Escrito por: Iracema Corso
Os guerreiros que ainda enfrentam a Covid19 acumulam 6 anos de perda salarial, em meio a inflação galopante e sem perspectivas de diálogo produtivo com a Prefeitura
Luta por salário digno unifica movimento de trabalhadores da saúde do município de Aracaju formado por psicólogos, nutricionistas e técnicos em nutrição, assistente sociais, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, odontólogos e agentes de saúde e combate a endemias.
“Salário é verba alimentar e mais do que nunca precisamos de comida, remédios, saúde integral... Além da Covid, as pessoas estão adoecendo com depressão, esgotamento, doenças mentais. O que vivemos vai além da questão sanitária. Estamos neste movimento de luta pela reposição das perdas salariais. São 6 anos sem reposição. Isso é muito grave. Precisamos fortalecer a nossa união e vencer este divisionismo que toma conta do Brasil”, as palavras são do psicólogo Edmundo Freire que é atual presidente do SINPSI (Sindicato dos Psicólogos de Sergipe), filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Em reunião online no dia 26 de janeiro, as diferentes categorias de trabalhadores discutiram problemas comuns como o reajuste salarial de 2022, sobrecarga de trabalho em meio à escalada dos casos de Covid e insalubridade. Tendo em vista que há 5 anos as categorias tentam dialogar com o prefeito Edvaldo Nogueira sobre a reposição salarial, porém não houve qualquer avanço real, os sindicatos decidiram que haverá assembleia geral conjunta com indicativo de greve a partir da segunda quinzena de fevereiro.
Para o dirigente sindical e psicólogo Edmundo Freire, a união é ponto chave para o sucesso dos trabalhadores.
“Estamos desunidos e divididos e o nosso País está sendo entregue nas mãos do estrangeiro, Paulo Guedes está vendendo tudo. Não vai sobrar nada. A população está na miséria, desempregada, sem dinheiro, sem conseguir se alimentar... Edvaldo Nogueira precisa fazer concurso público, é urgente. Os servidores públicos precisam de reajuste para fazer circular o dinheiro aqui em Aracaju. Chega de live para dizer que paga o salário em dia. Isso é uma obrigação do gestor, não é um favor”, criticou Edmundo Freire.
Ygor Machado, coordenador do SINDASSE (Serviço Social) destacou que a Mesa de Negociação, que está paralisada, nunca serviu para nada. “É uma mesa da faz de conta. A gente senta, conversa e não resolve nada. Já se passaram 6 anos e a desvalorização dos servidores continua. Vamos priorizar o reajuste salarial e unificar a luta de todas as categorias do município. Precisamos pressionar o prefeito Edvaldo Nogueira para que ele conceda uma valorização digna das perdas salariais que os servidores estão sofrendo. Faremos uma assembleia geral em fevereiro para alinhar a mobilização”, pontuou Ygor (SINDASSE).
Coordenadora geral do SINDINUTRISE (Nutricionistas e Técnicos em Nutrição), Mychelyne Guerreiro alerta que a Prefeitura tem recursos para valorizar os servidores e só não o fez por falta de vontade política. Segundo Mychelyne, as perdas salariais dos servidores da saúde municipal de Aracaju têm afetado os profissionais financeira, física e emocionalmente, somadas às precárias condições de trabalho, sobrecarga, e à ausência de diálogo do Prefeito Edvaldo Nogueira.
“O Secretário da Fazenda, Jeferson Passos, afirmou que a capital aracajuana está passando por momentos de excelência nas suas finanças, mas a desvalorização dos servidores da saúde continua desapercebida pela atual gestão, um absurdo continuar sem reconhecer e valorizar os trabalhadores mediante a dedicação com a saúde da população, em especial nos últimos anos da crise sanitária que vivenciamos...”, criticou Mychelyne (SINDINUTRISE).
O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apresentou um estudo na sede do SINDIMED demonstrando que já são 28% de perda salarial dos servidores públicos de Aracaju, pois o último reajuste foi na Prefeitura de João Alves. Conforme já foi noticiado na mídia sergipana, o técnico do DIEESE observou que a Prefeitura de Aracaju tem plenas condições de conceder, no mínimo, um reajuste de 10% aos seus servidores, e isso não fere a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois se trata apenas da reposição inflacionária.
Imagem: Cleyton Fagundes