Escrito por: Iracema Corso
A cidade de Aracaju parou no feriado nacional e com muita alegria, beleza, arte, a Marcha da Consciência Negra ‘Os corpos negros como objeto de violência de Estado’ difundiu a luta antirracista pelas ruas dos bairros Cirurgia e Getúlio Vargas, na quarta-feira, dia 20 de novembro.
O Dia Nacional da Consciência Negra remete à luta de Zumbi dos Palmares contra a escravidão dos negros no Brasil. A data, que lembra a morte do líder do Quilombo dos Palmares, tornou-se feriado nacional após a promulgação de um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final de 2023.
O sindicalista CUTista, dirigente do SINTESE, Joel Almeida, falou sobre a importância do 20 de novembro de 2024.
“Hoje o Brasil parou e a conquista deste feriado nacional aconteceu por conta da luta do povo negro. A luta faz a lei. Nós nos acostumamos a ver nos livros de história o dia 13 de maio como data da libertação dos escravos e o povo negro nunca aceitou isso. Foi um movimento de resistência muito forte do povo para transformar o dia 20 no verdadeiro dia da libertação do povo negro escravizado no Brasil”, registrou.
O sindicalista CUTista, Carlos Augusto, membro do Movimento Negro Unificado (MNU), presidente do SACEMA (Sindicato de Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias) destacou a importância desta conquista.
“O 20 de novembro é um marco simbólico, uma referência para toda a comunidade negra no Brasil, e essa conquista é o resultado de uma luta de séculos, estamos conquistando o direito de nos manifestar, e de nos situar na sociedade brasileira. Isso mostra que, a cada dia, negros e negras estão cada vez mais organizados, cientes de seus direitos e não arredarão pé de seus direitos durante todos os dias do ano. Hoje é um dia de reflexão e estamos chamando esta sociedade para dizer que todos devem combater o racismo neste País”, declarou Carlos Augusto.
Ao som do Descidão dos Quilombolas (com participação especial do vocalista Alan do Afoxé di Preto), a caminhada saiu do Geruzinho até o Quilombo da Maloca, onde a celebração desta data especial seguiu com apresentações culturais do Grupo Penerou Xerém, Grupo de Samba do Zé, Dança da saia-rodada de Dona Rosa, Grupo Parafolclórico Mestre Saci Quilombola, finalizando com a Noite da Beleza Negra.
CORPOS NEGROS COMO OBJETO DE VIOLÊNCIA DO ESTADO
‘Os corpos negros como objeto de violência de Estado’ foi o tema central da Marcha da Consciência Negra para denunciar principalmente a morte da juventude negra por armas do Estado.
Diante do luto e da revolta pela morte da juventude negra, a secretária de Relações de Trabalho da CUT/SE, a professora Fia defendeu que o feriado de Zumbi dos Palmares precisa ser fortalecido como dia de resistência.
“Vivemos num mundo racista e preconceituoso, falta muito para o preto ser respeitado. São mulheres negras as que mais sofrem com desemprego e remuneração baixa. Os governos destratam a educação pública, massacram professores e são nas escolas públicas que estudam os negros. A polícia entra nas comunidades e mata os jovens pretos como se não fossem seres humanos. Precisamos manter a resistência e mostrar para o mundo que vidas pretas importam e que todos merecemos ser respeitados e termos direitos iguais para todo ser humano independentemente de cor da pele”, disse a professora Fia.
“O 20 de novembro é uma luta do povo preto, uma luta de emancipação, que vai remeter a dias melhores, mais visibilidade a nossa cultura, a nossa arte, para que nossos corpos não tenham tantos marcadores sociais e o estado não se omita desta necropolítica, desta política de morte, nefasta contra negras e negros e principalmente contra a juventude negra desse Brasil”, declarou Roberto Amorim, membro da Associação da Maloca e do Coletivo de Combate ao Racismo do SINTESE.
A Marcha da Consciência Negra em Sergipe foi realizada pela CUT, SINTESE, SINDIPEMA, SACEMA, SINDISEMP, Fórum de Entidades Negras de Sergipe, Movimento Negro Unificado (MNU), UNEGRO, a mandata da vereadora de Aracaju Sônia Meire (PSOL) e a mandata da deputada estadual Linda Brasil (PSOL).