Plenária elege Arnaldo Rodrigues e Nádia Cavalcante para Comissão de Negociação
Histórica, a 30ª Plenária Nordeste do SINPAF aconteceu na cidade de Aracaju nos dias 6 e 7 de maio plantando debates fundamentais para o futuro da Embrapa, Codevasf e Emepa
Publicado: 12 Maio, 2023 - 18h10 | Última modificação: 12 Maio, 2023 - 18h36
Escrito por: Iracema Corso
A 30ª Plenária Nordeste do SINPAF se encerrou na noite do domingo, dia 7 de maio, em Aracaju/Sergipe e elegeu por unanimidade Arnaldo Rodrigues e Nádia Cavalcante para a CNN (Comissão Nacional de Negociação) do SINPAF.
A cidade de João Pessoa na Paraíba foi escolhida para sediar a próxima edição da Plenária Regional Nordeste do SINPAF como forma de fortalecer a luta em defesa dos trabalhadores da Emepa, empresa que pertence à base do SINPAF e foi fundida com outra empresa privada gerando precarização do trabalho, negação de direitos, desvalorização e maior exploração dos trabalhadores.
Da mesma forma, o sentimento de união falou mais alto e por isso a plenária elegeu os colegas vítimas de assédio moral, Nádia Nascimento e Arnaldo Rodrigues; o último foi reeleito e continua sendo perseguido pela chefia da Embrapa Aracaju empenhada em demiti-lo.
Para David Costa (Seção Sindical Fortaleza Embrapa), que há 14 anos participa das Plenárias Regionais e Congressos Nacionais, a decisão foi a mais acertada. “Quero parabenizar os delegados da Plenária pelo ato de grandeza. Tínhamos 6 ou mais candidaturas e todas recuaram em defesa de Arnaldo, de Nádia e dos trabalhadores da Emepa. Os projetos pessoais ficaram para trás em nome do bem maior do grupo, do fortalecimento dos trabalhadores e do sindicato através da proteção contra o assédio moral. Fiquei encantado. Quero dizer aos trabalhadores da Paraíba que eles não estão sós, nós somos uma grande família, a família sindical, sempre disposta a se unir na luta”, declarou.
David também fez questão de elogiar a condução da 30ª Plenária Regional Nordeste. “A plenária foi construtiva. Trouxemos propostas, levamos propostas e vamos ouvir a base novamente antes de representar os trabalhadores no Congresso Nacional em Brasília”.
Análise de Conjuntura e Reforma do Estatuto do SINPAF
Debates acalorados marcaram o segundo dia da 30ª Plenária Regional Nordeste do SINPAF no dia 7 de maio que começou com Análise de Conjuntura feita pelo presidente da CUT Sergipe, o professor Roberto Silva.
Na sequência, foram apresentadas alterações no Estatuto do SINPAF de ordem gramatical, no arcabouço legal e para a adequação ao Novo Código Civil e à Lei Geral de Prestação de Dados. As alterações de 28 cláusulas foram apresentadas por Adilson Ferreira da Mota, coordenador da Comissão e Diretor Jurídico do SINPAF Nacional. A discussão sobre o tema ainda não se esgotou, as alterações no Estatuto continuarão a ser discutidas e a comissão recebe sugestões de alterações através do email estatuto@sinpaf.org.br .
A Reforma do Estatuto do SINPAF será votada no Congresso Nacional do SINPAF que acontecerá nos dias 2, 3 e 4 de julho, na cidade de Brasília.
Água e reconstrução do Brasil no combate à fome
No domingo, duas mesas de debate abordaram temas de interesse social e assuntos que se complementam. A primeira temática foi ‘Água, a essência da vida: qual a proposta institucional? Qual a proposta dos movimentos sociais?’, o debate foi moderado pelo presidente da seção sindical da Codevasf Sede. Os palestrantes foram os professores Pedro Lessa, Melchior Nascimento e pela Química Andréa Matos dos Santos, analista na Embrapa Solos e secretária geral da seção sindical Solos do SINPAF e executiva da CUT Rio.
Pedro Lessa de Araújo, Engenheiro Agrônomo, membro do Comitê da Bacia do São Francisco, falou sobre a capacidade de planejamento e a demanda por investimento estimado em R$ 30 bilhões que precisa ser feito pela União e todos os Estados brasileiros beneficiados pelas águas da Bacia do São Francisco, a exemplo de Aracaju-Sergipe, onde 70% da água potável consumida pela população vem do Rio São Francisco.
O professor Pedro Lessa apresentou algumas metas estipuladas pelo Comitê das Bacias do São Francisco. Para cuidar desta fonte de água potável que alimenta a vida de milhões de brasileiros, é preciso: implementar uma rede de monitoramento de águas subterrâneas; um plano integrado de investimento em prevenção e controle de poluição das águas; recuperar áreas afetadas por atividades minerárias, agrícolas e pecuárias na bacia, selar poços abandonados; controlar a poluição industrial na bacia; abranger todos os municípios com planos de saneamento básico; além de delimitar e proteger poços destinados ao abastecimento público.
