Escrito por: Iracema Corso
Em ato simbólico, 300 quentinhas de alimentação saudável foram distribuídas no Centro de Aracaju para população em situação de rua
O Ato pela Política Estadual de Agroecologia que aconteceu na Praça Fausto Cardoso, na manhã da terça-feira dia 14 de novembro, reuniu em Aracaju sergipanas e sergipanos das mais distantes localidades do Estado de Sergipe que vieram protestar contra a inércia política do governador Fábio Mitidieri quando o assunto é agroecologia e produção orgância em Sergipe.
Após o protesto, os movimentos sociais e movimento sindical distribuíram 300 quentinhas de comida saudável produzida sem agrotóxico para a população em situação de rua do Centro de Aracaju.
A vice-presidenta da CUT/SE Caroline Santos defendeu que o Governo Mitidieri deve incentivar o pequeno agricultor, a agroecologia, a produção orgânica em favor da saúde e da vida da população sergipana.
“Aumenta a cada dia o número de pessoas com câncer no nosso País, mas isso tem a ver com o agrotóxico, pois não adianta comer hortaliças, frutas e verduras para melhorar a saúde se esses alimentos estiverem contaminados com agrotóxicos. Por isso essa é uma luta da Central Única dos Trabalhadores, a luta pelo direito à alimentação saudável e pela vida da população. É preciso que o Governo do Estado coloque em prática uma política de incentivo para esta forma de plantar e de colher”, declarou Caroline Santos.
Organizações dos movimentos sociais, associações, sindicatos e a CUT ocuparam a Praça Fausto Cardoso para denunciar que o Governo de Sergipe não executa a Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (PEAPO), instituída pela lei estadual 7.270 e regulamentada pelo decreto 40.051/2018, e não reativa a CEAPO (Comissão Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica), formada por entes do Poder Público e da sociedade civil.
A Rede Sergipana de Agroecologia (Resea) entregou um ofício para o Governo de Sergipe cobrando informações sobre os instrumentos necessários para promover o sistemas de produção agroecológica e produção orgânica, tais como: crédito rural e mecanismos financeiros constituídos através de um Fundo Estadual no Banese; compras governamentais; medidas fiscais e tributárias; assistência técnica e extensão rural; a criação do plano estadual de agroecologia e produção organica; e reativação da Comissão Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (CEAPO).
“Agroecologia é plantar, colher e comer sem agredir a natureza. E é isso que a gente quer para a população do campo e da cidade”, declarou Jorge Rabanal, integrante da Resea, uma das organizações articuladoras do protesto.
Impactos do agrotóxico na natureza
A pescadora e presidente da Associação de Mulheres e Homens Pescadoras/es Nossa Senhora Aparecida do Serrão/ Ilha das Flores, Zilda Souza, esteve presente no ato e falou sobre a poluição no rio São Francisco a partir do uso de agrotóxico nas plantações.
“Queremos comida saúdável na mesa do pescador e da pescadora. A gente denuncia a má qualidade da água na região do Baixo São Francisco, que é onde a gente pesca. A água é imprópria para o consumo humano. Por isso quando a gente fala de agrotóxico, a gente precisa ficar atento para as condições dos nossos rios. Já fizemos um apanhado e denuncia sobre esta água por causa dos casos de coceira, diarréia e câncer. Tudo isso torna a vida da população ribeirinha muito mais sofrida”, criticou dona Zilda.
A presidenta da Associação das Trabalhadoras/es Ribeirinhas do Povoado Saramém, a dona Cida, viajou de Brejo Grande até Aracaju junto a outras mulheres de sua comunidade para se fazerem presentes no ato pelo direito à alimentação saudável e sem agrotóxico que gera danos à natureza e à saúde humana.
Alimentação Escolar
Ivonete Cruz, dirigente nacional da CUT, da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação) e do SINTESE (Sindicato dos Trabalhadores da Rede Oficial de Educação de Sergipe), participou do protesto e reforçou a importância da alimentação escolar para a vida e a saúde de muitas crianças e adolescentes do estado de Sergipe.
“Precisamos levar esta pauta da agroecologia para todos os conselhos de controle social, de alimentação escolar e em todos os municípios que o SINTESE tenha acento para que fiscalizem os contratos das grandes empresas na questão da alimentação escolar. Nas escolas, temos que oferecer uma alimentação que respeite o direito à saúde e que cumpra o percentual estipulado por lei de compra de alimentos dos pequenos produtores, da agroecologia e da produção orgânica. A alimentação gera saúde. Assim como a água é essencial para a vida. Não podemos abrir mão dessa luta”, destacou a professora Ivonete.
A dirigente sindical elogiou o SINDISAN pela luta contra a privatização da água e do saneamento, (acesse o link e saiba mais) assim como os movimentos sociais e sindicais que organizaram o protesto em defesa da agroecologia.
Alimentação Saudável depende de incentivo do Governo
Após o protesto foi ofertada à população de Aracaju uma moqueca de ovo com banana e hortaliças da COOPERSUS, Recanto Camponês, Sítio Pé do Mato, Sítio La Cantuta, Coopertinga, arroz do povoado Resina/Brejo Grande, organizado pela Rede Balaio e MPA, além do suco de manga, jenipapo, goiaba e acerola, produzidos pelo Sítio Pé de Mato.
A distribuição simbólica de alimentos sem agrotóxico aconteceu através de uma articulação do movimento social junto ao movimento sindical, com ajuda da Casa Bom Pastor que atua no Bairro América e trabalha com o atendimento à população em situação de rua.
Roberto Silva, presidente da CUT/SE e do Sintese, reforçou a importância dessa distribuição de alimentos saudáveis. “Daqui a pouco o orçamento de 2024 será aprovado na Assembleia Legislativa de Sergipe e nós precisamos que os deputados estaduais estimulem a agroecologia no estado de Sergipe aprovando emendas em favor da produção de alimentos saudáveis para a população de Sergipe”. Acesse o link e confira a declaração de Roberto Silva, presidente da CUT/SE e do Sintese, presente no protesto.
O protesto contou com a participação do MPA, MPC, Agricultores da base do MST, Motu, Articulação São Francisco Vivo, GT de Mulheres da ANA, MOPS, Rede Balaio, Recanto Camponês, Coletivo Nutris contra a Fome, MDA, Levante, Quilombo, IFS, DCE UFS, deputado federal João Daniel (PT) e do vereador de Aracaju Camilo (PT).
Fotos: Oliver Dantas