Governo Bolsonaro e STF empurram trabalhadores dos Correios para greve nacional
Publicado: 06 Agosto, 2020 - 13h33 | Última modificação: 06 Agosto, 2020 - 13h48
Escrito por: Iracema Corso
Na noite da última terça-feira (4/8), em assembleia geral online, os trabalhadores dos Correios em Sergipe aprovaram o indicativo de greve nacional contra perda de direitos e em defesa do acordo coletivo. A greve está prevista para começar a partir da 0h do dia 18 de agosto.
Mas este cenário ainda pode mudar. Antes da greve, no dia 14 de agosto, o STF vai iniciar o julgamento da liminar que alterou a vigência do Acordo Coletivo dos trabalhadores dos Correios, negociado junto ao TST. Com a mudança que resultou de uma canetada do ministro Toffoly, o acordo coletivo que só seria discutido em 2021, passa a ser discutido agora, em plena pandemia da Covid-19 – na qual, trabalhadores dos Correios de todo o Brasil estão nas ruas trabalhando, adoecendo, contaminando familiares, muitos já perderam até a própria vida.
Em meio a este caos, o general Floriano Peixoto, presidente da empresa dos Correios, quer ‘aproveitar’ a pandemia da Covid-19 para derrubar 70 cláusulas do Acordo Coletivo dos trabalhadores afetando todos os direitos conquistados, a exemplo do tíquete de alimentação e o Plano de Saúde.
Filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT//SE), o secretário geral do SINTECT/SE Jean Marcel avalia que: “não é hora de se discutir retirada de direitos nem acordo coletivo” afirmou.
LUCRO NA PANDEMIA
Durante a assembleia online desta terça-feira (4/8), o secretário geral do SINTECTSE, Jean Marcel explicou aos trabalhadores que a empresa dos Correios vem obtendo um crescimento econômico de mais de 25% durante a pandemia da Covid-19, devido ao isolamento social.
“Por isso não faz sentido o ministro Toffoly derrubar o acordo coletivo dos trabalhadores sob a justificativa de que representa um volume alto de dinheiro para a empresa. Os Correios estão lucrando na pandemia, conquistaram superávit financeiro à custa de trabalhadores contaminados e mortos por Covid-19. A empresa nem sequer age com transparência para divulgar quantos trabalhadores dos Correios já foram mortos por Covid em todo o Brasil. E agora querem cortar parte da nossa remuneração e direitos”.
Floriano Peixoto, o último presidente dos Correios nomeado pelo Governo Bolsonaro, afirmou que os trabalhadores da empresa ‘têm muitos benefícios acima de lei’. Sobre esta declaração, o dirigente do SINTECT/SE respondeu: “não somos uma classe de privilegiados porque recebemos tíquete de alimentação. A gente não recebe auxílio paletó, nem auxílio gravata, nem passagem de avião, nem apartamento funcional... Nosso salário é rebaixado, na média de R$ 2mil, muito pouco para o serviço essencial que realizamos, ainda mais sob os riscos que enfrentamos. Se existe algum privilegiado nos Correios, é ele que recebe salário de R$ 45 mil mais a aposentadoria de R$ 25 mil e é um indicado político que não entende nada de serviço postal”.
Para o Jean Marcel as palavras de Peixoto combinam com uma campanha difamatória contra os Correios cujo objetivo é facilitar a privatização. “Tem muita falácia e inverdades circulando sobre o nosso trabalho, sabemos que querem fomentar a privatização, sucatear a empresa. É preciso demitir muita gente para piorar o serviço e facilitar a venda da empresa. Este é o plano do ministro Paulo Guedes que não tem nenhum compromisso com o Brasil, o compromisso dele é apenas com os empresários”, criticou.
O sindicalista explicou que em várias negociações melhorias no salário foram trocadas por uma proposta de tíquete de alimentação, pelo Plano de Saúde, por adicional de incentivo à cultura. “Negociamos para que os trabalhadores, mesmo com remuneração rebaixada tivessem garantido alimentação, saúde e cultura. Agora querem nos tirar tudo que conquistamos e desmerecer nosso esforço diário de trabalho com campanhas de difamação. Não aceitaremos”, afirmou Jean Marcel.
No dia 17 de agosto, os trabalhadores dos Correios se reúnem em nova assembleia. Assim, o secretário geral do SINTECT/SE aponta para a importância da decisão que será tomada pelo STF na deflagração da greve nacional dos trabalhadores dos Correios.