Trabalhadores e intelectuais analisam a linguagem do Golpe na sede CUT/SE
Publicado: 27 Setembro, 2018 - 14h31 | Última modificação: 27 Setembro, 2018 - 14h40
Escrito por: CUT/SE
Uma análise cuidadosa de cada elemento comunicativo usado na construção do discurso que levaria à derrubada da democracia em 2016 e estabeleceu no Brasil a situação de fragilidade política, jurídica e social em que se encontra hoje. Esta foi a contribuição do professor e doutor em Linguística, João Wanderley Geraldi, ao público que esteve no auditório da Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT/SE), na noite da terça-feira, 25/9, para assistir à palestra ‘A Linguagem do Golpe - O Brasil voltou 20 anos em 2’.
Por meio da exposição de fotografias e outros materiais midiáticos que circularam exaustivamente nas mídias sociais e veículos de comunicação no Brasil, nesses últimos três anos, o professor abordou de forma cronológica cada etapa do discurso que manipulou e sustentou Golpe.
Segundo Geraldi, num primeiro momento houve a hibridização da linguagem política e jurídica nos noticiários com o propósito de difundir os falsos fundamentos jurídicos das acusações que iriam justificar a derrubada de um governo eleito pela maioria da população. Na sequência, veio o discurso nacionalista, patriota e salvacionista da direita, que foi divulgado em campanha midiática e publicitária de alcance nacional.
Ato contínuo, a narrativa evoluiu para empregar uma antiga tática de manipulação de massas, foi criado o inimigo único. “É óbvio que para salvar a pátria é preciso que antes haja um inimigo: o Lula, o PT. Com discurso de ódio, vai sendo reforçada a idéia de que amar o Brasil é odiar o PT,” explicou o professor.
Como resultado deste trabalho de manipulação da população brasileira, o professor exibiu uma sequencia de fotos de pessoas empunhando cartazes com mensagens odiosas, de baixo nível, de cunho misógino, machista, violento e até pornográfico para hegemonizar a ideia de desgaste e consumar o Golpe. A partir daí, abre-se caminho para a revogação de direitos sociais e trabalhistas, entrega das riquezas nacionais ao capital internacional e o consequente empobrecimento da maioria da população.
Quem é o autor do Golpe? Onde começou? De que forma os donos do capital especulativo internacional foram beneficiados? Estas foram algumas das perguntas respondidas pelo doutor ao longo da palestra, que discorreu sobre a atuação da burguesia sabotadora nacional até a participação, já conhecida, do Departamento de Estado dos EUA.
Sobre a adesão do Judiciário ao Golpe, Wanderley Geraldi sustentou que “O mundo da política se deixou habitar pelo jargão jurídico incompreensível, mas estamos sem juízes no Brasil. Enquanto eles não nos devolvem o auxílio moradia, estamos sem juízes. Moralmente eles não têm condições de exercerem o papel de juízes”, defendeu.
Vice-presidente da CUT/SE, Plínio Pugliesi, agradeceu a contribuição do professor Wanderley Geraldi e a participação de dirigentes sindicais, trabalhadores e estudantes. “Agradecemos por essa retrospectiva racional, mostrando os momentos e a lógica das táticas que foram empregadas na linguagem que moldou este contexto trágico. Tudo que foi dito só aumenta a nossa responsabilidade nessas eleições, na posição de dirigentes da classe trabalhadora. Precisamos orientar e eleger candidatos progressistas comprometidos com o reestabelecimento da democracia e com a revogação das reformas golpistas, e precisamos também lutar para garantir a posse e o direito de governar dos nossos candidatos, se eleitos,” destacou o dirigente da central.