Paralisação de trabalhadores da Embrapa luta contra imposição do reajuste de 2,58%
Perda salarial dos trabalhadores da Embrapa acumulado desde o governo Bolsonaro chega a 16,4%. Com salários desvalorizados, trabalhadores não aceitam reajuste abaixo do INPC
Publicado: 17 Outubro, 2024 - 11h04 | Última modificação: 17 Outubro, 2024 - 11h10
Escrito por: Iracema Corso
Na cidade de Aracaju, na porta da Embrapa, trabalhadoras e trabalhadores da empresa realizaram paralisação e luta contra a política de arrocho salarial que já vem desde o governo Bolsonaro. A atividade aconteceu na quarta-feira, dia 16, e contou com café da manhã e roda de conversa.
Em 39 unidades de trabalho da Embrapa, 7.685 trabalhadores e trabalhadoras da empresa paralisaram nesta quarta-feira para manifestar a insatisfação frente a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2024-2025.
Dirigente do SINPAF, Arnaldo Rodrigues explicou que depois de 17 rodadas de negociação, a Embrapa resolveu encerrar o diálogo impondo a primeira e única proposta de 2,58% de reajuste para os trabalhadores, um reajuste abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
“A proposta da Embrapa sequer cobre a inflação do último ano. As perdas salariais dos últimos anos que já ultrapassam os 16,24% sobre o salário. No tíquete de alimentação e outros benefícios, a perda é de mais de 14%. Os trabalhadores da Embrapa não podem seguir acumulando perda do poder de compra. Já tivemos muito retrocesso no governo Bolsonaro. É momento de avançar”, declarou Arnaldo Rodrigues.
O dirigente sindical do SINPAF ainda criticou a falta de flexibilidade da presidenta da Embrapa, Sílvia Massruhá, no que se refere às cláusulas sociais como: concessão de créditos aos técnicos e assistentes em publicações científicas, a implementação de políticas eficazes de combate ao assédio moral e sexual, e a proteção a gestantes e lactantes terceirizadas em ambientes insalubres.
Valorização ao Estudo
Por ser uma das maiores instituições de pesquisa agropecuária do Brasil e do mundo, a Embrapa possui um orçamento de R$ 4 bilhões e 43 centros de pesquisa de Norte a Sul do Brasil.
A vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT/Sergipe), ressaltou que, devido ao importante papel que a Embrapa desempenha no desenvolvimento agropecuário do Brasil, é inaceitável que a empresa pública não atenda à demanda histórica pelo Adicional de Escolaridade para Técnicos e Assistentes.
“Pela importância do estudo e da pesquisa para a Embrapa, todo profissional que investe em sua qualificação precisa ser valorizado. A CUT apoia a luta do SINPAF por avanços efetivos no Acordo Coletivo de Trabalho”, afirmou Caroline Rejane Santos.
Salário Desvalorizado
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), desde 2018, primeiro ano do governo Bolsonaro, até o presente momento (segundo ano do governo Lula), os trabalhadores da Embrapa acumularam perda salarial de 16,24%.
A proposta apresentada pela Embrapa é de apenas 2,58% para 2024, o que não cobre sequer a inflação do período. O mesmo índice de reajuste é proposto para benefícios como auxílio alimentação e auxílio creche, aprofundando ainda mais as perdas.
Para 2025, a Embrapa propõe um reajuste que cobre apenas a inflação, o que é insuficiente diante das perdas acumuladas.
Com informações do SINPAF