“Os super ricos têm que pagar imposto, justiça tributária já” (Caroline Santos CUT)
Sindicatos defendem aprovação do PL 1087, para diminuir a carga tributária elevada que a maioria da população brasileira paga, enquanto super ricos gozam de isenção fiscal
Publicado: 18 Agosto, 2025 - 13h22 | Última modificação: 18 Agosto, 2025 - 13h55
Escrito por: Iracema Corso

A ‘Reforma do Imposto de Renda – um passo para a Justiça Tributária’ foi o tema da 2ª Jornada Nacional de Debates do Dieese, realizada na quarta, dia 13 de agosto, na sede do SINDIFISCO. A economista do Dieese, Flávia Rodrigues, apresentou um estudo mostrando que o crescimento acelerado da concentração de renda está tornando o mundo cada vez mais desigual.
Rodrigues também apresentou dados do DIRPF 2022 mostrando que no Brasil, os 10% mais ricos se apropriam de 51,5% da renda total e gozam de 69% de isenção tributária. Enquanto isso, 50% da classe trabalhadora com renda de até R$ 5 mil se apropriam de 14,40% da renda total e o percentual de isenção tributária é de apenas 19%.
A partir deste cenário, a economista do Dieese reforçou a importância da aprovação do Projeto de Lei 1.087/2025 que propõe isenção de imposto para quem ganha até R$ 5 mil por mês, e um imposto menor, escalonado proporcionalmente, para quem recebe até R$ 7.350 por mês.
O projeto também propõe a cobrança de 10% sobre lucros e dividendos recebidos por acionistas, pessoa física, que recebem mais de R$ 50 mil por empresa, além do imposto de até 10% para rendas a partir de R$ 600 mil por ano.
Na prática, após a aprovação do PL 1.087, um motorista que recebe mensalmente R$ 3.500 e paga por mês R$ 39,76 vai ter uma economia direta anual de R$ 530,02. E uma professora que recebe R$ 5 mil por mês e paga R$ 312,89 de imposto mensal, vai economizar por ano R$ 4.170,82.
A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SE), Caroline Santos, reforçou a necessidade de mobilizar a população brasileira para esta luta.
“Quem recebe salário tem o imposto de renda descontado compulsoriamente, enquanto parcela da população riquíssima não paga o imposto direto, que é o imposto de renda. Todos pagamos imposto indireto através do consumo. Então a gente precisa discutir e mobilizar a população porque a gente sabe que o nosso Congresso Nacional só funciona na pressão”, revelou Caroline.
“O discurso de que as pessoas não querem taxar os mais ricos no Brasil e que estão satisfeitas com o sistema tributário não é real. É preciso de uma ação política urgente para corrigir esta injustiça tributária. Enquanto o PL 1.087 fica parado no Congresso Nacional, é a maioria da população brasileira quem paga a conta do rentismo, da financeirização e da desigualdade que se aprofunda cada vez mais”, explicou Flávia Rodrigues.
Desigualdade Histórica
A partir de dados da Oxfam/2025, a economista informou que em 2024 foram criados 204 novos bilionários, quase 4 por semana. No ano de 2023, o 1% mais rico do Norte Global extraiu 30 bilhões de dólares por hora do Sul Global, onde o Brasil se encontra. Cada bilionário teve sua fortuna aumentada, em média, em 2 milhões de dólares por dia. Para os 10 bilionários mais ricos, suas fortunas cresceram, em média, 100 milhões de dólares por dia.
A origem da riqueza do Norte Global se deu a partir da construção da injustiça no colonialismo. E o crescimento acelerado da concentração de renda está moldando um mundo cada vez mais desigual. Neste contexto, dentre 176 países, o Brasil é o 13º pior em concentração de renda.
Segundo o Relatório Global de Riqueza 2025, o Brasil tem 433 mil milionários e é o País mais desigual da América Latina. De acordo com as Nações Unidas, entre os anos 2010 e 2017, o Brasil chegou a alcançar a posição do 3º País mais desigual, perdendo apenas para o Qatar e Moçambique.
Flávia Rodrigues destacou que o combate da pobreza no mundo e no Brasil depende também de medidas políticas para a distribuição de renda para redução das desigualdades.