O professor da UFAL, Melchior Carlos do Nascimento, explicou que os Comitês Interestaduais de Bacias Hidrográficas do Brasil são como um Parlamento. “O Comitê da Bacia do São Francisco é muito conturbado. É um rio que passa por 506 municípios, integra 20 milhões de habitantes e atravessa uma região fortemente dependente da água. Ele é essencial para a vida das pessoas que vivem na região e situações de conflito surgem naturalmente e este comitê é para tentar dirimir parte desses conflitos”, relatou.
Melchior Nascimento acrescentou que os investimentos feitos na Bacia Hidrográfica do São Francisco, como saneamento e projeto de recuperação socioambiental, não são feitos com recurso do Comitê, que atua na gestão e de forma educativa. “O rio São Francisco é tema de debate comum a todos os segmentos, e o segmento sindical inclusive, pois a Embrapa e a Codevasf atuam no São Francisco”.
A Química Andréa Matos dos Santos afirmou que é preciso mudar a lógica de consumo da água, que é essência da vida, é o maior solvente universal, compõe 70% do corpo humano e precisa ser preservada. Como exemplo do desperdício de água, Andréa citou o uso do cimento em todas as construções do Brasil, quando a melhor opção é o gesso, pois a produção de gesso é fonte de água, enquanto a produção de cimento gasta água.
“No SINPAF a gente precisa de uma diretoria de Meio Ambiente para se apropriar da defesa da água por que é uma forma de fazer a defesa da vida. Precisamos de um controle social mais efetivo da água. O ex-presidente genocida que tinha o projeto de matar o povo Yanomami, aproveitou a pandemia para aprovar o Marco Legal do Saneamento, que por exemplo tem como públicos interessados o capital da Coca Cola. Serão R$ 149 bilhões que o estado brasileiro vai dar para a iniciativa privada administrar a nossa água, numa lógica de privatizar as companhias estaduais de água, tirando a responsabilização do Estado”, afirmou Andréa.
A dirigente sindical alertou que o Marco Legal do Saneamento destruiu o Plano Nacional do Saneamento que levou 7 anos para ser construído. “Por que a Embrapa não se manifestou diante da aprovação do Marco do Saneamento se isso vai afetar a água? A diretoria antiga da Embrapa faz parte deste clube de financeirização da vida. A lei só mudou agora porque mais de 98% do saneamento já foi feito pelo estado brasileiro”, criticou Andréa.
A Química reforçou como a gestão social e eficiente da água gera impacto na vida ao lembrar que a produção de mais de 1 milhão de cisternas mudou a lógica de produção de alimentos em boa parte do Brasil. “A Bacia do São Francisco é uma das mais importantes do Brasil. Por que os nossos recursos naturais precisam ser sequestrados e a gestão desse bem entregue para a privatização? Só teremos justiça social no Brasil quando a água for respeitada do jeito que ela merece ser”.
Pesquisa Agropecuária e o papel da Embrapa no Combate à Fome
O diretor de Ciência e Tecnologia do SINPAF, Mário Urchei, a professora da UFS e vereadora de Aracaju, Sônia Meire (PSOL) debateram sobre ‘O Sistema de Pesquisa Agropecuária no Brasil e o papel da Embrapa na Reconstrução do Brasil e no Combate à Fome’. O debate foi mediado por Josiel Nunes Souza, diretor da seção sindical Manaus.
Mário Urchei falou sobre a volta do Brasil ao Mapa da Fome, a privatização do conhecimento e criticou a lógica do controle e da perseguição dentro da Embrapa.
“Não se produz conhecimento assim. O papel da Embrapa é fortalecer a democratização, a participação popular e a participação da sociedade civil. Por isso, as diretrizes da empresa precisam ser construídas junto à sociedade. Precisamos de um modelo de agricultura agroecológica com a produção de alimentos saudáveis. Sem valorizar os povos da floresta, os povos indígenas originários, os povos quilombolas e sem a Reforma Agrária não teremos combate à fome”, declarou Urchei.
A professora Sônia Meire elogiou a importância do debate diante dos problemas políticos que precisam ser enfrentados. Sônia citou que 72,5 milhões das crianças e adolescentes do Brasil estão em condição de pobreza.
“Toda a política de segurança alimentar e nutricional passa pelo controle dos preços. Teremos agora o aumento do preço do gás, como faremos sem nenhuma proposta de Reforma Agrária? A privatização das companhias de saneamento, o estado entregue às empresas financeiras?”, questionou a vereadora.
Sônia Meire destacou que o combate à fome e a reconstrução do Brasil passa pelo Fim do Teto de Gastos, investimento em políticas públicas e concurso público. “Além disso precisamos da despoluição dos rios. A pesca é ameaçada com os empreendimentos e aqui em Aracaju há ameaça física contra as lideranças. Precisamos fazer muito trabalho de base. O nosso povo não enxerga alternativa mais. Precisamos construir alternativas. Nosso papel é ajudar o povo a se organizar”, declarou.
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