Escrito por: Iracema Corso
Está em risco o retrato da população brasileira com informações precisas para conhecer o atual perfil socioeconômico, através do Censo 2020. A tentativa do governo Bolsonaro de reduzir o questionário a ser aplicado na operação provocou uma reação imediata de trabalhadores do IBGE de todo Brasil, cientes de que os dados fornecidos pela pesquisa são fundamentais para a definição de políticas públicas, aplicação de recursos para saúde, educação, entre outros.
Dando continuidade aos atos e protestos realizados entre os dias 2 e 19 de maio, nesta terça-feira (dia 21/5), trabalhadores e dirigentes do ASSIBGE-SN acompanharam a audiência pública ‘Orçamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e a Realização do Censo 2020’, em Brasília, na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal. De acordo com os dirigentes, está em construção uma nova manifestação a ser realizada até o dia 29 de maio, em Aracaju, com o apoio da ADUFS e CUT/SE.
Para Erika Varjão, dirigente do ASSIBGE-SN em Sergipe, intervir na operação censitária às vésperas da realização da coleta é uma forma de atrapalhar o censo 2020. “Parece uma tentativa de inviabilizar que tenhamos um panorama da população brasileira. Nada justifica isso. Como se não bastasse o corte de 25% da verba que foi anunciado”.
Elves Vitoriano, coordenador do núcleo estadual do ASSIBGE-SN, ressaltou que o IBGE é um órgão de 83 anos, referenciado e legitimado mundialmente, a ponto de receber Comissões de Profissionais que vêm de vários países para entender como o Instituto trabalha.
“As justificativas apresentadas são um pretexto fajuto para mudar um parâmetro que obedecemos há muitos anos. É importante que a classe trabalhadora abrace esta causa, pois é a partir do Censo que se define a distribuição do Fundo de Participação Municipal, Fundo de Participação Estadual, Lei de Cotas, Lei de Royalities do Petróleo, além de uma série da indicadores para o planejamento da saúde e indicadores que apontam para a execução das políticas públicas. É algo que interfere na vida de todo brasileiro. Existem políticas públicas que são ruins e existem políticas públicas que são boas, mas a fotografia do censo tem que ser precisa. Não há justificativa metodológica nem econômica que sustente a mudança na pesquisa para o Censo 2020”, destacou o sindicalista.
A situação do IBGE frente aos obstáculos criados para a execução do Censo 2020 foi apresentada na reunião para construção da Greve Geral como mais uma forma de ataque do governo Bolsonaro e tentativa de desmonte de grandes instituições do Estado brasileiro. “A partir do momento em que o trabalho de campo do IBGE e sua sistematização são precarizados, o Instituto perde sua credibilidade. A nomeação política para a presidência do IBGE de alguém que não tem nenhuma identidade profissional com a entidade é outro problema. Ao invés de atacar o IBGE, o governo devia usar melhor o diagnóstico produzido pelo instituto para se orientar com informações sobre o Brasil desde a macroeconomia até a cesta básica”, afirmou o presidente da CUT/SE, professor Dudu.