Movimento Não Pago faz protesto contra aumento da tarifa de ônibus, na porta da Prefeitura de Aracaju

O Movimento Não Pago juntamente com entidades sindicais e outros movimentos sociais estiveram presentes na porta da Prefeitura de Aracaju, na manhã da última quinta-feira, 31, para inaugurar um processo de diálogo com a nova gestação municipal sobre o pedido de reajuste de 11% na tarifa de ônibus apresentado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setransp). Caso o pedido seja aceito pela Prefeitura o valor da passagem, atualmente de R$ 2,25 passaria a ser de R$ 2,52.

O Movimento ‘Não Pago’ considera o reajuste abusivo. “O fato é que as empresas de ônibus oferecem um serviço de má qualidade com ônibus quebrados, superlotação, falta de cobertura nos pontos de ônibus, atraso das linhas, baratas nos ônibus. Além de nunca revelarem demonstrações contábeis, ou quaisquer dados que comprovem que operam em déficit, ou que o passivo está maior que o ativo. Aliás, a própria prefeitura contribui para que não haja transparência nesse processo”, declara o economista e integrante do Não Pago, Demétrio Varjão.

A Central Única dos Trabalhadores em Sergipe (CUT) também participou da manifestação. “Estamos aqui para defender as bandeiras de luta dos trabalhadores e dos estudantes no que diz respeito ao transporte público de Aracaju. Exigindo o congelamento imediato da tarifa, a abertura de um processo de licitação com participação social, além da apresentação das planilhas de lucro do empresariado do ramo. O transporte coletivo é um serviço público, por isso, obrigatoriamente tem que ter publicidade e transparência, inclusive obedecendo a Lei de acesso à informação, que não deve ficar restrita a administração direta. Por isso, a CUT vem mais uma vez somar nessa luta, que já acontece todos os anos”, afirma o secretário de políticas sociais da CUT/SE, Plínio Pugliesi.

A futura secretária de Defesa Social e Cidadania, Georlize Teles, recebeu a carta com as reivindicações e ouviu o pedido dos integrantes do Movimento Não Pago. “Estou recebendo este documento que pede melhorias no transporte público da Grande Aracaju da mesma forma que recebi o requerimento do Setransp, no qual, solicita o aumento da tarifa. O documento contém vários itens que serão analisados. Concordamos com alguns deles, mas outros precisam ser discutidos, por isso, precisamos dialogar e chegar a um consenso”, disse.

Sobre o pedido do Setransp a futura secretária explica que a posição da prefeitura neste momento é avaliar o que foi apresentado. “Já avisamos ao Setransp que para aceitar o pedido a SMTT tem uma série de outras questões que precisa ser avaliada como a condição do transporte público que é oferecido. Ainda não chegamos à conclusão de que os argumentos não são factíveis, porém a questão é que ao chegarmos à Prefeitura encontramos um transporte público que todos sabem que não atende com a qualidade que deve atender a população. Pretendemos discutir com o Setransp o porquê de o transporte ser tão ruim, saber onde está o problema. Mas eu não entendo que as empresas de ônibus são meus adversários, a questão é que eles precisam oferecer um serviço de boa qualidade e nós, a administração, precisamos atender bem a população, esse é nosso ponto de convergência”, afirma.

De acordo com o Movimento Não Pago, nas últimas décadas o reajuste da tarifa vem se dando a portas fechadas, num acordo obscuro entre gestores municipais e empresários do transporte. Contrariando a Lei Orgânica do Município, que em seu artigo 241 obriga que todo aumento na tarifa de ônibus passe pela Câmara de Vereadores.

A futura secretária de Defesa Social e Cidadania, Georlize Teles, garantiu que esse ano vai ser diferente. “A Câmara de Vereadores tem a obrigação de discutir isso também. Os 24 vereadores, eleitos pelo povo, vão ser consultados como manda a Lei. Eles podem até não agradar, mas suas posições terão que ser assumidas”, afirma.

Audiência com a SMTT

Na última sexta-feira, dia 1 de fevereiro, foi realizada uma primeira reunião na SMTT com os integrantes do Movimento Não Pago e a futura secretária municipal de Defesa Social e Cidadania, Georlize Teles, fruto da manifestação do dia anterior na porta da Prefeitura de Aracaju.

O objetivo dos integrantes do Movimento Não Pago era solicitar da secretária um posicionamento quanto ao pedido de congelamento da passagem de ônibus, reforma dos terminais e pontos de ônibus, de uma auditoria dos custos e lucros das empresas e realização da licitação democrática e com ampla participação popular. Porém, Georlize disse que ainda não existe uma data prevista para se posicionar com relação à solicitação do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp) que pede um percentual de 11% sobre o reajuste da tarifa de ônibus.