Sergipe: Servidores do Dataprev em greve lutam por seus empregos
Publicado: 04 Fevereiro, 2020 - 10h14 | Última modificação: 04 Fevereiro, 2020 - 10h32
Escrito por: Iracema Corso
Ameaçados de demissão pelo Governo Bolsonaro, os servidores públicos que trabalham na Dataprev completam hoje 12 dias de greve no Estado de Sergipe. O objetivo da equipe de Bolsonaro é privatizar a Dataprev e demitir 493 trabalhadores da empresa em todo o Brasil centralizando atividades nos estados do Ceará, Distrito Federal, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo, onde estão situadas as unidades de desenvolvimento (UDs) e os data centers.
Em Sergipe, desde o início de janeiro, o escritório da Dataprev em Sergipe está sendo desmontado. Os trabalhadores da Dataprev estão com as senhas de acesso aos sistemas invalidadas. O acesso desses trabalhadores ao prédio da Dataprev foi impedido e os móveis foram retirados do escritório e enviados para outro estado. Os sete contratos de prestação de serviços de apoio, inclusive com os trabalhadores terceirizados, foram cancelados e o dono do imóvel foi avisado de que ele será devolvido e o contrato de locação também será encerrado.
O cenário de desmonte da Dataprev, demissão e futura privatização, vai se completando dia a dia. No último 16 de janeiro, o Governo Bolsonaro publicou o decreto 10.199 no Diário Oficial da União, inserindo a Dataprev no Programa Nacional de Desestatização (PND). Uma semana após a publicação, os trabalhadores da Dataprev em Sergipe iniciaram greve por tempo indeterminado.
Secretário Geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) e Presidente do SINDTIC/SE (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação), Jairo de Jesus explicou que após o início da greve decretada e devidamente comunicada à empresa, a Dataprev emitiu um aviso prévio para todos os trabalhadores da Unidade em Sergipe, em completo desrespeito à Lei de Greve, chegando ao absurdo de formalizar a demissão de quatro empregados.
No entanto, o sindicato explicou que durante o período de greve os contratos ficam suspensos e a empresa não pode demitir ninguém. Desta forma, poucos dias depois, as cartas de demissão foram canceladas e a empresa Dataprev ingressou com ação junto ao TST pedindo a ilegalidade da greve.
“Avaliamos a anulação das cartas de demissão como uma conquista fundamental do movimento de resistência e luta na defesa dos empregos dos trabalhadores da Dataprev em Sergipe. Fomos escolhidos como o primeiro estado para iniciar as demissões rumo à privatização e estamos resistindo contra as ações absurdas da administração da empresa, ao tempo em que nos empenhamos para demonstrar a importância destes trabalhadores já capacitados nas ‘questões’ do INSS", ressaltou Jairo de Jesus.
O dirigente sindical alertou que no momento o Brasil sofre justamente com a falta desta mão de obra especializada no assunto do INSS. "Buscamos dialogar com a direção da empresa para que os trabalhadores não sejam demitidos e, ao invés disso, pelo menos sejam remanejados para o INSS e/ou outros órgãos públicos federais que já manifestaram interesse”, explicou.
Segundo Jairo de Jesus, a segunda vitória do movimento de resistência, no nível nacional, foi a Dataprev ter recentemente concordado em não demitir uma parte desses trabalhadores e, ao invés disso, remanejá-los para outros órgãos que tem carência de pessoal. “Mas, eles ainda estão resistentes quanto aos aposentados e querem demitir os trabalhadores aposentados e os que estão em vias de se aposentar, numa tentativa de rachar o movimento grevista. Precisamos de gente capacitada e este é o caso dos aposentados que continuam trabalhando”, enfatizou.