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No 1º dia de Paralisação da Rede Estadual, professoras/es tomam porta da Seduc

Publicado: 24 Abril, 2024 - 10h23 | Última modificação: 24 Abril, 2024 - 10h30

Escrito por: Luana Capistrano (SINTESE)

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O primeiro dia de paralisação da Rede Estadual de Ensino foi marcado por ato, em frente ao Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc), nesta terça-feira, dia 23. Professoras e professores, de todo o estado, se juntaram ao seu Sindicato na luta por valorização e melhores condições de trabalho nas escolas.

“Somos mais fortes quando nos unimos, quando assumimos o compromisso, junto com SINTESE, de tomar as ruas, ativos e aposentados, e lutar por nossos direitos, pelo direito de nossos estudantes a uma educação que nos trate com dignidade, que valorize professoras e professores, que dê plenas condições de ensino e aprendizagem. É importante que nestes dois dias sigamos mostrando a nossa força, não só aqui em Aracaju, mas também nos atos que acontecerão quarta-feira, em todas as regiões do Estado”, coloca a vice-presidenta do SINTESE, professora Ivônia Ferreira.

Como disse, a professora Ivônia em sua fala de saudação no início do ato, quarta-feira, dia 24 também será dia de luta. O SINTESE fará atos regionais em sete cidades, onde estão as subsedes do Sindicato. O objetivo é dialogar com a população, em todos os cantos de Sergipe, sobre as principais pautas de luta das professoras e professores para 2024.

Veja onde serão os atos de quarta-feira

– Região do Alto Sertão: ato em Nossa Senhora da Glória, na porta da DRE 9, às 8h da manhã;

– Região Sul:  ato em Estância, na Praça Barão do Rio Branco, às 8h da manhã;

–Região Centro Sul: ato em Lagarto, na porta da DRE 2, às 8h da manhã;

–Região Agreste: ato em Itabaiana, com concentração na Praça General João Pessoa, às 8h da manhã e caminhada até DRE 3;

–Região do Vale do Cotinguiba: ato em Japaratuba, em frente a DRE 4, às 8h da manhã;

–Região Baixo São Francisco I: ato em Propriá, em frente a DRE 6, às 8h da manhã;

–Região Baixo São Francisco II: ato em Neópolis, na Praça José Moreno de Santana, às 8h da manhã.

Valorização

A valorização do magistério tem sido uma árdua luta do SINTESE ao logo dos últimos anos, o Sindicato cobra que o Governo do Estado, assegure o percentual do piso salarial de 2024, que é de 3,62%, para que não haja mais perdas, diante do processo de retomada da carreira iniciado em janeiro deste ano.

“O processo de valorização, passa justamente pela recomposição de nossa carreira, e para que haja recomposição é preciso assegurar o piso, caso contrário teremos perda salarial e os patamares conquistados em 2024 também serão perdidos”, afirma o presidente do SINTESE, professor Roberto Silva.

Ainda na pauta de valorização, professoras e professores luta pelo descongelamento da Gratificação de Tempo Integral (GATI) e também do triênio e de outras gratificações que se tornaram fixas reajustáveis.

A devolução dos 14% confiscados de professoras e professores aposentados, ao longo de 2 anos e 2 meses, também está na pauta de luta por valorização.

Estrutura e condições de trabalho

Saunas de aula, é assim que a maioria das professoras e professores descrevem suas salas de aula. Grande parte dos prédios que abrigam as escolas da Rede Estadual de Ensino não são adequadamente climatizados, com isso, o SINTESE tem recebido constantemente denúncias de professoras, professores e estudantes que passam mal dentro da sala de aula de tanto calor.

Como se não bastasse o calor, a alimentação escolar é incipiente, o que predomina é frango e macarrão. Lanches prontos, com baixo teor nutricional, também estão entre os principais alimentos servidos aos nossos estudantes na Rede Estadual.

