Escrito por: Iracema Corso

Marcha da Consciência Negra fortalece luta para derrotar o racismo em Sergipe

Em meio ao silêncio sobre o racismo em Sergipe, no último sábado, dia 18 de novembro, a Marcha da Consciência Negra denunciou pelas ruas do Centro de Aracaju o preconceito racial que precisa ser vencido em Sergipe e em todo o Brasil.

A secretária de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), Arlete Silva, afirmou que: “diante da enorme contribuição cultural da ancestralidade negra na constituição do povo brasileiro, sergipano e nordestino, é inaceitável que continuem existindo várias formas de violência racista no dia a dia da população brasileira que é formada por 56% de negros e negras”.



A vice-presidenta da CUT/SE, Caroline Santos, criticou a invisibilidade da violência racista no Brasil e em Sergipe. "Hoje, estamos fazendo essa marcha, alusiva ao Dia da Consciência Negra, mas a nossa luta é diária: é de tarde, é de noite... Seja por melhores condições de trabalho, ou seja por sobrevivência. Nós, mulheres, homens, trans, idosos, crianças pretas, todos os dias nós enfrentamos uma batalha para sermos reconhecidos pelo que somos: brasileiros descendentes da África e com direito a ter uma vida digna”, frisou Caroline Santos.



Durante o protesto, o presidente do Sacema (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate a Endemias de Aracaju), Carlos Augusto, denunciou que a venda da Deso é um ato racista. “Vender a Deso é um ato de racismo por parte deste Governo do Estado. Quando se fala em privatizar a educação, sabemos que será retirada a educação das pessoas que não podem pagar uma escola de elite. São as pessoas pobres e negras que frequentam as escolas públicas da rede estadual e municipal, isso significa que a população negra de Sergipe não vai ter ensino de qualidade. Governador Fábio Mitidieri, privatizar os serviços públicos públicos é um ato de racismo”.



Para o professor Roberto Amorim, membro do Coletivo de Combate ao Racismo do Sintese (Sindicato dos Trabalhadores da Rede Oficial de Educação de Sergipe), desde o Brasil Colônia até hoje, a população negra sofre com a violência racista através da exploração no trabalho, com a fome, o genocídio do povo preto. “Estamos nas ruas para marchar nessa data que é símbolo da nossa luta. Precisamos extirpar esta mácula da sociedade brasileira, por isso trouxemos a nossa indignação para encher as ruas na luta pelo fim do preconceito religioso, e de todas as formas de preconceito racial”, observou Roberto Amorim.

Culto Ecumênico
Ainda na concentração da marcha, aconteceu ato inter-religioso com a participação dos companheiros Irenir de Jesus e Padre Soares (Igreja Católica e Cáritas), pastor evangélico Alexandre de Jesus, o bábàlorixá Paulo Lira, representante do Asé Egbè - Coletivo de Terreiros de Sergipe, Leonardo Paschoal, pelo Jardim Arcanjo Raphael, e as cantoras Patrícia Luz e Pollyana Figueiredo, apresentaram poesias e músicas em homenagem ao povo palestino.

 

Cultura Negra
Desde a concentração na Catedral Metropolitana de Aracaju, pelo percurso até o Quilombo Urbano da Maloca, localizado próximo ao Centro de Aracaju, a Marcha da Consciência Negra foi uma caminhada repleta de manifestações artísticas de grupos de Hip Hop e show do Descidão dos Quilombolas. Após a chegada na Maloca, a apresentação teatral, banda de pífanos e canções de Capoeira ao som do berimbau deram continuidade à programação de união e fortalecimento da identidade do povo negro de Sergipe para o combate ao racismo.

A Marcha da Consciência Negra foi construída por várias organizações do movimento negro, bem como pelos movimentos sociais e o movimento sindical de Sergipe.