Escrito por: Iracema Corso

Sergipe: Servidores do Dataprev em greve lutam por seus empregos

Ameaçados de demissão pelo Governo Bolsonaro, os servidores públicos que trabalham na Dataprev completam hoje 12 dias de greve no Estado de Sergipe. O objetivo da equipe de Bolsonaro é privatizar a Dataprev e demitir 493 trabalhadores da empresa em todo o Brasil centralizando atividades nos estados do Ceará, Distrito Federal, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo, onde estão situadas as unidades de desenvolvimento (UDs) e os data centers.

Em Sergipe, desde o início de janeiro, o escritório da Dataprev em Sergipe está sendo desmontado. Os trabalhadores da Dataprev estão com as senhas de acesso aos sistemas invalidadas. O acesso desses trabalhadores ao prédio da Dataprev foi impedido e os móveis foram retirados do escritório e enviados para outro estado. Os sete contratos de prestação de serviços de apoio, inclusive com os trabalhadores terceirizados, foram cancelados e o dono do imóvel foi avisado de que ele será devolvido e o contrato de locação também será encerrado.

O cenário de desmonte da Dataprev, demissão e futura privatização, vai se completando dia a dia. No último 16 de janeiro, o Governo Bolsonaro publicou o decreto 10.199 no Diário Oficial da União, inserindo a Dataprev no Programa Nacional de Desestatização (PND). Uma semana após a publicação, os trabalhadores da Dataprev em Sergipe iniciaram greve por tempo indeterminado.

Secretário Geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) e Presidente do SINDTIC/SE (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação), Jairo de Jesus explicou que após o início da greve decretada e devidamente comunicada à empresa, a Dataprev emitiu um aviso prévio para todos os trabalhadores da Unidade em Sergipe, em completo desrespeito à Lei de Greve, chegando ao absurdo de formalizar a demissão de quatro empregados.

No entanto, o sindicato explicou que durante o período de greve os contratos ficam suspensos e a empresa não pode demitir ninguém. Desta forma, poucos dias depois, as cartas de demissão foram canceladas e a empresa Dataprev ingressou com ação junto ao TST pedindo a ilegalidade da greve.

“Avaliamos a anulação das cartas de demissão como uma conquista fundamental do movimento de resistência e luta na defesa dos empregos dos trabalhadores da Dataprev em Sergipe. Fomos escolhidos como o primeiro estado para iniciar as demissões rumo à privatização e estamos resistindo contra as ações absurdas da administração da empresa, ao tempo em que nos empenhamos para demonstrar a importância destes trabalhadores já capacitados nas ‘questões’ do INSS", ressaltou Jairo de Jesus.

O dirigente sindical alertou que no momento o Brasil sofre justamente com a falta desta mão de obra especializada no assunto do INSS. "Buscamos dialogar com a direção da empresa para que os trabalhadores não sejam demitidos e, ao invés disso, pelo menos sejam remanejados para o INSS e/ou outros órgãos públicos federais que já manifestaram interesse”, explicou.

Segundo Jairo de Jesus, a segunda vitória do movimento de resistência, no nível nacional, foi a Dataprev ter recentemente concordado em não demitir uma parte desses trabalhadores e, ao invés disso, remanejá-los para outros órgãos que tem carência de pessoal. “Mas, eles ainda estão resistentes quanto aos aposentados e querem demitir os trabalhadores aposentados e os que estão em vias de se aposentar, numa tentativa de rachar o movimento grevista. Precisamos de gente capacitada e este é o caso dos aposentados que continuam trabalhando”, enfatizou.