Escrito por: Prof. Paulo Cesar Lira Fernandes, Rede Pública Estadual, secretário de Organização e Política Sindical da CUT/SE

Opinião: Sobre reconhecimento facial em escolas públicas

Nesta segunda-feira, dia 5 de fevereiro, fiquei bastante atônito ao ver no noticiário da TV Sergipe, uma matéria acerca da implantação da tecnologia na Rede Pública Municipal de Educação de Aracaju.

Nessa reportagem, teve um aspecto da implantação desses aparelhos tecnológicos que me deixou indignado, que foi o tal de reconhecimento facial, o Sr. Secretário municipal de Educação, Ricardo Abreu, disse em bom tom que era para substituir o diário eletrônico e isso traria maior controle na escola. Do ponto de vista pedagógico, qual seria a utilidade desse reconhecimento facial?

Vamos contextualizar essa discussão no que diz respeito às escolas públicas de Aracaju, nelas são oferecidas vagas na educação Infantil e no ensino fundamental e a maioria dessas escolas estão na periferia do município.

Vale lembrar que nessas escolas uma parte considerável dos estudantes são crianças, meninos e meninas negras, ou seja, esse reconhecimento facial tem no seu bojo uma segregação das crianças e adolescentes de pele negra.

Por que precisa se controlar e identificar os filhos e filhas da classe trabalhadora, dos desvalidos e dos que mais precisam? Será que em uma escola particular as crianças e os adolescentes são tratadas dessa forma com um reconhecimento facial?

Sou professor há 34 anos da rede estadual, já vi tudo na minha vida, agora algo tão asqueroso como esse nunca, nem nos governos de direita. Com esse reconhecimento facial, os estudantes do município serão tratados como pessoas à margem da sociedade referendado pelo poder público que deveria protegê-los.

Senhor Prefeito Edvaldo Nogueira, a escola precisa ser um espaço acolhedor, alegre e educativo e não um espaço excludente e de segregação. Não ao reconhecimento facial das crianças e adolescentes da rede pública de educação do município de Aracaju.

Crédito da Imagem: Freepik