Escrito por: CUT Sergipe

Vidas secas e a crise de responsabilidade no abastecimento de água da grande Aracaju

Diante da recente situação de comprometimento do abastecimento de água na Grande Aracaju, em função da ruptura de um trecho da Adutora do São Francisco que abastece a região, a Central Única dos Trabalhadores de Sergipe (CUT-SE) vem a público lamentar o ocorrido, que mexeu com a vida da população da Região Metropolitana, e pontuar que:

• Essa situação não é de responsabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras da DESO, mas de uma política de décadas de sucateamento da Companhia por parte de sucessivos governos, inclusive o atual, que deixaram de fazer os investimentos necessários para que problemas como esse fossem evitados ou mitigados. Há anos o SINDISAN, sindicato filiado a CUT-SE, denuncia essa situação de precarização das estruturas da Companhia;

• Na DESO existia uma equipe de manutenção especializada que percorria diariamente as adutoras para detectar problemas e corrigi-los em tempo, e essa equipe foi simplesmente desmobilizada – e o SINDISAN sempre denunciou esse equívoco – sob justificativa de que era dispendioso mantê-la. Passamos, então, da manutenção preventiva para os serviços corretivos, somente quando o problema estoura, como agora;

• O sindicato também vem denunciando que a DESO já recebeu da Iguá Saneamento cerca de R$ 362 milhões referentes a parte (80%) da outorga da concessão do saneamento do estado de Sergipe ao qual a Companhia tem direito. Entretanto, até o presente momento, a direção da DESO, que é indicada pelo governador Fábio Mitidieri, não utilizou esses recursos para melhorias nas unidades e em infraestrutura para melhorar a produção de água tratada, o que inclui a manutenção das adutoras de captação de água, como a do São Francisco. Ao que se sabe, o montante recebido está “parado”, rendendo juros em aplicações no mercado financeiro;

• Por fim, entendemos que parte do problema do abastecimento emergencial para mitigar a situação atual, que consiste em manobras e desvios de água tratada de outras adutoras, é de responsabilidade da Iguá Sergipe, que ainda desconhecendo o funcionamento de toda a rede, tem se equivocado nessas manobras, prejudicando ainda mais certas regiões da Grande Aracaju.

Seguiremos confiantes de que o problema com o trecho rompido da Adutora do São Francisco será solucionado o mais brevemente possível e o abastecimento da Grande Aracaju será regularizado, ao passo que seguiremos cobrando do Governo de Sergipe e da direção da DESO mais investimentos para melhorias nas unidades da Companhia e ampliação do sistema de captação e tratamento de água, bem como o retorno da equipe de manutenção preventiva das adutoras.


CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES DE SERGIPE (CUT-SE)