Escrito por: CUT Sergipe
Com auditório lotado, a Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) recebeu a vereadora de Campinas/SP, Guida Calixto (PT) e o deputado estadual do Paraná Renato Freitas (PT) para o debate “O Governo Lula e os Desafios para a Esquerda de Aracaju”, na manhã da quinta-feira, dia 9 de maio.
O debate foi intenso. O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, deu as boas-vindas aos palestrantes e falou sobre a importância da unidade da esquerda em Sergipe.
“Temos uma construção muito rica, muito forte e muito cara para ser mantida que é a unidade das esquerdas em Sergipe desde 2013. A combinação da luta de rua, o enfrentamento direto mais a cobrança de políticas, dos nossos direitos e momento de formação política são fundamentais para o nosso fortalecimento”, afirmou o presidente da CUT/SE.
Roberto Silva agradeceu aos dois parlamentares do PT que estão enfrentando uma luta muito dura, com perseguição, ameaças de morte, violência verbal racista em plena sessão plenária, tentativa de cassação dos mandatos políticos legítimos – um cenário que só é possível através da disseminação de ideias fascistas, antidemocráticas, ancoradas na violência anônima e covarde. “Esse debate que vocês trazem é urgente e é mais que necessário”, afirmou Roberto.
O professo Roberto Silva lembrou a operação policial que foi realizada em São Cristóvão tendo como alvo estudantes da escola pública que tiveram que colocar suas mochilas no chão para que cães farejadores fizessem a vistoria.
“Fizemos o enfrentamento. Denunciamos esta ação. Fomos processados pela Polícia Militar, fomos condenados em primeira instância, vamos recorrer. Mas esta ação foi importante porque eles recuaram, não repetiram novas operações, pois o comandante da Polícia havia dito que as operações iriam continuar, então surtiu efeito a nossa luta”, declarou o presidente da CUT/SE.
HQ Territórios Negros – Nossos Passos Vêm de Longe
Em seu primeiro mandato como vereadora do PT em Campinas, Guida Calixto lançou e distribuiu a História em Quadrinho HQ Territórios Negros – Nossos Passos Vêm de Longe e através dessa publicação impulsionou o debate sobre o racismo na cidade incomodando muito a mentalidade machista e escravocrata local.
Guida Calixto explicou que a publicação do seu HQ é fruto de um grandioso trabalho de pesquisa dos territórios de Campinas para resgatar todo histórico da ancestralidade negra.
“Campinas foi uma cidade onde se aplicava violência física de forma extrema. No passado, muitos escravos que eram enviados para Campinas preferiam se matar antes de chegar. Então esta é a cidade de onde eu venho. Mas, ao mesmo tempo que tem uma elite tacanha, sendo um pólo forte da extrema direita golpista, é também a cidade que forjou muitos lutadores e lutadoras, como o sindicalista Armando Gomes, João Barbeiro e Laudelina de Campos”, contextualizou Guida.
Guida Calixto criticou a forma como a contribuição e luta do povo negro é negada, ignorada, principalmente na educação formal, como se considerassem o nosso marco zero o processo de escravização.
“Apagam tudo que é contribuição que a população negra deu para as nações em todo o mundo. É como se nós tivéssemos nascidos escravos, inclusive a palavra naturaliza esse processo violento de colonização, apaga a nossa diáspora. Chega de apagar a nossa história. Por isso não tem recuo. Vamos continuar gritando, chorando, com muita emoção, muita juventude, muita mulher, com nossa população periférica, é com esse povo que a gente vai marchar, querendo os fascistas ou não”, declarou Guida Calixto seguida de aplausos.
Deserto de Direitos e solidariedade humanitária
Renato Freitas (PT), deputado estadual do Paraná, também está sendo ameaçado de morte, já sofreu muita perseguição política da extrema direita que cassou o seu mandato de vereador no passado, depois a cassação foi anulada, mas a perseguição continua.
Por sua história de vida, trabalho com a população em situação de rua, presença do Hip Hop em sua caminhada e dedicação a um projeto cultural revolucionário a partir das cozinhas comunitárias, Renato Freitas fez um discurso ancorado na realidade e na urgência da necessidade de transformação social no Brasil.
“Para as mães em luto pelos seus filhos, a política policial de estado de exceção tem que ser transformada amanhã. Pro desempregado que chega em casa depois do dia distribuindo currículo sem ter passagem pra voltar... E vê seus filhos chorando sem fralda, sem leite, sem comida, pra essa pessoa o sistema capitalista tem que ser explodido hoje. O tempo de urgência não se dá pela racionalidade cartesiana. A urgência só se sente a partir da pele. O que se sente na pele é da ordem do sensível, da vivência, tem que haver uma aliança inquebrantável entre a linha do científico e a linha das vivências no Brasil”, afirmou Renato Freitas.