“Reabertura do comércio é atentado ao trabalhador”, afirma Roberto Silva (CUT)
CUT vai cobrar responsabilidade pela morte dos trabalhadores se houverem medidas de flexibilização para expor Sergipe à contaminação comunitária
Publicado: 01 Abril, 2020 - 15h44 | Última modificação: 01 Abril, 2020 - 18h15
Escrito por: Iracema Corso
Após reunião com empresários de Sergipe na última terça-feira (31/3), o site Hora News divulgou que o governador Belivaldo Chagas já avalia a possibilidade de reabertura gradual do comércio. Os dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) entendem que a decisão de reabrir o comércio será um erro grave e colocará a perder todo o esforço dos sergipanos em isolamento social para controlar a disseminação do Coronavírus (Covid-19) em nosso Estado.
Segundo a secretária de Relações do Trabalho da CUT/SE, Caroline Santos, caso o contágio se espalhe de forma descontrolada e haja um crescente número de mortes dos trabalhadores, os gestores públicos deverão ser responsabilizados por essa decisão política perversa que expõe os trabalhadores.
“Sabemos que enquanto os empresários vão trabalhar em seus carrões de luxo, de vidro fechado e ar-condicionado, a maioria da população vai ao trabalho em ônibus lotados. Já no trajeto para o trabalho, dentro do transporte coletivo, o risco de transmissão do Coronavírus é enorme. Os gestores públicos, governadores e prefeitos precisam agir com responsabilidade diante desta doença altamente contagiosa e letal, ao invés de tomar medidas para agradar os patrões que só pensam no lucro e não pensam na saúde do trabalhador”, afirmou Carol.
O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, destacou que todas as vidas importam. “Parece que eles partem da idéia de que os trabalhadores são substituíveis. Podem adoecer e morrer, pois haverá outro trabalhador para substituí-lo, quando na verdade a vida vale mais que qualquer coisa e a vida de todas as pessoas importa”, acrescentou.
Admilson Ramos, secretário da Saúde do Trabalhador da CUT/SE alertou que vários países em todo o mundo acumularam mortes antes de aprender a importância do isolamento social. De acordo com o dirigente sindical, isso não precisa acontecer nem em Sergipe nem no Brasil.
“O mundo todo viu o que aconteceu em Milão, onde o prefeito disse que todo mundo deveria trabalhar e agora que as mortes chegaram a milhares e ele pede desculpas. Nos Estados Unidos, Trump estava numa linha de que todos tinham que trabalhar e agora, depois de acumular milhares de mortes da população, baixou um decreto de que toda a população deve entrar em quarentena. Estamos diante de uma doença que se espalha pelo mundo de forma rápida, uma doença que ainda está sendo estudada por pesquisadores de vários países. Não é momento do governador de Sergipe, visando o lucro dos empresários, decidir colocar em risco a saúde dos trabalhadores expondo Sergipe ao contágio comunitário”, avaliou Admilson.
O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, afirmou que os sindicatos não vão aceitar calados essa medida de reabertura do comércio de Sergipe em meio à pandemia internacional do Coronavírus. “A CUT vai cobrar responsabilidade pela morte dos trabalhadores se houverem medidas de flexibilização para expor o Estado à contaminação comunitária”.