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Sergipe é o 6º estado com maior índice de Desemprego do Brasil

Presidente da CUT Sergipe cobra ações do governo de Sergipe para movimentar a economia local e impulsionar a geração de mais empregos

Publicado: 19 Setembro, 2023 - 12h21 | Última modificação: 20 Setembro, 2023 - 14h02

Escrito por: Iracema Corso

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O mercado de trabalho em Sergipe, nos primeiros meses do Governo Lula, já apresenta uma melhora com a redução da taxa de desemprego. O estudo da economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômico), Flávia Rodrigues, ‘A economia e o mercado de trabalho sergipano: apontamentos para o debate da conjuntura atual’ mostrou um índice de 10,3% de desempregados em Sergipe de abril a junho de 2023, assim o estado possui a 6ª maior taxa de desemprego do Brasil. Segundo Rodrigues, os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD) contínua trimestral do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Não é o melhor cenário, mas já reflete alguma melhoria. Se hoje temos a 6ª maior taxa de desemprego do Brasil, no ano passado figurávamos como a 3ª maior taxa de desemprego do País. Então, nestes poucos meses, o Brasil já possui uma melhor condição de emprego com a taxa de desemprego caindo em todos os estados e em Sergipe também”, destacou Flávia Rodrigues.

Sobre a política econômica e os programas do Governo Lula que estão provocando uma rápida redução da taxa de desemprego em todo o Brasil, a economista do Dieese destacou a importância da política de valorização do salário mínimo.

“De cara, precisamos citar a política de valorização do salário mínimo. Isoladamente é um reajuste pequeno, mas temos mais da metade dos trabalhadores brasileiros recebendo salário mínimo, então neste conjunto temos uma massa de rendimentos circulando, o que dinamiza a economia e se traduz numa melhoria no mercado de trabalho. É uma política que melhora a distribuição de renda no mercado de trabalho. Quando se aumenta o salário mínimo, há uma reativação da economia e novos postos de trabalho são abertos, aumentando o número de empregos com carteira assinada”, declarou Flávia Rodrigues.

Sergipe precisa avançar
Apesar dos avanços no cenário nacional, em Sergipe a melhoria das condições de emprego ainda foram muito tímidas. Inclusive, a economista Flávia Rodrigues observou que os empregados no setor público foram a única posição ocupacional em Sergipe que teve redução do rendimento médio real no 2º trimestre de 2023, tanto em relação ao mesmo período de 2022 (-5,9%), quanto frente ao 1º trimestre do ano atual (-2,8%).

O presidente da CUT Sergipe, Roberto Silva, cobra do governador de Sergipe Fábio Mitidieri ação política para reduzir a taxa de desemprego e fortalecer o mercado interno de Sergipe.

“Os servidores públicos de Sergipe tiveram redução de remuneração neste começo do Governo Mitidieri, isso piora as condições de mercado interno, geração de emprego através do aquecimento da economia local. Massacrar servidor é uma forma de desestimular a geração de emprego, pois o dinheiro do servidor circula no Estado de Sergipe. Isso não está acontecendo por causa de uma política de desvalorização dos servidores. Já se passaram 10 anos de arrocho salarial dos servidores e agora Mitidieri mantém esta política através da redução do salário dos servidores”, afirmou Roberto Silva.



Mais Mulheres no Emprego Formal

Outro fato verificado pela pesquisa é que as mulheres de Sergipe estão sendo inseridas no trabalho formal. O estudo do Diesse mostrou que, de abril a junho de 2023, as mulheres ocupam 73,5% dos empregos formais, enquanto homens ocupam 26,5% dos empregos.

Além disso, de abril a junho de 2023, Sergipe registrou 947 mil trabalhadores ocupados: 283 mil trabalhadores com carteira assinada, de um total de 645 mil empregados, 39 mil empregadores, 235 mil trabalhadores por conta própria, 109 mil desocupados e 78 mil desalentados. Assim, a taxa de desocupação e desalento é de 16,5% em Sergipe, mais elevada que a nacional, de 11,1%. Enquanto no Brasil a participação de trabalhadores assalariados formais (setores público e privado) representa 40,1% do total de ocupados; em Sergipe, essa proporção alcança apenas 29,9%.

A economista observou que a remuneração de trabalhadores mais jovens tende a ser menor. Sobre esta questão, o Dieese verificou que o rendimento médio real em Sergipe no 2º trimestre de 2023 era de R$ 2.038. Os empregados no setor privado tinham, com exceção das trabalhadoras e trabalhadores domésticos, um rendimento médio real de R$ 1.617; enquanto os empregados no setor público recebiam R$ 4.053, já os empregadores tinham o rendimento médio mais elevado, de R$ 5.017, e trabalhadores por conta própria tinham o rendimento médio mais baixo de R$ 1.329.

Queda de Emprego na Indústria e Agropecuária

Com dados do Novo Caged, do MTE, a economista do Dieese analisou o comportamento do segmento formal e revelou que, de janeiro a junho de 2023, houve uma redução drástica do saldo de empregos celetistas na agropecuária, e concretamente o setor fechou 2.336 vagas de empregos.

Neste mesmo período, a indústria sergipana também teve saldo negativo de 460 empregos com carteira assinada; no comércio, foram criados 55 empregos, enquanto houve a geração de 977 empregos no setor de construção. O setor de serviços se destacou, com o maior saldo de 3.991 empregos com carteira assinada criados.



Postos de emprego fechados a partir dos 30 anos

O Dieese informou que foram trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos que ocuparam os 3.925 empregos gerados de janeiro a junho de 2023 em Sergipe. Além disso, 510 empregos foram criados para trabalhadores que tinham até 17 anos. Ainda foram contratados 219 trabalhadores com idades entre 25 e 29 anos.

No entanto, a partir dos 30 anos de idade houve fechamento de vagas de empregos em Sergipe no período acumulado dos seis primeiros meses do ano. Inclusive, o Dieese informou números negativos que representam demissão, aposentadoria, ou outro tipo de desligamento para 633 trabalhadores com idades entre 30 e 39; saldo negativo de 756 empregos para trabalhadores com idade entre 40 e 49; -159 empregos de trabalhadores com mais de 65 anos; e -879 empregos de trabalhadores com idade entre 50 e 64 anos.



A partir dos dados apresentados, a economista Flávia Rodrigues verificou problemas no mercado de trabalho em Sergipe no que se refere à redução drástica de atividades produtivas no setor da indústria.

“Verificamos em Sergipe uma redução acentuada de empregos formais com carteira assinada na agropecuária. Além disso, tivemos redução do rendimento médio real dos empregados no setor público e ainda estamos com uma taxa de desemprego grande, a 6ª maior do Brasil. O mercado de trabalho ainda precisa de uma dinâmica capaz de absorver fortemente a mão de obra que se encontra desempregada ou desalentada. Mais da metade dos ocupados em Sergipe estão em trabalhos informais e precários”, destacou Flávia Rodrigues.