MENU

OPINIÃO: A Operação Cajueiro e a sua memória mais viva em Marcélio Bonfim

Publicado: 22 Fevereiro, 2023 - 17h15 | Última modificação: 22 Fevereiro, 2023 - 17h23

Escrito por: Professor Dudu (ex-presidente da CUT/SE)

notice

Foi exatamente no dia 20 de fevereiro de 1976 que as forças armadas iniciaram em Sergipe uma tenebrosa perseguição aos comunistas que entrou para a história com o nome de Operação Cajueiro.

O objetivo era aniquilar o PCB – Partido Comunista Brasileiro em todo o território nacional que mesmo na clandestinidade continuava organizando setores da classe trabalhadora e por isso a operação contou com o comando nacional mais as forças de repressão da Bahia e Sergipe.

É fundamental que as vítimas da Operação Cajueiro que sofreram torturas nos porões do 28º Batalhão de Caçadores em Aracaju mantenha a memória viva para evitar que a história se repita.

Nesse aspecto ninguém tem feito mais esse esforço do que Marcelio Bomfim que tem palestrado em escolas, universidades, espaços sindicais, no movimento popular e em qualquer lugar que seja convidado a falar sobre o tema.

Eu imagino o que se passou na cabeça dos ex-presos políticos sergipanos ao verem um acampamento em frente ao Quartel do Exército (28º BC) organizado por bolsonaristas que pediam intervenção militar após a eleição vencida por Lula.

Marcelio entrou para a luta política ainda muito jovem e um dos influenciadores foi Félix Mendes (artista plástico já falecido). Os dois se conheceram durante uma panfletagem em frente ao Colégio Estadual Tobias Barreto.

Após a prisão e torturas Marcelio deixou o Brasil por orientação da direção nacional do PCB e se exilou em Moscou ainda durante a Guerra Fria entre URSS e EUA.

O jovem Marcélio além de militante do PCB foi um dos fundadores do PT inclusive foi candidato a governador no início do partido e em seguida eleito duas vezes vereador de Aracaju, uma pelo PSB e outra pelo PPS.

Um fato que merece registo foi durante o primeiro governo de Lula e o debate sobre a instalação da comissão da verdade ganhava fôlego e os militares trataram de dar fim a documentos que servissem como prova das torturas e assassinatos promovidos por eles durante o regime ditatorial.

Durante uma matéria da TV Globo na Base Naval em Salvador sobre os arquivos da Ditadura Militar, a jornalista registrou uma pilha de documentos queimados nos arredores da base naval, porém o fogo não fez o serviço completo e eis que aparece uma foto de Marcelio Bonfim anexada a um dossiê.

Ele estava na mira da Ditadura mesmo depois de tanto tempo e de estar em pleno mandato de vereador.

Mesmo durante o carnaval, não podemos deixar de lembrar de quem sofreu na pele literalmente para defender a liberdade.

Que as novas gerações procurem conhecer a história de gente como Marcélio Bonfim, Antônio José de Gois (Goisinho), Milton Coelho, Pedro Hilário, Antônio Bitencourt, Gervásio Santos, Wellington Mangueira, Edson Sales etc.

Na foto Marcélio Bonfim e Lula no início do PT quando o metalúrgico tentava convencer Marcelio a colocar o nome como candidato a governador em Sergipe.