Escrito por: Iracema Corso

No Bairro América, ‘Chamada Contra Morte’ combate maior chacina da história do BR

“Atitude do governador de ignorar as 121 vidas ceifadas nesta chacina fere os direitos humanos”, diz Paulo Lira (CUT-SE)

Em solidariedade às 121 pessoas assassinadas na maior chacina da história do Brasil, o protesto ‘Chamada Geral Contra a Morte’ foi realizado em Aracaju, na noite da sexta-feira, dia 31 de outubro, na Praça Roosevelt, no Bairro América.

O protesto em Sergipe foi realizado pelo Fórum de Entidades Negras de Sergipe, a Rede de Mulheres Negras de Sergipe, o Coletivo Saudade e a Marcha das Mulheres Negras.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) participou da manifestação representada pelo secretário de Organização e Política Social da CUT-SE, Paulo Lira, e pela secretária de Combate ao Racismo da CUT-SE, Arlete Silva.

“A CUT se solidariza com as 121 pessoas mortas pela chacina no Rio de Janeiro e repudia a atitude do governador Fábio Mitidieri que se manifestou sobre o assunto ignorando o luto e a dor de todas as pessoas que perderam familiares. Tanto é valorosa a vida dos policiais como é valorosa a vida das pessoas que vivem na favela. O fato de morarem na favela não quer dizer que a vida dessas pessoas vale menos ou que elas podem ser assassinadas a qualquer momento. Vidas humanas tem valor. Essa chacina fere os direitos humanos. E no Brasil a pena de morte é ilegal”, declarou Paulo Lira.

A CUT-SE defende que a violência policial e a morte deixem de ser banalizadas na periferia das cidades.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT-SE, Arlete Silva observou que o protesto foi realizado no Bairro América com o intuito de alertar à população das periferias contra esta política de estado genocida.

“Não podemos nos calar diante de toda essa violência covarde praticada no Rio de Janeiro, porque se nós normalizarmos, estaremos permitindo que isso aconteça de novo em outras periferias do Brasil. A chacina que aconteceu no Morro da Penha e no Morro do Alemão traduz o que é um estado genocida. A gente precisa, no Brasil, de uma política de segurança que de fato dê segurança aos cidadãos e cidadãs”, afirmou Arlete Silva.

Alta Letalidade Policial
Sergipe é um dos estados brasileiros com maior número proporcional de letalidade policial. No que se refere à letalidade policial, a realidade local não está tão distante do horror vivenciado no Rio de Janeiro. Segundo dados divulgados pela Mangue Jornalismo, aqui a essência política da segurança também se resume em confronto e morte.

A cidade de Itabaiana lidera no Brasil os casos de letalidade policial. Conforme dados da 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, foram registradas, em Itabaiana, 41 mortes violentas, sendo 31 delas praticadas pela própria Polícia, nos chamados confronto nas trocas de tiro. Ou seja, 75,6% das mortes em Itabaiana em 2024 foram provocadas por agentes de segurança pública tendo como vítimas jovens, homens negros e pardos das favelas.

De acordo com levantamento do Ministério da Justiça, 145 pessoas suspeitas de crime foram mortas pela Polícia de Sergipe em 2024. Em números absolutos, são mais mortes do que em 17 estados da federação, entre eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco. De 2020 até hoje, são 1.200 mortes em Sergipe produzidas pela Polícia.