Sindicato luta para reduzir risco de contaminação dos trabalhadores dos Correios
SINTECT obtém liminar para entrega de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas empresa descumpre decisão e ainda expõe trabalhadores ao contágio do coronavírus
Publicado: 02 Abril, 2020 - 09h59 | Última modificação: 02 Abril, 2020 - 11h35
Escrito por: Iracema Corso

Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telegráfos organizados no Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telegráfos de Sergipe (SINTECT/SE) estão preocupados com a possibilidade de contágio pelo novo coronavírus (Covid-19). Depois de um mês e cinco dias do registro do primeiro caso da doença em território nacional, o país já soma mais de 6.932 casos confirmados e 247 mortes (até a conclusão desta matéria, ás 10h35 de 2/4).
Apesar do isolamento social de boa parte da população, determinado pelass autoridades da área da saúde, como Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, os trabalhadores continuam realizando serviços de entrega de encomendas que circulam por todo o País.
Segundo o secretário geral do SINTECT/SE, Jean Marcel, o sindicato tem cobrado na Justiça a proteção dos trabalhadores dos Correios e conquistou uma liminar exigindo a entrega de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como álcool em gel 70%, luvas e máscaras, mas a direção da empresa vem descumprindo a determinação.
“Sabemos que o papelão e o plástico podem acumular e transportar o vírus por muitas horas e é exatamente este material que o trabalhador dos Correios manuseia a todo momento", afirmou o dirigente sindical.
De acordo com ele, os Correios atuam em 5.570 municípios fazendo circular mercadorias e objetos e "não queremos que o trabalhador seja contaminado nem que atue como vetor de contaminação espalhando o vírus para diferentes localidades do Brasil”, complementou o dirigente sindical.
Outro problema é que como a maioria das empresas estão fechadas, as encomendas enviadas pelo correio estão sendo arremetidas para as agências e os clientes vão até lá para retirar, provocando superlotação com aglomerações desnecessárias neste período de pandemia.
De acordo com Jean Marcel, o objetivo da liminar impetrada pela assessoria jurídica do SINTECT/SE é suspender parte do serviço dos Correios e deixar funcionando apenas a entrega de medicamentos, vacinas e itens essenciais que ainda precisam circular em território nacional em tempos de coronavírus.
“Antes mesmo do início do seu mandato, Bolsonaro falava que os Correios eram uma empresa que poderia ser extinta ou vendida, pois só servia pra ‘cabide de emprego’", disse o dirigente se referindo ao programa de privatização do governo de Jair Bolsonaro.
"Nós sempre defendemos os Correios como uma empresa pública essencial para o funcionamento, integração e soberania nacional. Agora, por exemplo, são os Correios que estão transportando o Covid-19 inativo para fins de pesquisas em diferentes institutos e universidades brasileiras", pontuou.
O que nós não aceitamos é o desrespeito com os trabalhadores dos Correios. Em tempos de pandemia, exigimos EPI e restrição do serviço de entrega para minimizar as possibilidades de contágio.
O secretario geral do SINTECT/SE alerta a todos os trabalhadores do Correios que nesse momento não assinem nenhum documento apresentado pela empresa sem antes consultar o sindicato.