Escrito por: Iracema Corso
Saiba quais parlamentares sergipanos votaram na Medida Provisória que vai tornar a conta de energia mais cara e que entrega o patrimônio público à iniciativa privada
A maioria dos parlamentares do Congresso Nacional aprovou a privatização da Eletrobrás com voto favorável à Medida Provisória MP 1031. No dia 21 de junho, a privatização teve o voto dos deputados por Sergipe Valdevan Noventa (PL) e de Bosco Costa (PL). Na Câmara Federal o placar foi de 258 a 136. Na primeira votação na Câmara Federal, Gustinho Ribeiro (Solidariedade) se posicionou a favor da privatização.
Dias antes, em 17 de junho, o Senado havia aprovado a privatização da Eletrobrás por 42 votos a 37. Maria do Carmo (DEM) foi a única senadora de Sergipe que votou pela entrega do patrimônio nacional à iniciativa privada. Uma decisão política que vai tornar a conta de energia mais cara prejudicando a população de todo o Brasil.
A maioria dos parlamentares de Sergipe se posicionou contra a privatização da Eletrobrás: os senadores Rogério Carvalho (PT) e Alessandro Vieira (Cidadania), bem como os deputados federais João Daniel (PT), Fábio Henrique (PDT), Laércio Oliveira (PP) e Fábio Mitidieri (PSD).
Segundo Paullo Roberto Gomes, Diretor do Sinergia/SE (Sindicato dos Eletricitários de Sergipe) e funcionário da Chesf Jardim (Nossa Senhora do Socorro), o estrago da privatização da Eletrobrás será enorme para a população de Sergipe.
“Mais de 90% da água doce que temos em Sergipe vem do Rio São Francisco e as águas do Rio São Francisco vão ficar nas mãos de um dono. Prevemos prejuízo nos impostos, no turismo, nas compensações financeiras que vão afetar o Estado e Municípios. Isso sem falar na demissão de funcionários, que sempre acontece quando há privatização. A precarização dos serviços e o aumento das tarifas são os efeitos mais visíveis, mas o estrago é colossal”, afirmou Gomes.
“A região de Xingó é uma importante atração turística de Sergipe. É um local com beleza natural paradisíaca que movimenta bares, hotéis, pousadas e agências de turismo. Com uma empresa privada gerindo a Chesf não temos nenhuma garantia do que será da região Xingó”, acrescentou Paullo Gomes.
O dirigente sindical afirmou que atualmente a Chesf possui em Sergipe cerca de 80 trabalhadores diretos e 30 indiretos. Além disso, ele destaca a atuação da Chesf/Eletrobrás como imprescindível e fundamental para toda a região Nordeste. “Além das ações sociais da empresa, povoamento de peixes no rio, recuperação das matas ciliares – pois a Chesf tem uma sementeira com mudas nativas, a Chesf construiu e mantém uma estação de piscicultura para criar alevinos (peixes recém-nascidos), inclusive filhotes de pitu para repovoar o rio. É uma tragédia para o Rio São Francisco”, avaliou Paullo.
Não bastasse o impacto negativo para a natureza e a população, ainda há o prejuízo financeiro e à soberania nacional. Paullo Gomes e outros dirigentes sindicais destacam que a Eletrobrás vale R$ 420 bilhões, tem lucro líquido anual de R$ 6 bilhões e não pode ser vendida no valor estimado de R$ 60 bilhões.
“É um crime lesa pátria! E não é lucrativo. Sabemos que com a privatização a empresa deixará de comprar e contratar serviços no Nordeste, a exemplo do que aconteceu com a Energisa que compra tudo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Economicamente só há desvantagens para o Brasil, para o Nordeste e principalmente para a população. É inaceitável”, afirmou o sindicalista.
No dia seguinte à aprovação no Congresso Nacional da MP que autoriza a privatização da Eletrobrás, trabalhadores protocolaram uma denúncia sobre a inconstitucionalidade da MP 1.031 no Tribunal de Contas da União.
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