Urbanitários debatem sobre rumos da água e da energia na região Nordeste

Lideranças sindicais dos 9 estados do Nordeste se reuniram em Aracaju nos dias 18 e 19 de janeiro para tratar dos rumos da água e da energia na região, na ocasião do Planejamento da Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste (FRUNE).

Os acontecimentos recentes são preocupantes e estarrecedores. Como se não bastasse a privatização da Eletrobrás, em maio de 2022, gerando um prejuízo bilionário para a população brasileira, os eletricitários ainda estão preocupados com os atos terroristas de direita que na semana passada derrubaram a 5ª torre de energia porque não aceitam a derrota nas eleições de 2022.

Para o presidente da FRUNE (Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste), Raimundo Lucena, o cenário é complexo, mas o nordestino é bravo, é forte, é lutador e vai vencer novamente os desafios políticos que estão postos.

“Sofremos uma derrota com o governo do retrocesso, da maldade, do atraso, que foi a privatização das empresas federais de energia, entre elas, a Chesf. O ex-presidente que está foragido do Brasil vendeu as ações das empresas de energia elétrica na Bolsa de Valores. E hoje o controle do capital dessas empresas está nas mãos dos banqueiros. Esta é uma luta que nós precisamos reverter. Vamos dizer ao presidente Lula que não permitimos atividades essenciais para a vida humana como a energia, o abastecimento de água e o saneamento básico nas mãos do capital, para o povo ser explorado e pagar mais caro, como acontece onde privatiza”, afirmou Lucena.

Presidente do SINERGIA, Sérgio Alves, destacou que a população sempre é a principal prejudicada com as privatizações seja no setor da água e saneamento, no setor elétrico ou de gás. “A gente fica satisfeito de contar com a presença de todos os estados do Nordeste. São todos os sindicatos de energia, gás e saneamento que estão juntos para debater e encontrar caminhos para reverter a privatização da Eletrobrás, e das parcerias público e privada (PPPs) ligadas ao sanemaneto. É importante alertar que qualquer privatização que aconteça aumenta o preço das contas de água, energia e de gás”, afirmou Sérgio Alves.

Dirigente do SINDISAN, Sérgio Passos afirmou durante o encontro que a privatização da Deso já foi anunciada em programa de rádio pelo governador de Sergipe Fábio Mitidieri.

“O governador disse que fará em Sergipe uma PPP nos moldes do que foi feito em Maceió/Alagoas. Mas o saneamento em Alagoas está privatizado. Então o que vem aí é privatização. A Deso tem mais de 1.540 trabalhadores, com certeza haverá demissão, como ficarão esses trabalhadores? E a população dos municípios que dependem de subsídio cruzado, como vão ficar? E o sertão de Sergipe, qual realidade vamos encontrar com a privatização da Deso? A situação é preocupante. Então vamos à luta, pois só há vitória com luta”, declarou Sérgio Passos.

A vice-presidenta da CUT Sergipe, Ivônia Ferreira, declarou que todos os sindicatos de trabalhadores urbanitários têm o apoio da CUT nesta luta que vai beneficiar principalmente a população nordestina. “Precisamos estar de pé, confiantes, sabemos que para ter qualquer mudança, nós trabalhadores vamos ter que estar nas ruas para que o companheiro Lula consiga governar e enfrentar esta direita golpista”, declarou Ivônia Ferreira.

O deputado federal João Daniel (PT/SE) também esteve presente no encontro para somar esforços. “Eu me comprometo e me coloco à disposição para as tarefas políticas e demandas dos urbanitários do Nordeste. Sou a favor da estatização do setor elétrico e do saneamento no Brasil. A experiência mundial comprova que em nenhum País a privatização do setor elétrico ou do saneamento trouxe qualquer benefício para a população. Eu defendo que, se em Sergipe a empresa Deso é mal gerida, é preciso mudar o gestor e não vender a empresa prejudicando ainda mais a população”, reforçou o deputado federal João Daniel.

Ao longo dos dias 18 e 19 de janeiro, o Planejamento da FRUNE, realizado em Aracaju, contou com a Análise de Conjuntura Econômica do DIEESE e também discutiu Comunicação Sindical, Conjuntura Política, Negociação Sindical no Setor Privado e a participação dos sindicatos na governança dos Fundos de Previdência Complementar.