST).

Contra a violência de todas as formas de exclusão que inviabilizam o futuro da juventude da periferia, o som do grupo Cultura da Periferia Barracão Cultural Hip Hop fechou o protesto do 29º Grito dos Excluídos enfatizando a importância da educação, emprego e arte, como as principais fomes que atingem a nova geração de sergipanos nascida na periferia de Sergipe.