Escrito por: Luana Capistrano - SINTESE

Seduc responde a conquistas de estudantes e dedicação de professores com desmonte

 

O vice-presidente do SINTESE, professor Roberto Silva, fez questão de ir pessoalmente, ao Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima, em Itabaiana, parabenizar o estudante Filipe Nunes Rezende e também professores e professoras da unidade de ensino

Embora sejam tempos sombrios, de ameaças e perseguições para a educação pública de nosso país e mesmo diante das tentativas de desmonte, desmandos e desvalorização que assolam a educação de Sergipe uma coisa é certa: professores e professoras seguem exercendo papel fundamental para a realização dos sonhos dos filhos e filhas dos trabalhadores. Se a educação pública resiste é porque professores e professoras resistem e impulsionam crianças e jovens ao protagonismo de suas histórias.

Uma das várias provas disso foi o desempenho fabuloso do estudante Filipe Nunes Rezende, do Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima, em Itabaiana, que acertou todas as questões de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2021), atingindo a nota 953.1. E não só em matemática Filipe se destacou, ele também teve nota 920 na prova de redação.

Filipe Nunes Rezende estuda no Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima desde o 6º ano, do ensino fundamental. Toda a sua base de formação vem da escola pública, vem do Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima.

 E esse mesmo Colégio, que trouxe tamanho destaque a Sergipe, sofre o ataque da política de desmonte da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), que pretende acabar com as turmas do ensino fundamental na unidade de ensino.  A ideia da Seduc é terminar, agora em 2022, com as turmas do 6° ano no Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima e nos anos seguintes terminar com as demais turmas do ensino fundamental gradativamente.

Mas a resistência de professores, professoras, estudantes e familiares tem sido grande para que todas as turmas do 6º ao 9º anos sigam sendo ofertadas pela unidade de ensino.

O próprio Filipe Rezende gravou um vídeo falando sobre a situação. Além de agradecer aos professores e professoras que fizeram parte de sua jornada estudantil, o jovem que teve brilhante desempenho no Enem, pede ao Secretário de Estado da Educação, Josué Modesto, que não acabe com as turmas do 6º ano, no Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima.

“Gostaria de agradecer a todos os professores que passaram em minha vida estudantil. Gostaria de agradecer também a rede estadual que me proporcionou ensino desde o 6º ano ao 3º ano do ensino médio. E gostaria também de pedir ao Secretário da Educação que continuasse com as turmas do 6º ano, dos meus colegas. Eu usufruir destes direito de estudar o 6º ano em uma escola estadual e futuramente, se ele manter a decisão de acabar com o ensino fundamental no Colégio, vários alunos não terão como desfrutar da mesma coisa que eu tive. Gostaria de fazer esse pedido encarecidamente a ele”, clamou o estudante.

Conquistas respondidas com massacre

Por traz de todo o esforço e da conquista de Filipe Rezende e de sua família, que reconhecemos e parabenizamos, e também do esforço e conquistas de tantos outros estudantes que passaram pelos bancos das escolas da rede estadual de ensino de Sergipe, está a dedicação de cada professor e professora.

As conquistas de nossos estudantes devem ser celebradas e enaltecidas e a batalha e a força dos professores e professoras para que estas conquistas sejam alcançadas também deve ser enaltecidas e celebradas. Mas infelizmente, em Sergipe, trabalhadores e trabalhadoras da educação, peças chaves e fundamentais para tais conquistas, que dedicam à vida a educação das crianças e jovens do nosso estado, estão sendo massacrados. 

O Governo Belivaldo Chagas mantém uma política cruel de desvalorização do magistério da rede estadual. Professores e professoras empobrecidos, com suas carreiras esfaceladas por conta de 8 anos sem a garantia da revisão do piso salarial com respeito a carreira, conforme preconiza a Lei Nacional 11.738/2008.

O massacre do magistério é tamanho que atualmente professores e professoras que estão em sala de aula não possuem mais uma carreira. A consequência do desmonte é humilhante. Um professor com doutorado, independente do seu tempo de serviço, recebe o piso salarial do nível médio, da classe A (início de carreira), pois não existe mais diferença de escalonamento entre os níveis de carreira por qualificação acadêmica e de classe (letra) por tempo de serviço.

No que diz respeito a condições e estrutura de trabalho, o cenário que se apresenta para a esmagadora maioria de professores e professoras também é precário: são escolas em prédios com pouca estrutura, sem ventilação adequada, sem espaço adequado par refeição dos estudantes, sem biblioteca ou com uma biblioteca insipiente, com parco ou nenhum material pedagógico para dar suporte às aulas.

O fato é que em Sergipe professores e professoras têm agido com heroísmo dia após dia. Mas esta categoria não quer apenas ser parabenizada (e merece ser muito parabenizada) quer também ser respeitada, tendo seus direitos garantidos.

Ensino Médio no alvo

No entanto, o Governo Belivaldo Chagas, juntamente com seu secretário de Estado da Educação, Josué Modesto, insistem não só em uma política de desvalorização do magistério, mas também em uma política de desmonte da educação de Sergipe, tendo, neste momento, o Ensino Médio como grande alvo.

A imposição ao Novo Ensino Médio sem amplo debate com as comunidades escolares e o golpe orquestrado pela Secretaria de Estado da Educação contra a autonomia das escolas da rede estadual de ensino, na construção de suas matrizes curriculares para o Novo Ensino Médio, apontam a direção que a Seduc deseja levar a educação de Sergipe.

De forma autocrática e antidemocrática, o secretário de estado da Educação, sancionou a Portaria 4807, na qual retira a autonomia das escolas na construção de suas matrizes curriculares para atender as exigências do Novo Ensino Médio. Essa portaria da Seduc é um exemplo claro do risco que vive a nossa democracia, ou seja, eles não querem que as escolas discutam, que reúnam a comunidade escolar para o debate, o que é grave e inaceitável.

O ano de 2022 será ainda mais desafiador para professores e professoras, será um ano de muita luta pelos direitos do magistério e pelo direito de sonhar (e concretizar) o acesso a universidade aos nossos estudantes, filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadoras do nosso estado.

“Em tempos de desmonte do Ensino Médio, onde a autonomia das escolas foi cerceada pela Secretaria de Estado da Educação, acreditamos que o próximo período, para os professores, será ainda mais desafiador. Mas acreditamos que a luta ainda vai continuar, por um ensino médio que de fato possa colocar a juventude com central no debate de acesso ao conhecimento, que possibilite o acesso ao ensino superior” enfatiza o vice-presiddente do SINTESE, professor Roberto Silva.  

O SINTESE, em nome do estudante do Colégio Estadual Professor Nestor Carvalho Lima, Filipe Nunes Rezende, parabeniza os demais estudantes da rede estadual de ensino de Sergipe pelo excelente desempenho no Enem 2021. E parabeniza também professores e professoras, guerreiros e guerreias incansáveis na luta por uma educação de qualidade social e emancipadora. Sigamos firmes companheiras e companheiros, pois a vitória virá.