“As escolas, sobretudo as de tempo integral, precisam ser restruturadas, vivemos hoje em dia uma onda de calor assustadora, a temperatura global aumentou entorno de 2° e várias escolas não têm climatização. As escolas também precisam ser restruturadas com biblioteca, quadra poliesportivas. A alimentação escolar é outro grave problema. Nossos estudantes comem basicamente frango todos os dias. Precisamos de nutricionistas, alimentação diversificada. Precisamos também do pessoal de apoio para acompanhar, junto aos professores, os estudantes com deficiência e/ou outras necessidades específicas. Além de apoio psicológico a nossos estudantes, pois é inadmissível que nossos alunos sigam desassistidos nesse processo complexo do capitalismo e com as necessidades que surgem de problemas psicológicos”, aponta o dirigente do SINTESE e professor do Tempo Integral, Fernando Gramoza.

Assim como pontuou o professor Fernando Gramoza, outro grave problema apontado pelas professoras e professores da Rede Estadual de Ensino é a falta de profissionais de apoio, nas salas de aula para trabalhar junto aos estudantes neurodiversos e com deficiências.

Relatos dão conta que em uma sala de aula, muitas vezes a professora ou o professor tem 4, 5, 8 estudantes com algum tipo de deficiência ou neurodivergência, e que estes educadores estão sozinhos em sala de aula, sem qualquer tipo de suporte para atender as necessidades e trabalhar as aptidões de seus estudantes.

“O direito a educação é um direito universal, na medida em que simplesmente se coloca um professor em sala de aula com 35 alunos, desses 4, 6 ou 10 sofre com algum tipo de deficiência ou neurodivergência e na sala não é assegurado o pessoal de apoio para contribuir também com o processo de aprendizagem desta criança ou adolescente, o que o Governo está fazendo na verdade é “fazer de conta” que há inclusão. Precisa ser pensado em equipes multidisciplinares, para trabalhar as necessidades e aptidões desses estudantes. Hoje, da forma como está sendo feito, podemos afirmar que o Governo do Estado não assegura, nem ao professor e nem ao estudante, condições plenas para do processo de ensino e aprendizagem”, denuncia o presidente do SINTESE.

O retorno do auxílio internet e do auxílio tecnológico também é uma outra pauta cobrada por professoras e professores ao Governo do Estado. A garantia de ambos passa por assegurar estrutura e condições de trabalho a nossa categoria, já que os diários, onde são registradas notas e presenças dos estudantes, são eletrônicos. Vivemos na era digital e professoras e professores precisam também deste suporte para estudo, pesquisa e auxílio em suas aulas.

O SINTESE também tem travado a luta pelo concurso público na Rede Estadual de Ensino. O último concurso na rede foi em 2012. O Sindicato já enviou ofícios ao Governo do Estado solicitando que seja criada uma comissão paritária, entre SINTESE e Governo, para a elaboração do Edital do concurso. O número de professoras e professores contratados já extrapola o percentual estabelecido por Lei, de apenas 10% da rede de ensino.

“Não temos nada contra os professores contratados, respeitamos estes trabalhadores. O que queremos, até como garantia de respeito, é que o governo abra concurso público para que estes professores e outros possam se tornar servidores públicos, criem vínculos na rede de ensino, porque os contratos são apenas de 2 anos, e possam desenvolver seus trabalhos com segurança, sem temer a ameaças ou perseguições, que infelizmente os contratados sofrerem. Precisamos de uma categoria cada vez mais fortalecida e o fortalecimento vem também do concurso público” explica o professor Roberto Silva.

O que basta é vontade política

Para finalizar o ato desta terça-feira, 23, professoras e professores adentram a Seduc entoando as seguintes palavras de ordem “Governador, preste atenção: piso e carreira é sua obrigação”.

Para presidente do SINTESE há condições do Governo Fábio Mitidieri atender as demandas e reivindicações da categoria, basta compromisso e vontade política.

“O intuito destes dois dias de paralisação é dialogar com a sociedade e cobrar do Governo do Estado repostas positivas a nossas reivindicações, que estamos esperando desde o início do ano. O governo pode atender nossa pauta, tem dinheiro para isso, basta querer, basta cumprir o que prometeu e assumir o compromisso com a educação de Sergipe, a partir da garantida de valorização das professoras e professores e condições estruturais das escolas”, enfatiza o presidente do SINTESE.